Datos del trabajo


Título

A VIVÊNCIA DOS FILHOS DE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA: AMADURECENDO PARA A VIDA ADULTA.

Introdução

O câncer de mama é a neoplasia maligna que mais acomete as mulheres em todos os continentes¹. Devido às tecnologias biomédicas e políticas públicas, o diagnóstico e a terapêutica corroboram para detecção precoce e aumento da taxa de sobrevida². Estatísticas mundiais mostram que na primeira fase de sobrevida, entre o diagnóstico e a terapia hormonal oral, aproximadamente 90 de 100 mulheres sobrevivem ao câncer de mama³. A sobrevivência precoce ao câncer de mama compreende uma etapa em que a mulher passa do cuidado institucional para o familiar. Embora esta perspectiva tenha conhecimento científico, os esforços incidem na instrumentalização do enfrentamento ou compreensão das relações afetivas, quando se ressalva a díade mulher e parceiro . Os sentimentos de incerteza e medo ainda são presentes nesta fase, os quais são compartilhados e vivenciados por outros familiares. Desta forma, urge a seguinte questão: “Como é a vivência dos filhos de mulheres com câncer de mama?”

Objetivos

Compreender a vivência dos filhos de mulheres com câncer de mama.

Método

Trata-se de uma pesquisa embasada na Teoria Fundamentada nos Dados Construtivista6. A pesquisa desenvolveu-se em dois cenários de acordo com a composição das amostragens. O primeiro compreendeu o Serviço de Farmácia Ambulatorial de um hospital escola do Sul do país. Neste, abordou-se as mulheres no estágio precoce de sobrevida do câncer de mama, compondo a amostragem inicial. Após o aceite, foram realizadas entrevistas intensivas em um ambiente reservado. À medida que a coleta e a codificação ocorriam, emergiram hipóteses associadas aos possíveis filhos/participantes. Assim, a amostragem teórica foi composta por filhos que tinham significado, explícito ou implícito, à vivência. O convite a eles ocorreu via contato telefônico e, nessa ocasião, indicavam o local e o momento adequados para a entrevista. Ambas as amostragens foram realizadas entrevistas intensivas, gravadas em meio digital, e, registro de campo em livro ata. Posteriormente, as entrevistas foram transcritas e organizadas no software MAXQDA 12®. Os dados foram codificados linha a linha e, por meio da frequência de códigos e significados, eles foram reagrupados por semelhança e relevância ao fenômeno estudado. Como apoio analítico, foram desenvolvidos memorandos iniciais, durante a coleta e codificação inicial, e, avançados na fase da codificação focalizada. Foram respeitados os preceitos éticos, tendo a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná sob o parecer nº 1.483.681.

Resultados

Foram entrevistados onze mulheres, com média de idade de 50 anos, e nove filhos, com idade média de 25 anos, dos quais cinco foram do sexo feminino e quatro do masculino. Embora a maioria dos filhos tenha alcançado a fase adulta, a centralidade do fenômeno da vivência emergiu como “Amadurecendo para a vida adulta", sendo categorizado por "Percebendo sua função familiar arrebatada pelo câncer"; "Tendo sua função familiar alterada"; e, "Incorporando a função familiar". A ausência da mulher como provedora e cuidadora, implicitamente, promove a percepção de perda da função de ser filho no sistema familiar. Isto é, as condições impetradas pelo câncer de mama sintetizam a percepção da transferência do ser cuidado para ser o cuidador. Não obstante, as funções antes exercidas pela mulher, como provedora de renda, do cuidado domiciliar e familiar, passam a ser desempenhadas pelos filhos. As despesas com a doença corroboram para alteração das obrigações para o provedor, quando percebem a necessidade de renda extra. Além disso, emergem as funções de organizadores dos proventos e das rotinas familiares, as quais há delimitação de tarefas de acordo com o gênero. A alteração da função passa a ser incorporada a partir do momento em que atribuem e assimilam a sua importância à dinâmica familiar, isto é, mantêm o sentimento de cuidado e apoio para com a mulher e família. Por fim, o câncer de mama é propulsor de uma nova ordem, ou seja, a maturidade para a vida adulta, emergindo um ser adulto maduro.

Considerações Finais

A compreensão da dinâmica de cada membro da família torna-se pertinente quando se releva o cuidado à família, pois, muito embora há entendimento humanizado à família, ainda há distanciamento da realidade do sistema familiar em eventos inesperados, principalmente, aqueles relacionados às condições crônicas. Embora este estudo traga a perspectiva dos filhos, como membros do sistema familiar, há necessidade de pesquisar a família como unidade de cuidado e um sistema autônomo que pode influenciar o seu ambiente. Dessa forma, a família é participante do próprio cuidado e sofre influência das políticas públicas que regem o seu bem-estar.

Palavras Chave

Câncer de mama; Família; Doença crônica

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Fernanda Cassanho Teodoro, Verônica Azevedo Mazza, Marilene Loewen Wall