Datos del trabajo


Título

OFICINA TERAPEUTICA EM UM CENTRO DE ATENÇAO PSICOSSOCIAL ALCOOL E DROGAS: VIVENCIA DE ACADEMICAS DE ENFERMAGEM

Introdução

O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é uma modalidade de serviço de saúde que acolhe pessoas com transtornos mentais graves e persistentes, podendo também atender aqueles com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, de acordo com a organização da rede de saúde local, conforme a lei 3088/2011 que institui a rede de atenção psicossocial1. No CAPS o projeto de trabalho baseia-se em atividades como grupos terapêuticos, de ajuda mútua, de interação interpessoal, de expressão, sendo coordenados pelos profissionais da equipe. O grupo terapêutico tem por finalidades estimular o diálogo entre os participantes, o compartilhamento de vivências e melhorar o cotidiano individual e coletivo. Este método foi expandindo no Brasil com o processo de Reforma Psiquiátrica, com o intuito de abordar o aspecto psicossocial do sofrimento do indivíduo, levando em consideração a sua subjetividade, autonomia e inclusão social2. As atividades que são realizadas no grupo em questão devem ser realizadas de forma dinâmica e significativa para o sujeito do cuidado, para que tal tire informações construtivas das mesmas3.

Objetivos

Realizar uma reflexão teórico-metodológica acerca da importância dos grupos terapêuticos no tratamento do indivíduo em sofrimento psíquico e também, da mudança de concepção do tratamento após a Reforma Psiquiátrica e Luta Antimanicomial, a partir da descrição da experiência vivenciada por quatro acadêmicas da sétima fase do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que realizaram vivências práticas através da matéria “O Cuidado no Processo de Viver Humano V - Atenção Básica e Saúde Mental”. No decorrer das atividades teórico-práticas, foi possibilitado o planejamento e condução de um grupo terapêutico com pessoas em sofrimento psíquico que realizam tratamento em um CAPS de Álcool e Drogas (CAPS AD).

Desenvolvimento

O grupo terapêutico denominado “Preparando-se para a Mudança” ocorre semanalmente, às quartas-feiras, em um CAPS AD da Grande Florianópolis - Santa Catarina. Este grupo é mediado pela enfermeira e tem por objetivo recepcionar novos usuários, explicar o funcionamento da unidade, dos grupos e discutir acerca dos principais questionamentos e experiências do início do tratamento. No período de realização de atividades práticas das acadêmicas no serviço, estava ocorrendo a comemoração da Semana da Luta Antimanicomial, portanto foi proposto que conduzissem uma das reuniões deste grupo, falando a respeito da temática. A partir de então, as estudantes realizaram pesquisas, a fim de encontrar uma dinâmica que pudesse ser ideal para este tema. Foram encontrados cinco artigos de 2012 e 2013 e, um capítulo do livro de Paulo Amarante sobre “Saúde Mental, Desinstitucionalização e Novas Estratégias de Cuidado”. Foi possível levantar a essência do grupo terapêutico, contextualizar mais acerca da Reforma Psiquiátrica e das diferenças quando comparados os tratamentos em CAPS. A dinâmica selecionada para abordar a Luta Antimanicomial e o CAPS, foi a “dinâmica da teia de aranha”, em que se utiliza um novelo de lã para permitir a apresentação das pessoas, permitindo conhecer melhor os participantes, identificar expectativas e demonstrar a importância da união, para que nenhum ponto da rede fique desestabilizado. Foram utilizados também, papéis com palavras chaves que pudessem descrever o atendimento do CAPS; ao chegar, os participantes foram convidados a escolher uma dessas palavras e, caso nenhuma das palavras estivesse de acordo com sua opinião, poderia escrever aquela que considerava mais adequada. Durante o encontro, o ambiente manteve-se tranquilo e sem interrupções, facilitando a oportunidade de todos relatarem seus anseios, dificuldades e progressos. Na dinâmica da teia, ao receber o poder da fala, cada um relatava seu nome, quanto tempo estava participando do grupo e a palavra que havia escolhido, justificando a escolha. Os participantes foram falando um a um, qualificando o acolhimento, tratamento e atendimento recebidos na unidade como humanizado, elogiando à escuta ativa e a dinâmica de grupos. Na medida em que os pontos positivos foram ressaltados, as acadêmicas uniram a discussão com o arcabouço teórico, trazendo explicações quanto à Luta Antimanicomial, contrastando o tratamento de hoje com a realidade que era vivenciada.

Considerações Finais

Da maneira como foi realizada a dinâmica, os próprios usuários puderam perceber as diferenças no tratamento, compartilhando experiências em hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas. Chegou-se ao consenso de que o tratamento em liberdade tem maior adesão e resolução. Os grupos terapêuticos consistem em uma abordagem importante no tratamento das pessoas em sofrimento psíquico a partir do momento que estimulam o diálogo, proporcionam a expressão e compartilhamento de vivências, buscando uma ajuda mútua. Refletindo quanto ao tratamento preconizado antes e atualmente, ressalta-se a questão da liberdade, da ressocialização, da singularidade, como fatores altamente influenciadores na participação dos usuários em seus próprios tratamentos e em uma visão mais humanizada do outro pelos profissionais da saúde, com inclusão e respeito à autonomia. Como acadêmicas de Enfermagem, a vivência foi de extremo aproveitamento. Além da assistência individualizada com escuta ativa, foi possível ver como os grupos são idealizados e planejados. Percebemos a necessidade da preparação para o grupo, contextualizando com o público o tema a ser trabalhado, juntamente com a escolha da dinâmica ideal, com o intuito de promover interação e ao mesmo tempo organização e lógica da discussão, potencializando o aprendizado geral.

Palavras Chave

Enfermagem, Saúde Mental, Grupo Terapêutico.

Area

Saúde Mental

Autores

FRANCINY DA SILVA, Heloisa Costa, Camila do Couto Maia, Karina Martins Filomeno, Cristine Moraes Roos