Datos del trabajo


Título

DETERMINANTES SOCIAIS DE UMA COMUNIDADE EM VULNERABILIDADE SOCIAL

Introdução

A Promoção da Saúde tem como escopo reconhecer as inspirações e necessidades dos indivíduos para que assim seja possível modificar o meio em que transitam e consequentemente atingir um estado pleno de bem-estar físico, mental e social individual e coletivo, indo além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global.
A abordagem da Promoção da Saúde e dos Determinantes Sociais da Saúde, quando integrados, podem contribuir para a compreensão e enfrentamento das disparidades em saúde e bem-estar social. Centrado no papel da política de redução da desigualdade, se distancia do discurso tradicional da saúde pautado no indivíduo.
Neste contexto, inserem-se as comunidades em situação de vulnerabilidade social na qual trazem em seu conceito a capacidade de luta e de recuperação dos indivíduos e dos grupos sociais para o seu enfrentamento, destacando a população “remanescente de quilombo” como um forte e parcialmente explorado grupo étnico vulnerável.
As comunidades quilombolas são marcadas por processos históricos de discriminação e exclusão e vivenciam uma realidade socioeconômica excludente em relação à população brasileira em geral.

Objetivos

Compreender a relação entre os Determinantes Sociais da Saúde e a Promoção da Saúde de mulheres que vivem em uma comunidade em vulnerabilidade social.

Método

Estudo de abordagem qualitativa, com caráter participativo e dialógico, desenvolvido junto ao Itinerário de Pesquisa de Paulo Freire.
O Itinerário de Pesquisa consiste de três momentos dialéticos e interdisciplinarmente entrelaçados: investigação temática, codificação e decodificação, desvelamento crítico .
Aconteceram na Comunidade Quilombola denominada Morro do Fortunato, muninípio de Garopaba, Santa Catarina. Tiveram a participação de dez mulheres quilombolas com idade entre 24 e 54 anos.
A investigação dos temas ocorreu no desenrolar de seis encontros dos Círculos de Cultura no período de abril a junho de 2016.
Foi submetido ao CEPSH da UFSC e aprovado com o CAAE 53143216.6.0000.0121.

Resultados

No transcorrer dos Círculos de Cultura foram levantados vinte temas geradores, codificados e descodificados em oito de interesse do grupo, reduzidos em quatro, os quais foram trabalhados conforme as temáticas:

Determinantes Sociais e a Saúde das Mulheres Quilombolas

Foram propostas novas reflexões frente ao conceito de saúde conectado apenas a ausência de doença e/ou ainda, aos sistemas de saúde.
A saúde centrada na figura do profissional de saúde remete a um olhar ainda ingênuo, biomédico e reduzido do seu conceito ampliado. Algumas provocações foram produzidas, gerando reflexões e questionamentos sobre a saúde e os fatores que a promovem.
Um ponto crucial revelado nas falas e desvelado no grupo representa uma forma ampliada de se pensar e conceituar saúde relacionando-a aos Determinantes Sociais. Percebe-se a relação que as participantes fazem com estilos de vida saudáveis assim como vinculada a felicidade e bem-estar, tendo como alicerce a família em harmonia.

Determinantes Sociais e a Religiosidade das Mulheres Quilombolas

Dentre os determinantes que fortemente se destacaram foi a religiosidade onde observou-se o estreitamento entre a fé e o estar saudável, descrevendo o pensamento como fortaleza para a cura.
Ao se pensar em religião, percebe-se uma forte relação com práticas de cuidado e formas de se pensar saúde. Com o decorrer do diálogo alcança-se uma instigante contemplação frente à realidade das participantes, ou seja, um entendimento do ser negra e o quanto as diferenças religiosas influenciam nas suas questões de saúde, de luta e organização, questões morais/ pré-conceitos, seu viver em comunidade e o fortalecimento das comunidades quilombolas ao passo de experimentarem a valorização de questões culturais e costumes como saúde e cura.

Determinantes Sociais e as Questões Raciais das Mulheres Quilombolas

Embora muitas vezes mascarado no convívio do cotidiano, o discurso racista e segmentário ainda é presente nas falas das mulheres quando estas contam determinadas experiências. Muitas vezes camuflado e talvez vinculado a práticas culturais, são embutidos por meio de eufemismos sutis, mas recorrentes.
As reflexões são incentivadas e percebe-se que o racismo passa a ser desvelado e percebido diante as barreiras que encontram em suas rotinas, possibilitando assim uma nova forma de se aperceberem e se fortalecerem.
Com o aprofundamento desta temática, as participantes passam a se perceberem como mulheres fortes, ou melhor, fortalecidas perante às adversidades que a questão da raça as faz vivenciar.

Determinantes Sociais da Saúde e as Redes Sociais e Comunitárias

Uma potencialidade desvelada se refere à estruturação das redes sociais desenvolvida. Embora ainda não reconhecida como uma importante característica atrelada ao viver em comunidade, inicialmente as participantes demonstram não se considerarem unidas e manifestam este adjetivo como algo inerente ao passado.
Destacam a dificuldade em se comunicarem e queixam-se que por estarem próximas geograficamente poderiam ser mais presentes e se apoiarem mais. Mencionaram que as atividades diárias são cada vez mais individuais e passam a ser um motivo de afastamento entre elas na comunidade.
No decorrer do debate, uma nova reflexão toma sentido e com isso elas percebem um diferente modo de se caracterizarem. Passam a compreender que as relações acompanham as mudanças temporais, permitindo a superação da alienação vinculada ao comparativo frente as vivências passadas e possibilitando a análise da realidade atual e suas fortalezas.

Considerações Finais

Esses resultados nos remetem ao Método de Paulo Freire que clarifica um novo olhar sob a questão dos Determinantes Sociais. A posição das mulheres levantadas na investigação sobre as Redes Sociais e Comunitárias são direcionadas em relação ao passado como dificuldade de comunicação na atualidade. No entanto, com o desencadear dos Círculos de Cultura, passam a perceber as mudanças temporais e sua influência na forma de comunicação, percebendo a união, o respeito às diferenças e a inclusão que transita no grupo.

Palavras Chave

Determinantes Sociais da Saúde, Populações em Vulnerabilidade Social, Mulheres Quilombolas

Area

Saúde e populações vulneráveis

Instituciones

UDESC - Santa Catarina - Brasil

Autores

Michelle Kuntz Durand, Ivonete Buss Heidemann