Datos del trabajo


Título

USO DE DERIVADOS DE TABACO POR TRABALHADORAS DE ENFERMAGEM EM UNIDADE HOSPITALAR

Introdução

O tabagismo é considerado a mais importante causa evitável de morbidade e mortalidade prematura. No Brasil, ocorreu importante diminuição da prevalência do tabagismo, porém em mulheres ocorre de forma mais lenta do que entre os homens, e a queda da taxa de mortalidade nos últimos 25 anos também foi menor entre mulheres. Considerando que a equipe de enfermagem é responsável por ações educativas em saúde para prevenção e mediação para cessação do uso de tabaco, trabalhadoras de enfermagem são importantes no enfrentamento antitabágico, pelo significado social do profissional de saúde como modelo de comportamento saudável, acrescido do significado particular do cuidado feminino, e o uso de derivados de tabaco pode influenciar negativamente essas ações.

Objetivos

Apreender as circunstâncias do início do uso de tabaco em mulheres trabalhadoras de enfermagem de uma unidade hospitalar, a continuidade e as dificuldades a cessação tabágica.

Método

Estudo sequencial e de abordagem qualitativa, realizado como recorte de estudo de corte transversal. Anteriormente ao presente estudo, foi realizada pesquisa na modalidade de censo, com o objetivo de descrever o padrão de consumo de drogas de abuso entre as mulheres enfermeiras e técnicas de enfermagem trabalhadoras hospitalares nos três turnos de trabalho – matutino, vespertino e noturno, incluídas por estarem em atividade na unidade hospitalar na data estipulada para a coleta, e excluídas as trabalhadoras não atuantes na instituição em estudo na data - férias, licença saúde, licença maternidade. Do universo de 145 profissionais, aceitaram participar e responderam o questionário autoaplicável inicial, com questões para caracterização sócio demográfica e informações sobre o uso de drogas de abuso, 112 trabalhadoras – 77,2% do total das elegíveis. Cinquenta e quatro delas informaram o uso de tabaco ou outras drogas de abuso nos últimos três meses. Foram, então, separados os questionários de 11 trabalhadoras (0,9%) do total das investigadas que auto referiram usuárias exclusivas de derivados de tabaco e foram entrevistadas. Para o estudo sequencial, foi utilizado um roteiro de entrevista com três questões disparadoras, para promover a discussão sobre os contextos da iniciação e manutenção do uso - Como foi a primeira vez que fumou? Você acredita que o trabalho permite que você continue fumando? Atualmente, você sente vontade de cessar o uso do tabaco? Os dados sócio demográficos foram transcritos no Software Microsoft Excel® 2010, e submetidos à análise descritiva. Os depoimentos foram submetidos à técnica de análise de conteúdo na modalidade temática e apresentados em duas categorias - A experiência de estar fumante, e A relação com o trabalho e busca pela cessação tabágica. O estudo respeitou as exigências formais das normas nacionais e internacionais regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos (parecer 1.963.546/2017). Para assegurar o anonimato, as entrevistadas foram identificadas de acordo com o número do caso e a idade de iniciação do uso do tabaco.

Resultados

As 11 trabalhadoras de enfermagem informaram faixa etária entre 28 e 58 anos, com média de 42,2 anos, raça/cor branca, seis com religião católica, duas evangélicas e três não informaram a denominação religiosa. Foram relatados problemas associados ao uso de tabaco, pelo uso crônico, como doença pulmonar obstrutiva crônica e bronquite. Todas informaram utilizar o cigarro industrializado há mais de dez anos; oito trabalhadoras faziam uso de 20 cigarros/dia. A idade media da iniciação foi 17 anos, variação de oito a trinta anos, e deu-se por curiosidade, pela novidade do uso, modismo ou por imaturidade. A experiência do estar fumante aconteceu com grupo de amigos, mas principalmente com familiares – pai, mãe, tio e primos [..] meu pai fumava e pedia para eu acender o cigarro. Como era na chama do fogão, tive que tragar porque ele (o cigarro) não acendia (2, 8 anos). [...] acendendo o cigarro da minha mãe (4, 15 anos); [...] usei brincando junto com os primos quando crianças (5, 9 anos); [...] meu tio fumava, e comecei (a fumar) com ele (7, 14 anos); [...] comecei “filando” um cigarro do meu primo (11, 18 anos). O comportamento aditivo na família ou ter algum familiar que utilizava tabaco com fumaça dentro da residência, contribuiu para a iniciação, em um processo intergeracional, retratado no depoimento [...] nunca tive vontade, mas coloquei um cigarro na boca com meu pai e gostei[...] e fumo (cigarro) há 30 anos (9, 53 anos). Náusea, vomito, tontura acompanharam a iniciação, porem os efeitos desagradáveis não diminuíram a vontade de continuidade [...] Me senti mal, com vomito, mas achava muito lindo (6, 17 anos). O estresse gerado no ambiente de trabalho pode influenciar o habito de fumar, o que foi encontrado no exercício profissional das mulheres entrevistadas no presente estudo. Sobre a relação com o trabalho e a busca pela cessação tabágica, seis informaram a prontidão para utilizar o cigarro imediatamente após a jornada de trabalho, pelo estresse inerente ao viver profissional, as longas jornadas de trabalho e relações interprofissionais comprometidas. A busca pela cessação foi informada por sete trabalhadoras de enfermagem, para vencer problemas de saúde e a discriminação profissional, com depoimentos [...] por saber do prejuízo que causa a saúde, não faz bem à saúde (4, 15 anos); [...] já tentei diversas vezes, hoje em dia tem muito discriminação (7, 14 anos); já faz muitos anos que uso (o cigarro) e tenho medo de adoecer por causa dele (10, 17 anos). Dificuldades [...] fiquei sem fumar por 10 anos, voltei após muito estresse por problemas familiares de saúde (5, 9 anos), e desejo de continuidade [...] não me incomoda ser fumante e em casa meu marido fuma quatro vezes mais que eu (2, 8 anos), foram relatadas.

Considerações Finais

O uso de tabaco no grupo específico de enfermeiros e técnicos de enfermagem corroboram dados de literatura para a população brasileira, e o relato do comportamento aditivo familiar, do estresse no trabalho e medo de doenças e da discriminação profissional estavam presentes na apreensão do fenômeno iniciação e cessação tabágica. O estudo permite mostrar a necessidade de implantação de um programa que possa contribuir com a cessação do tabagismo das trabalhadoras usuárias de tabaco.

Palavras Chave

Enfermagem; Mulheres; Saúde do trabalhador; Tabaco.

Area

Saúde Coletiva

Instituciones

Universidade Estadual de Maringá - Paraná - Brasil

Autores

Beatriz Ferreira Martins, Bruna Diana Alves, Aroldo Gavioli, Sônia Regina Marangoni, Bruna Portes Maciel, Eduardo Mitsuakki Panice Kakuda, Aline Vieira Menezes, Magda Lúcia Félix Oliveira