Datos del trabajo


Título

A INTERSUBJETIVIDADE DO INDIVIDUO DEPENDENTE QUIMICO NA BUSCA DA SUPERAÇAO DO USO DE DROGAS

Introdução

As evidências reais de recuperação encontradas por diversas pesquisas com dependentes químicos nem sempre correspondem à vivência do indivíduo que está em recuperação, porque se esquece, quase que frequentemente, da dimensão subjetiva deste no processo. Assim, é fundamental que tal dimensão no processo de recuperação, seja legitimada pelos pesquisadores ou pelos técnicos envolvidos no seu tratamento, uma vez que a forma de pensar dos membros da equipe sobre o processo de recuperação do indivíduo determina as escolhas terapêuticas utilizadas. Entre as diversas iniciativas que buscam enfrentar a problemática em foco, destacam-se não somente as oriundas do campo das políticas públicas e dos esforços de muitos pesquisadores, mas também de algumas instituições, chamadas comunidades terapêuticas, que funcionam como grupos de autoajuda, dos quais um dos mais procurados é o Narcóticos Anônimos (NA). Trata-se de uma associação, que basicamente realiza reuniões regulares onde adictos, ou dependentes de drogas, podem ajudar-se mutuamente a se manterem em "total abstinência de todas as drogas.

Objetivos

Compreender a intersubjetividade de indivíduos dependentes químicos participantes do grupo de Narcóticos Anônimos com a superação do uso de drogas.

Método

Trata-se de um estudo com abordagem exploratória qualitativa. Buscou-se entender a intersubjetividade do indivíduo dependente químico, utilizando sua história de vida com as drogas, contada por meio de relato oral. Fizeram parte desta pesquisa 12 integrantes de um Grupo de NA da zona sul da cidade de Manaus, Amazonas, Brasil, participantes do grupo há mais de um ano. Foi utilizado roteiro de entrevista semiestruturado, com as falas audiogravadas. A coleta de dados ocorreu após a imersão do entrevistador nas reuniões do NA. O referido estudo atendeu as recomendações da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados

Os participantes relatam que, antes de participar de NA, vivenciaram um processo difícil durante o uso ativo. Diversos fatores contribuíram para o uso, como frustação, solidão e/ou vazio dentro de si, desequilíbrio emocional, rompimento do vínculo afetivo com os familiares e amigos, dificuldade de aceitar a si próprio e lidar com outras pessoas. Afirmam que ao adentrarem no grupo de NA houve uma série de mudanças comportamentais, emocionais, espirituais e afetivas. Vale ressaltar que, por meio dessa vivência no grupo, os membros tornam-se mais independentes, compreensivos e acolhedores a partir da troca de experiência entre eles. Estudos destacam que a busca por ajuda é bastante complexa, devido a vontade excessiva de voltar a usar, porém, passa quando os próprios membros buscam ajuda de outros companheiros do grupo no qual estão inseridos; é através da partilha que essa vontade é minimizada; e por meio da identificação com as demais vivências e dificuldades. No Grupo de NA os membros trabalham em cima de um contexto amplo, por meio da aplicação do seguinte método: frequentar as reuniões, trabalhar os 12 passos, estudar cotidianamente e partilhar com outros adictos do grupo. Relataram ainda que a relação com a família e a sociedade melhorou a partir do momento que buscaram por ajuda. Por meio da inclusão nos grupos, os indivíduos passaram por certas mudanças tais como evitar determinados lugares, ambientes e pessoas. Entretanto essas mudanças os influenciaram muito para que não voltassem ao passado, e, por meio do apoio, ajuda e confiança por parte da família, amigos e sociedade, sentem-se motivados a encarar seus destinos firmes, abstêmios e em recuperação. Durante as falas, muitos relataram readquirir sua liberdade. Para alguns, a vida, depois do NA, é um processo que avança e se modifica com sentido e olhar para frente, numa expectativa razoável de melhoria de vida, de relações, de superação e empoderamento. Os relatos demonstram que a maioria deles vivenciam situações parecidas. Assim, diante dos problemas decorrentes do uso abusivo de drogas, os indivíduos enfatizaram sua principal função que é o apoio uns aos outros, fortalecendo-os para o enfretamento de suas dificuldades juntamente com seus familiares. A presença da família em todo esse processo é reconhecidamente de suma importância, pois ela precisa compreender bem o problema, a vivência destes, e o estado frágil que se encontram.

Considerações Finais

A cronicidade da dependência química aponta para a necessidade de um suporte de longo prazo, com diversificadas ações terapêuticas, a fim de dar respostas às necessidades individuais, onde seja priorizado o fortalecimento do indivíduo em todas as suas dimensões humanas, além da aquisição e/ou manutenção da abstinência. Reconhece-se ser, difícil e demorada a retomada da estabilidade dos usuários que procuraram ajuda tardia. Para estes, o apoio deve ser redobrado, a fim de possibilitar o resgate da confiança (principalmente da família), da autoestima, dos valores e dignidade e a mudança de hábito de vida. As partilhas de experiências durante as reuniões do NA demonstraram grande transformações nas vidas e nas capacidades de reiteração social de dependentes químicos. A maioria dos entrevistados declararam acreditar que a recuperação consiste em alto poder de decisão, devido ao encorajamento e autoconfiança que é transmitido ao indivíduo durante sua participação nos grupos, sendo estimulado a viver melhor consigo e com outras pessoas ao seu redor.

Palavras Chave

Drogadição, Autoajuda, Narcóticos

Area

Saúde e populações vulneráveis

Instituciones

Universidade do Estado do Amazonas - Amazonas - Brasil

Autores

MARIA DE NAZARÉ DE SOUZA RIBEIRO, JOAQUIM HUDSON DE SOUZA RIBEIRO, CLEISIANE XAVIER DINIZ, SELMA BARBOSA PERDOMO, FERNANDA FARIAS DE CASTRO, ORLANDO GONÇALVES BARBOSA, RAUL SANTOS REIS, FABÍOLA SILVA DOS SANTOS