Datos del trabajo


Título

A rede de atendimento ao adolescente abrigado em medida de proteção

Introdução

O Ministério da Saúde define violência como ações praticadas por indivíduos, grupos, classes ou nações, que tenham como consequência danos físicos, emocionais, morais e/ou espirituais a si próprio ou a outro. Devido ao histórico de violência e vulnerabilidade social, muitos adolescentes passam a a ter que viver em serviços de acolhimento. Esses serviços se constituem como moradia alternativa para crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados até que estes posam retornar a sua família de origem ou para colocação em família substituta não implicando em privação de sua liberdade. As principais causas para o ingresso nessas instituições são: Abandono pelos pais ou responsáveis, negligência, violência doméstica física, abuso e/ou violência sexual praticadas pelos familiares ou responsáveis. A configuração dos serviços de acolhimento como espaços de proteção e garantia de direitos está assegurada pelo ECA. Sabe-se que a eficácia das ações de enfretamento da violência demanda o conhecimento e a reflexão na forma como se articulam as instituições que realizam atendimento.

Objetivos

Analisar, a partir da percepção de profissionais, como os vínculos estabelecidos entre um abrigo e os demais serviços da rede interferem no enfrentamento da violência.

Método

Trata-se de um estudo do tipo exploratório qualitativo, interdisciplinar, com o intuito de contribuir com o fortalecimento do trabalho em rede no enfrentamento da violência, realizado entre agosto e setembro de 2017. O campo de pesquisa foi um serviço de acolhimento para crianças e adolescentes na modalidade abrigo institucional. O serviço acolhe indivíduos de 0 a 18 anos de ambos os sexos, oriundos de todo o estado de Pernambuco. Os participantes do estudo foram profissionais que atuam no serviço estudado, definidos através de amostragem probabilística. A coleta de dados ocorreu entre outubro e novembro de 2017, foi realizada por meio da construção pelos sujeitos do mapa mínimo dos vínculos da rede institucional externa a partir da casa de acolhimento Vovó Geralda e entrevista semiestruturada com roteiro previamente elaborado pelas pesquisadoras. As questões utilizadas no roteiro de entrevista semiestruturada investigaram três aspectos, 1) Como é a relação entre as instituições e quais os pontos fortes e os pontos fracos? 2) As pessoas que atuam nos serviços acreditam que podem contar com a sua instituição e de que modo? 3) Você acredita que as instituições precisam mudar as relações? A análise dos dados se deu pela avaliação da representação gráfica do mapa, e em seguida, por sua problematização, realizada por meio da entrevista semiestruturada usando a técnica de análise do conteúdo na modalidade temática.

Resultados

Participaram do estudo 8 profissionais que atuam na área de garantia de direitos, com idade variando entre 28 e 65 anos, sendo 6 do sexo feminino e 2 do sexo masculino. Quanto à formação, 5 possuem curso superior completo, 1 curso técnico e 2 nível médio. O tempo mínimo de atuação no serviço foi de 6 meses e máximo de 3 anos e 7 meses. O estudo evidenciou que a rede é mediana, heterogênea e de boa densidade. Os participantes apresentam uma percepção coerente do que é o trabalho em rede. No entanto, ao tentar pôr em prática essa percepção esbarram em obstáculos que dificultam a articulação entre os serviços e fragilizam a rede. O aspecto da dispersão, que é a distância geográfica entre as instituições, foi considerado como um fator que dificulta o contato e apoio, representando um obstáculo para a realização do trabalho em Rede. Por meio de etapas sistemáticas de interpretação dos dados coletados, emergiram duas categorias empiricas: A primeira categoria foi “Atuação em rede para um trabalho efetivo”. A segunda categoria foi “Desafios para atuação em rede”, com subcategorias “Distância Geográfica”, “intersetorialidade incipiente” e “dificuldade para a reintegração familiar”. Embora existam experiências de articulação e trabalho em rede, as falas demostram que há necessidade de mudança na interação entre os serviços e profissionais. A rede embora considerada boa, com experiências de articulações bem sucedidas, ainda tem muito no que avançar, sobretudo com relação a necessidade de se trabalhar em conjunto na busca da articulação. Os principais obstáculos apontados pelos sujeitos do estudo nas entrevistas foram: distância geográfica, Intersetorialidade incipiente, dificuldades para a reintegração familiar, sobrecarga dos serviços, e etc. Essa constatação vai de encontro com estudos que versam sobre os desafios para o trabalho em redes fortalecidas e solidárias. Os profissionais expressam desejo de mudança diante das fragilidades e apontam a permanente comunicação como um elemento chave no fortalecimento da rede, além de alternativas que visem o estreitamento dos laços e fortalecimento das relações por meio da aproximação.

Considerações Finais

Para os profissionais, a rede precisa ser fortalecida, sendo necessário um entendimento mais aprofundado do trabalho em rede para que os serviços possam realizar um trabalho mais articulado, com base em vínculos significativos que tragam resolutividade aos casos. Desse modo, há a necessidade de ações que visem à promoção da aproximação dos serviços na construção de um diálogo mais efetivo, além de estratégias que incentivem a construção de uma articulação com base no compartilhamento de uma missão comum.

Palavras Chave

Adolescente institucionalizado; Rede social; Política pública.

Area

Violências e Saúde

Autores

Lygia Maria Pereira da Silva, Thamires Ranile Ferreira, Cintia Cibele da Silva