Datos del trabajo


Título

A REPONSABILIDADE DA MULHER NA REPRODUÇAO E O HOMEM COADJUVANTE: UMA DISCUSSAO DE GENERO

Introdução

O Planejamento Reprodutivo é uma estratégia importante para a garantia do exercício dos direitos reprodutivos de forma saudável e responsável. Definido como um conjunto de ações que permitem a regulação da fecundidade visando proporcionar direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Homens e mulheres refletem a construção social de seus gêneros. Dependendo da sociedade e cultura em que estão inseridos, características são atribuídas à figura de mulheres e de homens, influenciando a forma como cada um desses percebe os indivíduos e se porta em seus ambientes de convívio. Dentro deste contexto da formação social dos gêneros, historicamente a figura da mulher esteve intimamente ligada aos temas relacionados à reprodução. Esta construção histórica teve como base as desigualdades de gênero e o fato das mulheres gerarem os filhos, sendo por muito tempo as principais responsáveis pelo trabalho doméstico e o cuidado com a prole.

Objetivos

Refletir a cerca dos esteriótipos e a responsabilidade de homens e mulheres frente à reprodução.

Método

Trata-se do recorte de uma dissertação de mestrado sobre planejamento reprodutivo. A pesquisa foi exploratória, de natureza aplicada e abordagem qualitativa. Realizada em uma Estratégia Saúde da Família do Município de Irituia-Pará, contou com a participação de 34 pessoas: 10 Agentes Comunitários de Saúde, 12 mulheres e 12 homens usuários dos serviços de saúde. Para a coleta de dados utilizou-se de entrevistas individuais e da Técnica de Grupo Focal. A análise de dados foi desenvolvida a partir da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin, sendo utilizado o Software IRAMUTEQ, versão 07 alpha 2, para codificação das falas.

Resultados

Nas falas dos participantes, homens e mulheres, foi possível observar por diversas vezes características que refletem as construções e desigualdades de gêneros. Essas características revelam peculiaridades que são inerentes da nossa sociedade.
A influência social na formação das características de gênero perpetuam desigualdades e estereótipos. A forma como as figuras masculina e feminina são construídas pela sociedade moderna capitalista, reforçam duas ideias a serem discutidas e combatidas: a existência de ações e temas específicos para cada gênero e a superioridade masculina sob a figura feminina. Estas ideias materializam-se em situações que expressam o machismo e a desigualdade de gênero, a exemplo, respectivamente, da violência contra a mulher e a distinção salarial entre homens e mulheres.
Para ratificar esta afirmação, recorre-se à pesquisa de Waiselfisz (2015), autor do Mapa da Violência 2015, onde aponta que 52% das mulheres vítimas de violência, atendidas nos serviços de saúde em 2013 no Brasil, tiveram como autor da agressão o parceiro ou cônjuge. E, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (2016) realizada pelo IBGE, as mulheres recebem apenas 78,2% do que os homens ganham para efetuar os mesmo serviços.
Dentro deste contexto da formação social dos gêneros, historicamente a figura da mulher esteve intimamente ligada aos temas relacionados à reprodução. Esta construção histórica teve como base as desigualdades de gênero e o fato das mulheres gerarem os filhos, sendo por muito tempo as principais responsáveis pelo trabalho doméstico e o cuidado com a prole (BOTTON; CÚNICO; STREY, 2017).
Diante disso, as políticas e ações voltadas à reprodução, fecundidade e natalidade sempre tiveram como público alvo as mulheres. Em decorrência da luta feminista pela emancipação, igualdade de direitos e autonomia, muitas vitórias foram conquistadas, inclusive o direito ao planejamento reprodutivo e a livre escolha do método. Estas vitórias refletiram em maiores discussões sobre as atribuições dos gêneros e a necessidade de co-responsabilização de homens e mulheres frente à reprodução e cuidado dos filhos. Diante disso, cada vez mais tem se discutido a participação do homem nas ações e assuntos que envolvem a saúde sexual e reprodutiva (BRASIL, 2013).
Mesmo diante do esforço das organizações de saúde, dando atenção especial à OMS e ao MS, em incentivar o envolvimento e participação dos homens nos assuntos referentes à reprodução, ainda hoje a população e os serviços de saúde refletem o preconceito, machismo e desigualdades de gênero que estão enraizados há séculos em nossa sociedade. Isso se materializa através do fato das mulheres frequentarem mais as unidades de saúde do que os homens, e do planejamento reprodutivo ainda hoje ser encarado, por usuários e profissionais, como um programa para mulheres.
Segundo pesquisa realizada pela Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF, 2016), o Brasil apresenta os piores indicadores entre os países Latino-Americanos no que se refere à educação integral em saúde de direitos sexuais e reprodutivos, sendo este dado justificado pelo fato da educação integral em sexualidade nas escolas ser sugerida, mas não obrigatória, limitando o acesso qualitativo à informações e discussões sobre o assunto.
Isto se materializa em poucas discussões institucionalizadas sobre a temática, limitando a obtenção de conhecimentos e orientações qualificadas, gerando distorções e preconceitos como já foi mencionado anteriormente.

Considerações Finais

Para que homens e mulheres possam se desenvolver de forma plena e ambos gozando de todos os Direitos Humanos com autonomia e liberdade é preciso fomentar a construção de relações baseadas no respeito mútuo entre parceiros e indivíduos, dividindo responsabilidades. Precisa-se desenvolver estratégias que propiciem a responsabilidade dos homens em relação a saúde sexual e reprodutiva, principalmente no que se refere à concepção, contracepção e paternidade responsável. Homens e mulheres devem ser responsáveis pelo uso se preservativos e a prevenção de gravidez não planejada.
Neste sentido, é de extrema importância a ampliação da inclusão do homem nas ações e práticas de Planejamento Reprodutivo, deixando claro que a oferta do serviço, meios e métodos não está destinada somente às mulheres. Propiciar espaços, desde as atividades de educação em saúde passando por consultas e acompanhamento do uso de métodos em PR para homens é essencial para a difusão da equidade entre gêneros. E no caso de assistência ao casal, envolver ambos nas ações estabelecendo igualmente o papel de corresponsáveis.

Palavras Chave

Planejamento Reprodutivo; Igualdade de Gênero; Saúde sexual e reprodutiva

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Instituciones

Universidade do Estado do Para - Pará - Brasil

Autores

Samantha Pereira Caldas, Ivonete Vieira Pereira Peixoto, Mônica Custódia do Couto Abreu Pamplona, Osvaldo da Silva Peixoto