Datos del trabajo


Título

RESILIENCIA EM PACIENTES INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Introdução

O construto da resiliência tem sido utilizado pelas ciências humanas e da saúde para descrever a capacidade que um indivíduo desenvolve para confrontar ou não as adversidades vivenciadas. Remete à adaptação, ainda que num ambiente desfavorável, objetivando construir ou se reconstruir positivamente diante de tais adversidades. Os pacientes submetidos a tratamentos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) vivenciam condições críticas de saúde, potenciais alterações emocionais decorrentes do processo de adoecimento, além da exposição aos ruídos intermitentes dos equipamentos terapêuticos, a exposição à iluminação artificial constante, dentre tantos fatores potencialmente estressores. Assim, o processo terapêutico em UTI pode ser reconhecido como fator de risco, causador de sentimentos de medo e desproteção, potencializados com o afastamento do convívio familiar, social e do trabalho. A maneira como se responde ao fator estressor tem a ver com sua intensidade, duração e como ele se apresenta e interfere nas questões emocionais de cada indivíduo. Diante desse ambiente potencialmente estressor, os indivíduos que desenvolvem habilidades para manejar a dor, suportar as adversidades e gerar forças para resinificar as dificuldades podem ter iniciado o processo resiliente. No movimento de resiliência, assim como há fatores de risco, há também os fatores de proteção individual, os quais estão relacionados com os sentimentos e características da personalidade e são construídos ao longo da existência, tais como: autoestima, confiança, flexibilidade, coragem, fé, adaptação, entre outros. Também há os fatores externos, que estão relacionados com a afetividade, convívio harmonioso e estabilidade nas relações, tanto familiares quanto sociais. Daí a importância da resiliência neste contexto ambiental, que torna possível novos comportamentos frente ao adoecimento e a internação em UTI(1).

Objetivos

Compreender o processo de resiliência em pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva .

Método

Trata-se de um estudo qualitativo descritivo desenvolvido em uma UTI de um hospital geral de grande porte, localizado no Planalto Catarinense/ Brasil. Foram entrevistados 16 pacientes com idade entre 28 e 69 anos, 10 do sexo masculino e seis do sexo feminino, utilizando roteiro semiestruturado. A coleta foi realizada por profissional Psicólogo habilitado com registro no Conselho Regional de Psicologia, sendo privilegiado o diálogo e a singularidade das respostas. Algumas entrevistas foram efetuadas em mais de um momento, considerando que os participantes estavam em condição crítica de saúde. Os dados coletados foram transcritos para arquivo de texto, utilizando o Microsoft Word 2010. Foram realizadas análises de conteúdo dos dados utilizando Software Atlas.Ti® versão 7.0, levando em conta a experiência e significação dadas pelos participantes aos dados, de maneira a integrar as evidências, codificando-as e categorizando-as a fim de dar consistência ao conteúdo coletado. A pesquisa respeitou os aspectos éticos, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos sob parecer nº 1.487.821 de 2016.

Resultados

A análise de conteúdo permitiu evidenciar três eixos no movimento da resiliência de pacientes internados em UTI, que se referem aos fatores de proteção, fatores de risco e a resiliência. Com relação aos fatores de proteção foi identificado que o acolhimento por parte da equipe gera confiança no tratamento e nos cuidados, fazendo com que os pacientes apontem que os profissionais são fonte de suporte para o enfrentamento das adversidades. Como fatores de risco, o pesar pelo adoecimento despertou nos indivíduos sentimento de confronto com a morte, sendo que a internação na UTI passou a ser interpretada como local de desconforto e que demandou estratégias de adaptação às novas rotinas e à falta de autonomia. Observou-se que fatores de proteção auxiliam no processo de desenvolvimento de resiliência. Ficou evidente que oferecendo informações acerca do estado de saúde/adoecimento, além de ofertar momentos para o diálogo por meio da escuta qualificada possibilitou resignificar o momento vivido e buscar por alternativas de adaptação. Assim, quando o indivíduo iniciou o processo de reconhecer o ambiente da UTI como local de cura, de cuidado e de sobrevivência, relataram sentimentos de pertencimento e com isso o enfrentamento do momento vivido, que fez com que se inicie o processo de resiliência.

Considerações Finais

A resiliência se instaura a partir do momento em que é solicitado do ser humano, enfrentamentos de situações adversas e/ou estressoras. Estar internado em UTI requer enfrentamentos, pois ao mesmo tempo convergem anseios pelo reestabelecimento da saúde e luta pela vida que é permeado pelo processo biológico alterado relacionado ao estar doente, que acaba remetendo ao confronto com a morte e com a finitude humana. Tais sentimentos geram estresse que por sua vez dificultam a recuperação da saúde física em função do adoecimento emocional. O recurso interno que cada um lançará mão para passar por este momento se revelará de maneira muito individual e particular. Não foi observado que o tipo de adoecimento, idade ou gênero tenha mudado tais percepções com relação à internação em uma UTI, porém ficou aparente que o que tem poder de interferência são as questões emocionais do adoecer e as crenças que permeiam este ambiente. Portanto, esta pesquisa recomenda que sejam elaboradas abordagens pré-internação em UTI, com vistas a esclarecer dúvidas acerca do ambiente de UTI, favorecendo o desenvolvimento da resiliência. Esclarecimentos como: Qual o motivo que está sendo internado em uma UTI; O que é o ambiente da UTI; Qual a utilidade de cada equipamento; Como é este ambiente; Quem são os profissionais que cuidarão do paciente, dentre outras informações, poderão prevenir parte do estresse vivenciado pelo indivíduo que está adoecido e, em muitos casos, em sofrimento emocional pela perda da saúde. Percebe-se que a resiliência tem cunho singular e que pode auxiliar no processo de viver o internamento em uma Unidade de Terapia Intensiva. Referência: (1)Bini MC. Resiliência em pacientes internados em unidade de terapia intensiva[Dissertação]. Lages: Universidade do Planalto Catarinense, Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Saúde; 2016.

Palavras Chave

Resiliência; Fatores de proteção; Fatores de risco; Unidade de Terapia Intensiva.

Area

Qualidade de vida

Instituciones

Universidade do Planalto Catarinense - Santa Catarina - Brasil

Autores

Maria Célia Bini, Bruna Fernanda da Silva, Juliana Cristina Lessmann Reckziegel