Datos del trabajo


Título

CARTOGRAFIAS DE PRATICAS CORPORAIS NA ATENÇAO BASICA: EXPERIENCIAS DO OBSERVATORIO SAUDE EM MOVIMENTO.

Introdução

A atividade física é tema recorrente na agenda mundial de promoção da saúde e vem sendo incorporada nos sistemas de saúde de diferentes formas. No caso brasileiro, as práticas corporais e atividades físicas estão sendo incorporadas ao cuidado principalmente por meio das equipes de Atenção Básica do Sistema Único de Saúde, que produzem uma diversidade de ações e novas possibilidades para colocar o ‘corpo em movimento’. O Brasil é um país de proporções continentais. Por conta disto, há uma grande variedade na forma com que as pessoas se relacionam com o movimento corporal, seja ele sistematizado ou não, seja em sua vida regular, seja no que se refere ao cuidado à saúde.
A vivência de campo nas pesquisas em saúde por estudantes de pós-graduação em saúde coletiva da UFRGS possibilitou a identificação de diferenças relevantes na incorporação das práticas corporais e atividades físicas na organização do cuidado na Atenção Básica. Diferentes contextos, diversidade de propostas, distintos territórios, multiplicidade de ideias. Algo que não aparecia em inquéritos epidemiológicos e em artigos científicos. A diversidade percebida requeria novos olhares sobre a interface entre práticas corporais e exercícios físicos com o cuidado em saúde. A partir destas vivências, surgiu o projeto Observatório Saúde em Movimento que identifica e prospecta experiências criativas que levem em consideração para o seu planejamento e execução, o contexto da comunidade e dos sujeitos envolvidos (equipe e usuários) e as formas como essas se conectam com o cuidado. O Observatório analisa e dá visibilidade a estas experiências a partir de vídeos, fotos e textos por meio de sitio virtual e redes sociais, em linguagem de fácil entendimento.

Objetivos

Apresentar e descrever as etapas que compõem a prospecção de experiências de práticas corporais e atividades físicas na atenção básica pela metodologia de análise do projeto Observatório Saúde em Movimento.

Desenvolvimento

A prospecção de experiências de interesse do projeto iniciou pelo contato com atores chave que poderiam conectar a equipe do projeto com tais experiências. A abordagem da temática já vinha sendo desenvolvida pelo grupo em estudos anteriores, seja em pesquisas avaliativas sobre sistemas de saúde, seja no estudo de políticas. Entre esses atores contatados pelo projeto estão gestores, professores universitários, residentes e parceiros das redes e movimentos pró SUS. Após a indicação, feita por redes de contatos ou por identificação em relatos de experiência publicados e disseminados na literatura, a equipe do projeto entrou em contato com o profissional ou gestor de referência para saber mais sobre a experiência e/ou verificar a existência de outras práticas similares na rede de saúde do município. O contato foi feito, por critérios de conveniência, levando em conta a identificação de aspectos diversos das experiências prévias e possibilidade de acesso.
Alguns dos desfios enfrentados: os recursos financeiros não permitiam visitas em lócuo de todas as experiências que havíamos prospectado junto aos atores chave. Também o momento político do país e situação dos serviços não possibilitaram o contato direto com algumas experiências e etc.
Quando em contato com os organizadores da atividade, nos deparávamos com dois caminhos possíveis: 1- se o recurso financeiro permitisse e as informações prévias indicassem um escopo diverso daquele previamente identificado, a equipe do projeto se deslocava até o município e unidade do serviço no qual a atividade era desenvolvida para coletarmos imagens e relato da experiência; 2- se não houvesse recursos para o deslocamento e a iniciativa despertasse interesse para o escopo do projeto, a equipe organizava a conversa com o trabalhador ou estudante de referência via email, redes sociais ou Skype para apoiar a produção de conteúdo e envio (também pela internet) do material produzido. Para esta segunda forma de produção de conteúdo, foi elaborado um ‘guia para produção de vídeo’ com dicas sobre posicionamento de camera, luz, enquadramento, som, ambiente e etc. Neste mesmo roteiro, foram disponibilizadas algumas perguntas direcionadoras para os organizadores das atividades que tiveram maior dificuldade de saber o que e como falar para a câmera. A produção de materiais de registro procurou ampliar a base de análise do discurso produzido pelos autores, normalmente com forte adesão ao conteúdo das políticas oficiais, para outras lógicas de comunicação que permitissem observar aspectos das práticas que não estivessem assujeitados pelo discurso oficial.
Após a produção do material, a equipe do projeto editava e disponibilizava nas redes e site. A lógica da produção de material para divulgação das experiências procurou, ao mesmo tempo, constituir base material para a pesquisa sobre formas de articulação das práticas corporais e atividades físicas ao cuidado em saúde no SUS e fomentar a cooperação horizontal, em que a sistematização de uma experiência contribui para a reflexão local nos serviços de saúde sobre essa temática. Ou seja, ao constituir o registro cartográfico das experiências, por meio do compartilhamento de olhares dos seus atores diretos e dos pesquisadores, oferecê-las ao olhar e à inspiração de outros sujeitos que atuam em outros serviços, para analisa-las e mobilizar-se por elas.

Considerações Finais

O projeto mostrou-se uma experiência metodológica inovadora para analisar, sistematizar e divulgar os processos e desafios de execução nas atividades de práticas corporais e atividades físicas na Atenção Básica visibilizando o “SUS que dá certo”. Nesse caso, mais do que a realização propriamente dita de iniciativas, induziu à análise compartilhada (atores locais e pesquisadores) e à cooperação horizontal, tornando o processo da pesquisa, também em formação em serviço dos trabalhadores e pesquisadores da saúde. Interessava a produção de conhecimento local pelo contato mais intenso com as práticas, no interstício entre as práticas e o discurso oficial contido nas políticas, normalmente bastante aderido à lógica biomédica vigente. Também interessava e interessa identificar iniciativas inovadoras, associadas à lógica da promoção tomada como produção de saúde e prospectar modelos de incorporação com configuração epistemológica diversa, associada aos enunciados mais próximos daqueles produzidos pela Saúde Coletiva e no contexto das concepções ampliadas de saúde. O campo epistêmico do projeto se situa nas fronteiras entre as ciências da saúde e as ciências do movimento.

Palavras Chave

práticas corporais, atividade física, sistemas de saúde, promoção da saúde

Area

Promoção da saúde

Autores

Alessandra Xavier Bueno, Alcindo Antônio Ferla, Demétrio Jorge Rocha Pereira, Felipe Wachs, Erica Rosalba Mallman Duarte