Datos del trabajo


Título

EXPERIENCIA DA FAMÍLIA NO CUIDADO COM A CRIANÇA COM TRANSTORNO MENTAL ATENDIDAS NO CAPS I DO MUNICÍPIO DE CAMPO GRANDE/MS

Introdução

Os transtornos mentais no universo infanto-juvenil são de grande importância para a saúde publica, visto que, nessa faixa etária, esses transtornos afetam aproximadamente 12% da população infanto-juvenil. Para a família, ter um criança com diagnóstico de transtorno mental torna-se um desafio, pois ela não está preparada para lidar com as demandas e necessidades da criança. O estresse familiar pode ocorrer devido a sobrecarga do cuidado cotidiano à essa criança. A experiência familiar é permeada por diversos sentimentos como sofrimento, isolamento social, medo entre outros. Dessa maneira, conhecer a experiência das famílias de crianças com diagnóstico de transtorno mental representa um dado relevante para que intervenções eficazes possam ser oferecidas pela equipe profissional de saúde.

Objetivos

Compreender a experiência da família no cuidado da criança com transtorno mental.

Método

Estudo de abordagem qualitativa, utilizando o referencial teórico do Interacionismo Simbólico, norteado pela narrativa de 13 famílias de crianças até 10 anos, atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil de um município do Estado de Mato Grosso do Sul. O Interacionismo Simbólico possibilita aos estudiosos compreender o modo como os indivíduos interpretam os objetos de acordo com a sua interação social, e como tal processo de interpretação conduz o comportamento individual em situações específicas. Para a coleta de dados foi realizado o levantamento de prontuários a fim de conhecer as famílias atendidas e selecioná-las para a entrevista. Em um segundo momento foi realizada uma entrevista semi estruturada, gravada em áudio, com a questão disparadora “como tem sido para a família a experiência de viver com uma criança com diagnóstico de transtorno mental?”. Os dados foram analisados baseado no referencial teórico da Análise Temática. Os textos resultantes das entrevistas foram revisados diversas vezes buscando construir narrativas em que a experiência de cada família fosse evidenciada. A partir desse momento foi possível desenvolver um tema central “os desafios da família com o cuidado da criança com transtorno mental” e suas categorias.

Resultados

Ao narrarem suas histórias, as famílias das crianças experimentam constantes desafios em diferentes contextos da vida cotidiana. A análise dos dados permitiu identificar diferentes desafios no convívio com a criança: em casa; naqueles relacionados com os seus cuidados e no manejo dos comportamentos apresentados pelas crianças. Nesse contexto, as famílias buscam constantemente estratégias e maneiras para lidar com as situações que estão vivenciando e suas demandas. Assim, nesse tema, submergiu dos significados narrados pelas famílias quatro categorias que configuram sua experiência no cuidado com a criança com transtorno mental: a dificuldade em compreender o que estava acontecendo; a dificuldade em lidar com o comportamento da criança; a sobrecarga familiar e o impacto no trabalho. Na interação da família com a criança com diagnóstico de transtorno mental, existem desafios vivenciados por essas famílias decorrentes dos cuidados cotidianos, requerendo da família disponibilidade de tempo para se dedicar ao cuidado e, também, preparo para lidar com as mais diversas situações. Através das narrativas pode-se perceber que quando a criança começa a apresentar mudanças de comportamento ou atraso no desenvolvimento, a família percebe que algo está errado e então inicia a busca pelos serviços de saúde na intenção de encontrar respostas para o quadro apresentado pela criança. A família sente dificuldade em reconhecer e/ou compreender o que estava acontecendo, antes do diagnóstico e em lidar com seu comportamento. Entretanto, a dificuldade de lidar com os comportamentos é relatada durante todo o convívio, ou seja, não apenas antes, mas também depois do diagnóstico, devido, principalmente à dificuldade em manejar os comportamentos inadequados, como agressividade e o nervosismo. Dessa maneira, famílias relataram afastar a criança e a si mesma de alguns momentos de convivência social. Em função das dificuldades de manejar comportamentos e outros cuidados, como fornecer a medicação, acompanhar no tratamento, cuidar de outros membros da família, pode ocorrer, conforme os relatos, uma sobrecarga, gerando desgaste, tanto física como emocionalmente, pois exige preocupação e vigilância constantes. Pelo fato da família viver, muitas vezes, focada na atenção demandada especificamente pela criança com diagnóstico de transtorno mental, muitos familiares que realizam os cuidados principais têm de deixar o emprego, mesmo que temporariamente, para cuidar da criança. Nesse contexto, as famílias se mantém em movimento e reorganização buscando constantemente estratégias e maneiras para lidar com as situações que estão vivenciando, situações estas que também estão em constante mudança pela inconstância do próprio transtorno mental e suas demandas.

Considerações Finais

A família busca sempre a melhor maneira de lidar e manejar as demandas advindas de se ter uma criança com diagnóstico de transtorno mental. Assim, percebe-se que as necessidades das famílias são baseadas em suas vivências e experiências. O modo como essas famílias vivenciam esse momento e a forma como se relacionam com a experiência de vida que estão tendo dá origem a significados importantes, como a adaptação constante aos cuidados da criança e aos diversos sentimentos que permeiam seus cuidados. Dessa maneira, os resultados encontrados nesta pesquisa motivam novos estudos relacionados ao tema, visto que há a necessidade de aprimorar o atendimento às famílias de crianças com transtorno mental.

Palavras Chave

Famílias; Transtorno Mental; Criança.

Area

Outros

Autores

Camila Bartolomei Silva, Tassia Arruda Bonfim, Bianca Cristina Ciccone Giacon, Maria Angélica Marcheti