Datos del trabajo


Título

QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES PORTADORES DE ULCERAS VASCULOGENICAS: UM ESTUDO DE REPRESENTAÇOES SOCIAIS

Introdução

As úlceras vasculogênicas são tidas como um problema grave e de abrangência mundial, sendo responsáveis por altos índices de morbimortalidade e causando significante impacto social e econômico, devido a sua natureza recorrente e ao longo tempo decorrido entre a abertura da ferida e sua cicatrização. Caracterizam-se, pois, por um processo crônico, doloroso, recorrente e com grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. Neste entendimento, conviver com a úlcera vasculogênica traz modificações significativas nas esferas laborativa, familiar, social e emocional, as quais permeiam as fases de descoberta do diagnóstico da doença, o surgimento das feridas, os curativos constantes e a imagem que os pacientes portadores desta condição constroem acerca de si mesmos, repercutindo-se na espessura social conferida a qualidade de vida por meio das conversações de cunho informal no interior deste grupo de pertença.

Objetivos

Identificar as representações sociais dos pacientes portadores de úlcera vasculogênica acerca da sua qualidade de vida.

Método

Pesquisa de campo, de caráter descritivo e abordagem qualitativa, baseando-se no aporte da teoria das Representações Sociais, na vertente processual. Os participantes foram 30 pacientes portadores de úlceras vasculogênicas há mais de três meses. A coleta de dados ocorreu em dois momentos: a primeira etapa através da Técnica Projetiva de fotolinguagem, que utilizou seis imagens relacionadas a aspectos envolvidos na qualidade de vida: alimentação, religião, prática de exercícios, relacionamento afetivo, família e autocuidado e uma pergunta estímulo, cujos dados foram analisados pela técnica de análise de conteúdo; e a segunda etapa por meio de entrevistas utilizando um roteiro de perguntas semi-estruturadas, que posteriormente foram processadas pelo software Alceste.

Resultados

O corpus Alceste foi dividido em dois grandes blocos, o primeiro traz a discussão acerca da qualidade de vida, refletindo o impacto da doença na realização das atividades cotidianas destes pacientes, as limitações físicas enfrentadas, bem como os efeitos da doença na sua vida social. Os léxicos deste bloco demonstram que no dia-a-dia os pacientes não podem ficar muito tempo na posição de pé, pois esta provoca desconforto e alterações sistêmicas como “inchaços” e dores. Diante disso, precisam ficar em repouso durante grande parte do seu tempo, sejam sentados ou deitados. A dor é, portanto, uma repercussão física comum neste cotidiano, trazendo impactos negativos e interferindo no conforto do paciente, principalmente quando se manifesta quando se está dormindo. Além disso, a condição de portador das úlceras vasculogênicas traz desafios para os pacientes e seus familiares para a manutenção dos vínculos, pois afeta esta dimensão da convivência com a família, causando, em algumas situações, o afastamento do paciente. A segunda parte do Alceste reuniu o bloco que retrata a inserção do paciente no serviço de saúde. Os léxicos deste bloco mostram que os pacientes avaliam que não possuem o tratamento certo que os possibilitem alcançar a cura. Em face disso, se remetem à necessidade de achar uma pessoa que os ajudem a resolver o seu “problema” e de ter um poder aquisitivo maior para financiar um tratamento especializado através da consulta a um angiologista. Assim, no tratamento de saúde oferecido pelo governo por meio do atendimento na clínica da família, há dificuldades em conseguir um médico com conhecimentos específicos voltado para a cicatrização das suas feridas, além da falta de outros recursos. Neste sentido, ao tempo em que se referem ao acompanhamento na atenção primária por meio do emprego das técnicas e tecnologias pela equipe, apontam as dificuldades no alcance de um atendimento especializado com conhecimentos aprofundados e infraestrutura que lhe proporcione obter a melhora na sua condição. Os dados da técnica projetiva mostram os comportamentos e práticas necessárias ao enfrentamento da doença, como uma “boa alimentação”, a prática de exercícios, o “bom convívio” com sua família, a “necessidade de ter um parceiro” para superar as dificuldades, da importância de “se cuidar” para melhorar sua autoestima e de manter um “vínculo religioso”. Evidencia-se nesta análise uma dualidade de sentimentos: ao tempo em que se referem aos efeitos positivos da boa alimentação na cicatrização da ferida, e da prática de atividade física na saúde, se reportam às restrições alimentares e a perda da mobilidade vivenciada em relação à sua condição no passado, o que desperta afetos negativos e traz o desejo de futuro de mudança da sua situação para a realização da atividade física. Esta dualidade também se expressa em relação ao apoio social e familiar, no qual se evidenciam ganhos e perdas relacionadas ao enfrentamento da doença.

Considerações Finais

A análise preliminar dos dados indica que mesmo com as limitações físicas enfrentadas e com os impactos sociais advindos da condição de adoecimento, os pacientes com úlcera vasculogênica não se paralisam frente a esta condição, buscando estratégias para superar tais dificuldades para viver melhor, as quais estão ligadas ao seguimento das orientações dos profissionais. Neste entendimento, as representações sociais demonstram a influência do universo científico na construção do fenômeno da qualidade de vida pelos pacientes, cujas informações veiculadas são reinterpretadas e se materializam no seu cotidiano do portador, onde se visualizam estratégias para lidar com as dificuldades enfrentadas.

Palavras Chave

Qualidade de vida; Representações Sociais; Enfermagem; Úlcera de perna

Area

Qualidade de vida

Instituciones

Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Rafael Celestino da Silva, Nathália Nunes Gomes, Lara Mariana Monteiro de Santa Rosa