Datos del trabajo


Título

NARRATIVAS DA VIVENCIA DE ASSEDIO MORAL NO TRABALHADO DOCENTE

Introdução

O trabalho passou a ocupar papel central na sociedade capitalista vigente e a pressão produtivista para o trabalhador conseguir se manter no “mercado” tem resultado na precarização e deterioração do ambiente e das relações de trabalho, facilitando emergir a humilhação, as intimidações e os assédios, risco sutil e invisível, porém cada vez mais concretizado no mundo do trabalho e na sociedade. Ainda que o assédio moral no trabalho não seja um fenômeno novo, este é um tema bastante recente no meio científico, onde verificou-se que no Brasil as primeiras produções acadêmicas iniciaram há apenas cerca de dez anos. De acordo com estudo da OIT (2016) estima-se que 42% dos trabalhadores brasileiros já sofreram de assédio moral no seu ambiente de trabalho e calcula-se que 1 entre cada 4 trabalhadores corre o risco de sofrer violência moral em algum momento de sua trajetória profissional, por no mínimo menos seis meses. Muitos trabalhadores são vítimas do assédio moral, porém, a maioria sequer sabe do que se trata e isto levará com que sofram calados sem compreender o que lhes acontece. Muitas vezes, as situações de assédio iniciam-se de formas sutis causando sentimentos que se tornam confusos para o trabalhador, gerando dúvidas sobre o que lhe está ocorrendo e tal situação persistente pode provocar estresse, ansiedade, transtorno do pânico. Paradoxalmente, sentimentos de culpa pela inadequação e vergonha pela humilhação, sempre estão presentes e associados entre si. O assédio moral revela uma das formas mais poderosas de violência psicológica nas relações organizacionais. Apesar da diversidade de definições na literatura, a maioria dos autores abarcam a concepção de que ocorre por meio de humilhações e atitudes constrangedoras contra um indivíduo no seu ambiente de trabalho, de forma frequente e intencional, gerando danos para o assediado. Na sua caracterização devem ser levados em consideração vários aspectos, tais como: as atitudes que são realizadas contra a vítima, onde o assédio acontece, a frequência com que ele acontece, a intencionalidade e as consequências geradas acerca desse acontecimento. As repercussões do assédio moral não só interferem diretamente na saúde e na vida do trabalhador assediado, como também trazem inúmeros prejuízos econômicos e sociais para a organização de trabalho, a sociedade e a União. Para decifrarmos um pouco mais sobre esse fenômeno, delineamos uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, cujos objetivos foram compreender como o assédio moral tem ocorrido no trabalho de docência de ensino superior e quais as implicações de sua vivência sobre a saúde e a vida do assediado. Conduzidos pela narrativa da história de vida profissional de Berlim, uma mulher trabalhadora de 55 anos que durante 22 anos construiu vínculos profissionais e afetivos junto a uma instituição de ensino superior privada, buscamos desvelar o processo que foi edificando os muros, os quais refletem como se estabelecem as interações, propiciando o aparecimento do assédio moral no trabalho.

Objetivos

Para decifrarmos um pouco mais sobre esse fenômeno, delineamos uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso, cujos objetivos foram compreender como o assédio moral tem ocorrido no trabalho de docência de ensino superior e quais as implicações de sua vivência sobre a saúde e a vida do assediado.

Método

Como metodologia de análise foram construídas três unidades narrativas, construídas a partir da realização de 3 entrevistas abertas em profundidade. Após a transcrição das entrevistas, uma análise inicial determinou as temáticas que foram, posteriormente, corroboradas pela participante após sua transcrição. A primeira unidade narrativa apresenta uma breve história dos principais acontecimentos de sua vida até o ingresso na docência na instituição em que foi assediada. A segunda discute algumas situações expressas em comportamentos, atitudes e nas relações instituídas que revelam conflitos de valores e interesses da cultura organizacional. Por último, são narradas as duas situações típicas do assédio ao qual foi submetida, analisadas tanto em relação à caracterização e aos mecanismos e ações utilizados, como também aos sentimentos e às emoções, assim como as repercussões que trouxeram à sua saúde mental, vida pessoal, familiar, social e profissional.

Resultados

Verificou-se que a docente foi vítima de assédios mistos: vertical, horizontal, interpessoal, organizacional e processual. Verificou-se que a última situação assédio de sofrido antes de ser desligada da IES, provocou deliberadamente seu isolamento, conflitos com pares e superiores, a retirada de seu trabalho e um atentado contra sua moral e dignidade. Situações as quais, continuaram repercutindo mesmo após sua saída. Neste estudo encontrou-se que os sentimentos predominantes foram de dúvida, incerteza, autodesvalorização, culpa e vergonha. A angústia, as crises de ansiedade levaram-na à um quadro de depressão, para o qual faz acompanhamento psicoterapêutico e medicamentoso . Teve sua identidade pessoal-social-profissional abalada e por fim, como não vislumbrava a possibilidade de reinserção profissional na cidade, obrigou-se a mudar da cidade onde residia por mais de 23 anos.

Considerações Finais

Concluímos que o assédio moral é um grave fenômeno e trás inúmeros impactos e condicionam na vida e na saúde do trabalhador que o vivencia e por isso, precisa ser combatido. Portanto, compreender o que acontece entre os muros das organizações de trabalho é fundamental para a promoção de relações éticas, a garantia direitos dos trabalhadores e em prol da sociedade.

Palavras Chave

1. Saúde do trabalhador. 2. Saúde mental. 3.Assédio moral no trabalho. 4. Ética. 5. Cultura organizacional. 6.Trabalho docente

Area

Ética, Bioética e Filosofia em Saúde

Instituciones

UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

MARIA ESTHER MARIA ESTHER ESTHER, MARTA INEZ MACHADO VERDI