Datos del trabajo


Título

PENSAMENTO LEAN E A GERENCIA DO CUIDADO DE ENFERMAGEM NO PROCESSO DE DOAÇAO E TRANSPLANTES DE ORGAOS E TECIDOS

Introdução

O processo de doação e transplante de órgãos e tecidos é uma opção terapêutica segura e eficaz no tratamento de doenças crônicas terminais que causam insuficiências e falências de órgãos. É capaz de prolongar a vida de pacientes, melhorando a qualidade e perspectiva de vida das pessoas acometidas por tais doenças1. Ele inicia com a morte do doador devido a parada cardíaca ou morte encefálica, ou pode acontecer com o doador vivo. No caso de ser um doador falecido, o enfermeiro responsável pelo processo de doação de órgãos e tecidos desenvolve ações de planejamento, execução, coordenação, supervisão e avaliação dos procedimentos de enfermagem prestados ao doador cadáver, ou seja, em ME, bem como, planeja e implementa ações que visem a otimização de doação e captação de órgãos e tecidos para fins de transplantes. Nesse cenário, a Enfermagem é essencial para garantir o sucesso do processo de doação e transplante de órgãos e tecidos, pois possui meios que possibilitam a congruência da ação organizacional, por meio de recursos administrativos, dos conhecimentos, habilidades e atitudes em gestão sendo capaz de promover um ambiente adequado à realização da doação e transplante2. O Brasil possui o maior programa público de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, sendo que o Sistema Nacional de Transplantes está presente em todos os estados do país, por meio das Centrais Estaduais de Transplantes. As regiões Sul e Sudeste concentram o maior número de transplantes. Na região Sul, o estado de Santa Catarina é líder nacional de doação de órgãos, com a melhor taxa de doadores efetivos de 40,8 por milhão de população (pmp) e com efetivação (50%) dos potenciais doadores3. O pensamento Lean é um modelo de gestão que tem despontado como um referencial para o alcance da qualidade assistencial aliado a melhoria contínua dos processos em saúde. Busca desenvolver boas práticas de gestão, redução do desperdício e aumento do valor por meio de uma cultura de melhoria contínua4. Acredita-se ser possível incorporar o pensamento lean a gerência do cuidado no processo de doação e transplante de órgãos para oferecer agilidade e qualidade ao mesmo.

Objetivos

construir um modelo teórico da gerência do cuidado no processo de doação e transplantes de órgãos e tecidos em um estado brasileiro a partir dos significados atribuídos pelos profissionais de saúde atuantes nesse contexto na perspectiva do pensamento Lean.

Método

Trata-se de uma Teoria Fundamentada nos Dados na perspectiva Straussiana6 desenvolvida de julho de 2014 a outubro de 2015 por meio de entrevista semiestruturada com 36 participantes distribuídos em três grupos amostrais que foram analisados mediante codificação aberta, axial e seletiva conforme preconizado pelo método. Destaca-se que para classificar e organizar as conexões emergentes entre as categorias, utilizou-se o modelo paradigmático, composto pelos componentes: contexto, condições causais, condições intervenientes, estratégias e as consequências. A pesquisa foi submetida ao Sistema CEP/CONEP da Plataforma BRASIL, tendo parecer favorável mediante o CAAE: 31929414.2.0000.5361.

Resultados

Ao final do processo de análise, emergiram cinco categorias e 19 subcategorias que sustentam o fenômeno central “Gerenciando o cuidado no contexto interdependente e complementar do processo de doação e transplantes de órgãos e tecidos com o foco no paciente em lista de espera, orientado pela melhoria contínua e desenvolvimento da cultura da doação”. A primeira categoria relaciona-se com o contexto que se configura como complementar e interdependente exigindo competências atitudinais, teóricas e relacionais do enfermeiro. A temporalidade, pouca cooperação e sensibilização dos profissionais, falta de recursos materiais e humanos, logística e o acolhimento da família foram algumas das condições intervenientes destacadas. A padronização do trabalho, o desenvolvimento de ações gerenciais, o monitoramento dos indicadores para mensuração do desempenho e a realização de auditorias para identificar não conformidades no processo foram destacadas como estratégias que objetivam garantir o cumprimento dos aspectos éticos e legais, bem como a segurança do processo – tanto no momento do diagnóstico da morte encefálica quanto no transplante. Apresenta-se como consequência da gerência do cuidado no processo de doação e transplantes de órgãos e tecidos o desenvolvimento da cultura de doação de órgãos para efetivação da doação. Ela está sustentada e fortalecida na capacitação e envolvimento dos profissionais, no empoderamento dos profissionais para a tomada de decisão na condução clínica no potencial doador, bem como na valorização e integração das pessoas que atuam diretamente nesses serviços.

Considerações Finais

A partir do modelo construído entende-se que a gerência do cuidado contribui para a agilidade e melhoria da qualidade da assistência, fundamentando a prática a partir dos preceitos técnicos, científicos, éticos. Os profissionais dos serviços de doação e transplantes participantes da pesquisa não utilizam de forma clara a perspectiva do pensamento lean. Porém, ainda assim, compreendeu-se que as estratégias utilizadas na gerência do cuidado no processo de doação e transplantes de órgãos são práticas lean, pois visam otimizar o processo, buscando identificar os erros e propor ações de melhorias continuamente.

Palavras Chave

Gerência. Cuidados de enfermagem. Gestão da qualidade. Obtenção de órgãos e tecidos. Transplantes.

Area

Gestão de Serviços de Saúde

Instituciones

UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

ALINE LIMA PESTANA MAGALHAES, Gabriela Marcellino de Melo Lanzoni, Elza Lima da Silva, Neide da Silva Knhis, Alacoque Lorenzini Erdmann