Datos del trabajo


Título

SEGURANÇA DO PACIENTE E ESTRATEGIA SAUDE DA FAMILIA: RESPONSABILIDADE E COMPROMETIMENTO DA ENFERMAGEM

Introdução

A segurança do paciente vem sendo discutida mundialmente, em decorrência dos danos derivados das práticas assistenciais à saúde em todos os níveis de atenção. Segurança do Paciente é definida como a redução do risco de danos desnecessários associados à assistência em saúde até um mínimo aceitável¹. Desse modo, iniciativas são instigadas a fim de implicar trabalhadores e gestores na oferta de um processo de cuidar seguro. Este deve ser alcançado por meio de uma cultura de atitudes seguras, construída e aceita por todos os profissionais envolvidos. A segurança do paciente deve ser buscada em todos os espaços e processos de cuidado em saúde da APS, incluindo a realização de procedimentos, consulta, visita domiciliar ou acolhimento ao usuário. A enfermagem está implicada direta ou indiretamente na prevenção de danos no cuidado ao paciente. Uma vez que a essência da prática de enfermagem é o cuidado, os enfermeiros devem defender as políticas de saúde e enfermagem que assegurem acesso ao tratamento de qualidade². Nesse contexto, evidencia-se a importância de desenvolver estudos na área, que busquem reconhecer a atuação dos profissionais diante do cuidado seguro e seu comprometimento com tal prática.

Objetivos

Analisar a responsabilidade e o comprometimento dos profissionais de enfermagem, vinculados a Estratégia Saúde da Família de Sobral, com a segurança do paciente.

Método

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, de abordagem qualitativa. Teve como cenário seis Centros de Saúde da Família (CSF) do município de Sobral/Ceará/Brasil. Procurou-se contemplar uma amostra significativa, embora intencional de unidades de saúde, abrangendo unidades de regiões centrais do município (Junco, Tamarindo e Pedrinhas), de regiões mais periféricas (Terrenos Novos I e Vila União) e de área rural (Jaibaras). A pesquisa ocorreu entre março/2016 a março/2017, com 15 profissionais, sendo 06 enfermeiros e 09 técnicos de enfermagem. Para coleta de dados foi feita inicialmente uma pesquisa documental nos protocolos, guias de orientação dos CSF, seguido de entrevista semiestruturada e observação não participante, configurando-se em um desenho metodológico denominado triangulação. A triangulação de dados significa coletar dados em diferentes períodos e de fontes distintas de modo a obter uma descrição mais rica e detalhada dos fenômenos. Seu objetivo é contribuir não apenas para o exame do fenômeno sob o olhar de múltiplas perspectivas, mas também enriquecer a compreensão, permitindo emergir novas ou mais profundas dimensões³. Ao final os dados foram submetidos a análise de conteúdo de Bardin, seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e interpretação, além da categorização. Foram respeitados os aspectos éticos e legais que envolvem pesquisas com seres humanos, conforme a Resolução N° 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde/MS. Ressalta-se que este estudo, representa recorte de pesquisa de dissertação de mestrado e que foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Parecer nº 1.484.252/2016 e CAAE nº 49134415.5.0000.5053.

Resultados

As análises realizadas baseiam-se na responsabilidade e no compromisso dos profissionais com a segurança do paciente e no comprometimento organizacional para essa segurança. No que diz respeito à atitude dos profissionais para lidar com os erros relacionados à assistência, evidenciou-se que a maioria busca antecipar-se, reconhecendo o erro cometido e tentando identificar sua causa, a fim de minimizar os danos causados ao paciente. Por outro lado, também afirmam que o maior compromisso para discutir sobre os erros é da gerência do serviço, não demonstrando corresponsabilidade da equipe. Infere-se incipiência no que diz respeito a responsabilidade dos profissionais e dos Centros na garantia do cuidado seguro. Evidenciando, por sua vez, uma fragilidade na dimensão da cultura de segurança do paciente no âmbito da Estratégia Saúde da Família. Estudos relacionam a prática de segurança do paciente, às atitudes individuais como organizacional, e afirmam que estas influenciam o desenvolvimento de uma cultura de segurança em um local de trabalho. Bell e colaboradores enfatizam a necessidade da responsabilização coletiva a qual abrange o profissional envolvido no incidente, a equipe prestadora do cuidado de saúde e a instituição.

Considerações Finais

Frente aos desafios, nota-se a necessidade de trabalhar a segurança do paciente no ambiente da Atenção Primária à Saúde, local onde esse processo se torna mais complexo pela variedade de áreas a qual envolve, considerando ainda que requer mudanças organizacionais, pessoais e de gestão. É preciso reconhecer que processos de mudança demandam tempo e empenho, porém almejam benefícios para a instituição, para os profissionais e os pacientes. A pesquisa certamente trará contribuições para o processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família, na medida em que instiga os profissionais de enfermagem e os gestores para a adoção de estratégias que busquem um cuidado seguro e sensibiliza a gestão para o desenvolvimento da educação permanente para os profissionais do sistema de saúde. Espera-se que este estudo instigue a realização de outros na área, abrindo novas perspectivas, visto que a produção sobre segurança do paciente deve entrar na agenda da política de saúde brasileira, como forma de garantir um cuidado mais seguro.

Palavras Chave

Segurança do paciente; Atenção Primária à Saúde; Cultura.

Area

Saúde da Família

Autores

Karina Oliveira de Mesquita, Maria da Conceição Coelho Brito, Raissa Oliveira de Mesquita, Geison Vasconcelos Lira, Roberta Cavalcante Muniz Lira, Maria Socorro de Araújo Dias