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Título

A PERCEPÇAO DOS PROFISSIONAIS DE SAUDE SOBRE A FIGURA PATERNA DE UM FILHO DEFICIENTE

Introdução

A deficiência de um membro familiar é complexa, dinâmica e multidimensional que impedem sua participação plena e eficaz na sociedade de forma igualitária1. Em uma família, o nascimento de uma criança com deficiência em seu núcleo, desconstrói completamente a imagem do filho perfeito imaginado pela mesma, surgindo sentimentos de desilusão, desespero, tristeza e vergonha colocando em risco sua estrutura familiar. As suas relações também tornam-se enfraquecidas devido o cuidado exigir a presença constante de um dos membros, podendo acarretar sobrecargas, exigindo desta família, o repensar de sua estrutura organizacional enquanto grupo. Esta família passa por diversas mudanças em suas vidas como: as alterações em suas vidas profissionais; redução do tempo livre por causa da sobrecarga de cuidados para com o filho, o que torna, geralmente, o cotidiano de muitas mães em algo exaustivo e de dedicação exclusiva aos filhos; além do aparecimento de diversos sentimentos tanto em relação ao novo filho quanto em relação aos outros membros da família. A deficiência também repercute na vida de um casal, na qual os desafios impostos tanto no plano emocional quanto no cotidiano podem levar a insatisfações, divergências de opinião e, consequentemente, a discussões e atritos entre o casal. Ao longo da história, verifica-se uma tendência, por parte da equipe profissional, em delegar os cuidados da criança a figura materna, pois a figura paterna esta ligada ao papel de provedor e mantenedor da família. Dessa forma, na maioria das vezes, o pai não é reconhecido pela equipe de saúde como participante efetivo nos cuidados do filho deficiente, sendo caracterizado apenas como um ajudante da mãe, responsabilizando-a de maneira majoritária pelos cuidados do filho com deficiência. O mundo contemporâneo está propiciando mudanças nas rotinas de homens e mulheres, o que afeta o desempenho de papéis sociais, dentre eles o ser pai e mãe. A função paterna não é mais definida pelos parâmetros rígidos que moviam o modo de vida patriarcal, no qual o homem era considerado a cabeça da família e único responsável pelo sustento financeiro. O homem como pai também sofre em sua dimensão com a perda do filho perfeito imaginado, e o profissional ao compreendê-lo e estimulá-lo, facilita o seu processo de enfrentamento, além de garantir sua interação com a figura paterna no processo de elaboração no plano de cuidado para a criança com deficiência. Nesse sentido, questionou: qual a compreensão dos profissionais da equipe multiprofissional sobre a figura paterna diante do cuidado da criança ou adolescente deficiente?

Objetivos

Compreender o entendimento dos profissionais de saúde sobre a figura paterna no cuidado do filho com deficiência.

Desenvolvimento

Estudo descritivo de natureza qualitativa realizada na Associação Pestalozzi em Mato Grosso do Sul com profissionais de saúde que atuam diretamente com a assistência à saúde das crianças e adolescentes em condição de deficiência e aos seus familiares na Instituição, excluindo os profissionais da área administrativa e da educação. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas individuais, em sala privativa, por meio de um questionário semi estuturado, elaborado especificamente para este estudo, nos meses de outubro e novembro de 2017. A análise dos resultados a partir da temática foi realizada nas seguintes etapas: Pré-análise; exploração do material e tratamento dos resultados/inferência/interpretação. Foram realizadas nove entrevistas com os profissionais que fazem parte da equipe multiprofissional, desses três são Fisioterapeutas, uma Psicóloga, uma Terapeuta Ocupacional, duas Enfermeiras e duas Fonoaudiólogas. A idade destes profissionais variou de 23 anos a 56 anos. Oito profissionais são do sexo feminino e um do sexo masculino. O tempo de formação destes profissionais variou de nove meses à 34 anos de profissão. O tempo médio de serviço dos profissionais na Instituição é de aproximadamente 11 anos, sendo o menor tempo 45 dias e o maior 26 anos. Após a análise das entrevistas emergiu a categoria “Os papéis socioculturais da figura materna e paterna” que discorre sobre a compreensão cultural que os profissionais da equipe de saúde apresentam sobre o papel da figura materna e paterna no cuidado do filho com deficiência, surgindo assim duas subcategorias. Nesse sentido surgiu a primeira subcategoria “A figura materna como referência de cuidado” que na qual para os profissionais a figura materna é mais efetiva no cuidado do filho com deficiência, pois é a mesma se abdica do trabalho e de sua vida, assim tornando-se melhor membro familiar como referência de cuidador para a equipe de saúde, por entenderem que a mãe é mais afetiva do que o pai no cuidado, os profissionais tendem a pensar que ela sabe o que é melhor para o seu filho. Porém os profissionais identificam que a mulher ao ser eleita como referência do cuidado torna-se um indivíduo sobrecarregado, além de apresentar sentimentos de ansiedade sobre a condição do filho com deficiência. Na segunda subcategoria “A figura paterna como provedor e autoridade” Os profissionais entendem que cabe a figura paterna a função de garantir o sustento da família, ou seja, de ser o provedor da mesma, além de compreender de que a figura masculina é responsável por impor respeito e regras no filho.

Considerações Finais

Os profissionais não estão preparados para trabalhar com a figura masculina como pai, pois em um mundo contemporâneo com discussões sobre machismo e feminismo ainda prevalece paradigmas que precisam ser reformulados ou desconstruídos. O homem, sem referências para ser cuidador, precisa de orientações e estimulações por parte dos profissionais para cuidar de seu filho em situação crônica permanente, como são dadas as mães. Recomenda-se que as politicas publicas e privadas no país estimulem a participação da figura paterna no cuidado da criança e não apenas como provedor econômico da família.

WORLD HEALTH ORGANIZATION . Relatório mundial sobre a deficiência. Tradução Lexicus Serviços Lingüísticos. - São Paulo, 2011.

Palavras Chave

Pai. Profissionais de Saúde. Deficiência.

Area

Saúde da Família

Instituciones

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Mato Grosso do Sul - Brasil

Autores

Marcus Vinicius de Souza Dias , Iven Giovanna Trindade Lino, Maria Angélica Marcheti , Fernanda Ribeiro Baptista Marques