Datos del trabajo


Título

PREVALENCIA DE COMPLICAÇOES POS-OPERATORIAS IMEDIATAS NA SALA DE RECUPERAÇAO POS-ANESTESICA EM UM HOSPITAL PUBLICO NO OESTE DE SANTA CATARINA, BRASIL

Introdução

Os danos decorrentes das intervenções cirúrgicas podem gerar complicações pós-operatórias, isto porque este período é crítico e torna o paciente suscetível à descompensações do organismo, o equilíbrio hidroeletrolítico e os sinais vitais, o que exige uma assistência especializada com o objetivo de reestabelecer o equilíbrio homeostático e consequentemente a recuperação do paciente. O pós-operatório imediato inicia-se com o fim do procedimento cirúrgico até a alta da sala de recuperação pós-anestésica, caracterizando-se como uma fase crítica, que dura aproximadamente 12 a 24 horas após o procedimento cirúrgico.1 Assim, o período pós-operatório imediato é compreendido como o período em que o indivíduo permanece na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) até recuperar os sentidos, atingir estabilidade hemodinâmica e equilíbrio dos sinais vitais. Esta é a fase perioperatória a qual o paciente se torna suscetível ao desenvolvimento de complicações decorrentes do processo anestésico-cirúrgico. Existem alguns fatores que influenciam na ocorrência de complicações pós-operatórias, tais como as condições clínicas do paciente, a categoria e extensão da cirurgia, intercorrências perioperatórias, além da eficácia das intervenções terapêuticas realizadas.2 Além disso, a idade do paciente, sexo e doenças de base pré-existentes também podem influenciar no surgimento destas alterações orgânicas pós-operatórias.3 Com o intuito de proporcionar a recuperação dos pacientes, institui-se a sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) como o local onde os cuidados pós-operatórios são prestados. Tal estrutura, conta com uma equipe especializada composta por equipe de enfermagem e médicos treinados para ofertar suporte e monitoramento de alta complexidade ao indivíduo, atentando-se a qualquer complicação.2 Mediante o exposto, questiona-se: Quais as complicações pós-operatórias imediatas na SRPA de um hospital público do oeste catarinense? A assistência de enfermagem tem papel fundamental na recuperação do estado de saúde do paciente durante o período pós-operatório, além de ser capaz de reconhecer, prevenir e tratar possíveis complicações.

Objetivos

Identificar a prevalência de complicações pós-operatórias imediatas na Sala de Recuperação Pós-anestésica em um hospital público no oeste de Santa Catarina.

Método

Trata-se de um estudo prospectivo transversal de abordagem quantitativa desenvolvido no período de junho de 2017 a maio de 2018, em um hospital público do oeste catarinense, referência para aproximadamente 1.000.000 de habitantes. Para a coleta de dados utilizou-se um formulário próprio contendo: mês, sexo, idade, procedimento cirúrgico, especialidade médica e complicação presente no pós-operatório imediato. A amostra foi constituída pelos prontuários dos pacientes cirúrgicos durante a permanência na SRPA para a coleta do referido indicador - Complicações pós-operatórias imediatas. A coleta de dados deu-se após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UDESC sob número 2.134.916 em junho/2017 e o programa Statistical Package of Social Sciences (SPSS) foi utilizado para as análises estatísticas. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão e as categóricas por frequências absolutas e relativas. Para avaliar a associação entre as variáveis, o teste qui-quadrado de Pearson foi aplicado. Em caso de significância estatística, o teste dos resíduos ajustados foi utilizado. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05).

Resultados

A amostra constituiu-se de 297 indivíduos admitidos na Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) com registro de uma ou mais complicações no período pós-operatório imediato. A complicação prevalente na SRPA foi dor pós-operatória (56,9%), seguida de náuseas (11,1%), hipotensão arterial (10,8%), hipertensão arterial (9,4%), hipotermia (5,7%) e taquicardia (5,4%). Houve predomínio do sexo feminino (63,6%), com média de idade de 47,9 anos. Dentre as especialidades cirúrgicas, destacam-se as especialidades ortopedia (29,6%), cirurgia geral (19,9%), ginecologia (13,8%), oncologia (8,8%) e urologia (6,1%). Quanto aos procedimentos de intervenção cirúrgica, foram identificados: cesariana (7,7%), colecistectomia (4,4%), apendicectomia (3,4%), ressecção de tumor cerebral (3%), correção de lesão de manguito rotador de ombro (3%), prótese total de joelho (2,7%), histerectomia (2,7%), correção de fratura de punho (2,4%) e prótese total de quadril (2%). Obteve-se um total de trinta tipos diferentes de complicações. Em relação ao gênero, houve associação significativa apenas com a presença de Bradicardia, sendo mais frequente nos homens do que nas mulheres (8,3% versus 2,6%, p=0,043). No que se refere à faixa etária, houve associação significativamente com hipertensão (p=0,025) e prurido (p=0,019). A prevalência de hipertensão foi significativamente mais elevada nos pacientes de 50 anos ou mais, ao passo que a prevalência de prurido foi mais frequente nos indivíduos abaixo de 30 anos. Identificou-se associação significativa entre a especialidade urologia com hipotensão, da gastroenterologia com vertigem e icterícia, da obstetrícia com hematúria, da nefrologia com hipertensão e hematúria, da neurologia com taquicardia e vertigem, da cirurgia plástica com vertigem, da pneumologia e otorrinolaringologia com sede e da bucomaxilofacial com hipertensão. Dentre as limitações deste estudo, destaca-se a dificuldade da equipe de enfermagem na identificação das complicações pós-operatórias, fato que dificultou o registro dos dados das complicações. Nesse sentido, pesquisadores afirmam que alguns eventos adversos podem ser assimilados como rotina.4 Além disso, a sobrecarga de trabalho da equipe foi outro fator que limitou o registro das informações dos prontuários, uma vez que a coleta de dados foi realizada em conjunto entre os acadêmicos extencionistas vinculados ao programa de extensão “Cultura de segurança do paciente com foco no perioperatório” e a equipe de enfermagem da SRPA.

Considerações Finais

Percebe-se que o manejo das complicações pós-operatórias é um grande desafio a ser enfrentado, isto porque necessita de ações perioperatórias eficazes a fim de prevenir, identificar e tratar estas complicações. Desta forma, a identificação das complicações permite ao enfermeiro conduzir as ações de educação permanente em relação às principais complicações, garantindo qualidade na assistência de enfermagem e fomentando a cultura de segurança do paciente.

Palavras Chave

Segurança do paciente; Complicações pós-operatórias; Enfermagem Perioperatória; Cuidados de Enfermagem.

Area

Gestão de Serviços de Saúde

Autores

Rosana Amora Ascari, Lucas Soares Santos, Tania Maria Ascari, Daiana Santos Pizzolato