Datos del trabajo


Título

Formação acadêmica dos profissionais de saúde em relação à assistência ao parto e o ensino aprendizagem

Introdução

O que significa formação? É introduzir alguém ao passado de sua cultura (sentido antropológico), é despertar alguém para as questões que esse passado produz para o presente, é estimular a passagem do instituído ao instituinte. A universidade é um dos níveis de ensino que se responsabiliza pelo processo de humanização, possibilitando a inserção dos seres humanos na sociedade e a reflexão sobre seu papel no mundo. Na última década no Brasil, foram construídos movimentos para estimular a reflexão sobre o papel das universidades na sociedade e a valorização do ensino de graduação, por meio da compreensão e operacionalização das Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação da Área da Saúde (DCN). A dimensão desumanizante no campo da saúde vem ocorrendo na medida em que, baseado no modelo biomédico, os usuários do sistema são reduzidos a objetos da própria técnica. A implementação de práticas humanizadas no âmbito assistencial é um desafio devido a necessidade de sensibilização e preparação dos trabalhadores que têm uma formação acadêmica fundamentalmente tecnicista. A questão da humanização também está atrelada às representações criadas sobre o parto ser de domínio médico, que necessita de intervenções, senso comum ao longo dos anos que vem sendo rompido hoje pelas políticas públicas.

Objetivos

Identificar a relação entre a formação profissional e as práticas de humanização do parto e nascimento.

Método

O presente resumo é parte dos resultados da pesquisa intitulada “Representações Sociais da humanização do parto e nascimento para profissionais de saúde”. Pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, fundamentada na Teoria das Representações Sociais, proposta por Serge Moscovici. Fizeram parte do estudo 13 profissionais de saúde (sete médicos e seis enfermeiras) da unidade materno infantil de um hospital de ensino do sul do Brasil. Os dados foram coletados no período de setembro a dezembro de 2017 por meio de entrevista semiestruturada gravada. Para análise de dados utilizou-se Análise Textual Discursiva e o referencial teórico da Teoria das Representações Sociais.

Resultados

A humanização vem sendo discutida há mais de três décadas e, se tratando da área perinatal, desde os anos 70 para a violência instituída. Embora a Programa de Humanização do Parto e Nascimento exista há 17 anos é notório que, por meio do discurso dos profissionais, a política do Ministério da Saúde (MS) não foi vivenciada ao longo da formação profissional. Observou-se nos discursos que os profissionais consideraram ter uma formação mais humanizada relacionada aos procedimentos que realizavam e não em relação às mulheres que atendiam. Os entrevistados acreditam muito que a experiência profissional e o exemplo que passam para seus alunos nos campos práticos são importantes no processo de formação profissional e consolidação das práticas sobre humanização do parto. Os discursos dos participantes deste estudo trazem a importância do profissional ter experiência para transmitir aos alunos segurança e confiança na hora da assistência ao parto. Abordam também o quanto é fundamental que o profissional acredite no que está fazendo, não só pelo comprimento de protocolos, mas por acreditar neste processo. É preciso saber “quando não intervir”, mais do que “treinar a mão” nas técnicas de intervenção. Para o sucesso de uma assistência humanizada, o ensino deve abordar valores como o respeito ao paciente e ao trabalho em equipe multiprofissional. Os profissionais desta pesquisa trazem que passam esse ensinamento humanizado aos alunos e proporcionam que vivenciem cada oportunidade. Em contrapartida, um profissional referiu não contribuir como gostaria na formação dos alunos devido à falta de profissionais nos plantões. Observou-se o descontentamento do profissional no exercício da preceptoria, pois aponta o desinteresse dos alunos pela área da obstetrícia e a falta de profissionais, que acaba dificultando o melhor aproveitamento do campo prático. Porém a sobrecarga de serviço conduz a uma preceptoria deficiente, uma vez que, para conseguirem gerir eficazmente o seu tempo, os profissionais optam por executar alguns procedimentos ao invés de ensinar e orientar. Outra constatação importante relaciona-se a questão de a humanização não estar atrelada a realização de procedimentos. Os entrevistados manifestam dificuldade de humanizar o parto devido ao fato de atenderem gestantes do alto risco. O processo de humanização do parto e nascimento promove o envolvimento efetivo da parturiente como sujeito ativo capaz de escolhas e contribui para que tenha consciência dos seus direitos e de sua autonomia, cabendo ao profissional respeitar, entender as necessidades e limites do ser humano e respeitar seus direitos.

Considerações Finais

Os resultados deste estudo apontam que a humanização do parto surge como uma prática nova e que ainda está sendo aprimorada no cotidiano de trabalho dos profissionais de saúde. As representações sociais desse novo modelo de atenção estão ancoradas no desconhecimento dos profissionais sobre o que realmente é humanizar o parto. Nos relatos observou-se que existe resistência por parte de alguns profissionais em aderir práticas de humanização da assistência, fato que está ligado ao tipo de formação acadêmica, pois a grande maioria não teve contato com a temática na graduação e alguns foram apreender sobre humanização nas especializações. Segundo Moscovici, as representações sociais se definem pelo fato de serem apresentadas como uma modalidade de conhecimento particular que tem por função a elaboração de comportamentos e a comunicação entre indivíduos, sustentadas pelo conhecimento oriundo da experiência cotidiana e reapropriações de significados historicamente consolidados. Existem movimentos rumo à qualificação da atenção obstétrica, porém, precisa-se de mudanças para que, na prática, as diretrizes de uma assistência humanizada ao parto e nascimento sejam de fato implantadas nos serviços de saúde. Acredita-se que as atividades de educação permanente para os profissionais da maternidade são práticas que contribuirão para fortalecimento de ações em prol da humanização do parto e do nascimento. Outra questão importante é a inserção de disciplinas obrigatórias nos currículos acadêmicos, para que o futuro profissional adquira conhecimento desde a graduação sobre a humanização do parto, podendo articular teoria e prática.

Palavras Chave

parto; humanização do parto; profissional de saúde; assistência integral à saúde; pesquisa qualitativa

Area

Saúde da Mulher

Autores

Bruna Madruga Pires, Marilu Correa Soares, Luiza Rocha Braga, Ivanete da Silva Santiago Strefling, Evelin Braatz Blank, Juliane Portella Ribeiro, Ana Paula Lima Escobal, Susana Cecagno