Datos del trabajo


Título

SISTEMATIZAÇAO DE EXPERIENCIAS NA PESQUISA PARTICIPATIVA

Introdução

A abordagem qualitativa abrange uma miríade de possibilidades investigativas, compreendendo realidade, subjetividade, fenômenos e experiências, dentre outras perspectivas. Nesse campo, a pesquisa participativa se apresenta como um recurso investigativo comprometido com a apreensão da realidade, dinâmica e heterogênea, com a construção colaborativa e compartilhada do saber, na autenticidade da sua expressão. A investigação temática (FREIRE, 1987) é uma metodologia de pesquisa participativa, que envolve um processo de imersão do pesquisador e dos participantes da pesquisa no contexto da dialogicidade, da problematização, com foco na ação transformadora, libertadora. Sistematizar esse processo é fundamental para agregar valor, relevância, evocar a potência da pesquisa-ação participativa. Nesse sentido, a Sistematização de Experiências, proposta por Oscar Jara Holliday, surge como recurso estimável para o pesquisador qualitativo.

Objetivos

Apresentar uma proposta de pesquisa-ação participativa orientada pelos métodos da Investigação Temática e da Sistematização de Experiências.

Desenvolvimento

A proposta de pesquisa compõe uma investigação qualitativa a nível de Mestrado, realizado na Universidade Comunitária da Região de Chapecó, Unochapecó. O objetivo da referida investigação é analisar a temática da humanização em saúde na formação profissional em psicologia, compreendendo a realização de círculos de investigação temática com os docentes do curso de psicologia da Unochapecó. A escolha da Investigação Temática como metodologia participativa a ser desenvolvida no estudo, levou em consideração a perspectiva dialógica dessa metodologia, em que se pressupõe uma pesquisa fundamentada em uma experiência colaborativa vivida pelo pesquisador e também pelos participantes, mediada pela intencionalidade presente na escolha da temática a ser investigada, mas que também emerge da realidade objetiva e subjetiva dos participantes. A escolha pela metodologia de Sistematização de Experiências como suporte teórico, ético e estético e político, se fez no intuito de subsidiar a análise do processo de investigação temática, para potencializar a apreensão da experiência investigativa e produzir ações transformadoras e emancipatórias nesse processo. Considerando a temática investigada, a articulação de Investigação Temática e Sistematização de Experiências vem ao encontro da transversalidade e do fomento do protagonismo das pessoas previsto nos princípios que fundamentam, no Brasil, a Política Nacional de Humanização no Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, a construção de um percurso metodológico participativo, com vistas a investigar a temática da humanização em saúde, se torna coerente com as propostas da própria temática no contexto pesquisado. Investigação, reflexão e ação, são aspectos presentes e transversais a esse processo. A Sistematização de Experiências tem recursos muito interessantes para a pesquisa-ação participativa, na medida em que o processo de sistematização permite pensar no que se faz, e o seu produto auxilia a fazer as coisas pensadas (HOLLIDAY, 2006). Cabe destacar que, para sistematização das informações em cada etapa da Investigação Temática, a Sistematização de Experiências, propõe cinco tempos: 1) ponto de partida: Nesta etapa, que precede a etapa de coleta de dados, a análise se detém na identificação dos atores envolvidos na experiência, a partir da experiência (teórica, prática, documental) sobre a temática e o campo de pesquisa; 2) perguntas iniciais: Essa etapa ocorre em conjunto com a primeira etapa da Investigação Temática, quando a partir dos temas geradores se define o enfoque da experiência dialógica a ser percorrida no círculo de investigação temática e, assim, delimita-se o objeto a sistematizar e define-se o eixo de sistematização; 3) recuperação do processo vivido: Para Holliday (2006) esta é a fase em que a sistematização passa a ocorrer de fato, quando se realiza a identificação das principais etapas e mudanças vividas pela experiência. Nas etapas do círculo de investigação temática que correspondem à codificação, decodificação e desvelamento crítico da realidade, faz-se importante a recuperação do processo vivido, na medida em que permite uma reapropriação das experiências e produções do grupo, agora com novo significado; 4) A Reflexão de Fundo: Por que aconteceu o que aconteceu? Prevê a reflexão, junto aos atores envolvidos, de por que foram adotadas algumas temáticas, as produções decorrentes, e como essas temáticas fundamentaram tomadas de decisão; 5) pontos de chegada: Esse momento da Sistematização tem o intuito de formular conclusões e disseminar a aprendizagem, compondo a finalização da investigação temática.

Considerações Finais

Consideramos que a Investigação Temática, situada no arcabouço teórico e metodológico das pesquisas participativas, e a Sistematização de Experiências, calcada na prática social crítica e emancipatória, ao serem articuladas em um mesmo processo de investigação-reflexão-ação, promovem o encontro dialógico entre os sujeitos, no contexto de suas experiências objetivas e subjetivas na realidade, no mundo. Possibilitam a interpretação crítica das experiências vividas e, principalmente, reorientam as formas de produzir conhecimento científico sobre a realidade e de intervir nesse contexto. A partir desse pressuposto, entende-se que a escolha por uma Investigação Temática aliada à Sistematização de Experiências contém uma intencionalidade, imbricada no desejo de que a pesquisa tenha um caráter contributivo à transformação do contexto pesquisado, fomentando reorientação da formação profissional em psicologia na direção da humanização em saúde. E essa contribuição não se restringe ao papel do pesquisador, sistematizador da experiência. Pelo contrário, ao assumir uma abordagem participativa, considera-se que todos os envolvidos na experiência são responsáveis pelos resultados da pesquisa, protagonistas na análise crítica da sua realidade e na ação transformadora produzida coletivamente.


Referências

Freire, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Holliday, O. J. Para sistematizar experiências. 2. ed., Brasília: MMA, 2006.

Palavras Chave

Humanização em saúde; Formação profissional; Investigação Temática; Sistematização de Experiências.

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Instituciones

Universidade Comunitária da Região de Chapecó - UNOCHAPECÓ - Santa Catarina - Brasil

Autores

Alisson Maurício Monteiro, Maria Elizabeth Kleba