Datos del trabajo


Título

Estimativa Rápida Participativa como ferramenta para formação em saúde: um relato de experiência

Introdução

Relato de experiência a partir de um estudo desenvolvido na disciplina de Atenção e Gerência da Saúde Coletiva do Sistema Único de Saúde de um Curso de Graduação em Enfermagem utilizando o método de Estimativa Rápida Participativa (ERP). A ERP constitui-se de um método colaborativo para identificar necessidades de saúde de grupos distintos pertencentes a um território a partir da própria população. Profissionais e gestores dos serviços de saúde podem, através dessa ferramenta, ampliar seus conhecimentos acerca da situação do território, perpassando por determinantes e condicionantes sociais e de saúde, marcada por vivacidades e constantes alterações. Esse relato de experiência buscou, então, apresentar os impactos e novos olhares proporcionados através desta metodologia de estudo para a formação em saúde e a produção de cuidados.

Objetivos

Discutir a experiência do uso da Estimativa Rápida Participativa como ferramenta na formação em saúde, buscando uma visão ampla do território e de sua população e suas contribuições para a formação em saúde e o olhar além da produção de cuidado.

Desenvolvimento

Trata-se de um relato de experiência, descritivo, de análise situacional. Para tal, utilizou-se como estratégia de coleta de dados a Estimativa Rápida Participativa através da busca nas bases de dados; imersão no território e no serviço de saúde; e
conversas sociais com trabalhadores de saúde (Agentes Comunitários em Saúde, gestores e usuários do Sistema Único de Saúde). A ERP apoia-se em três princípios, sendo estes: a coleta de dados que forem necessários; a coleta de informações que reflitam as condições locais e as situações específicas; e o envolvimento da comunidade na definição de seus próprios problemas e busca de soluções. Foram coletados dados populacionais, de saúde, sociais, econômicos e específicos de um Centro Municipal de Saúde (CMS) localizado no município do Rio de Janeiro/RJ, através das bases públicas da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro. As informações buscaram uma visão objetiva no estudo, e foram complementadas pelas percepções subjetivas ao longo da imersão no território; percepções essas que indicadores de saúde e sociais não contemplam na sua totalidade. Explorou-se a observação dos diversos atores sociais que compõem o território vivo, em constante movimento e suas subjetividades simbolizadas no cotidiano das ruas e relações sociais. O diálogo, através da escuta e observação, permitiram a troca de conhecimentos, saberes e experiências. A conversa social, tendo o diálogo como ferramenta principal, possibilitou ao pesquisador uma aproximação da cultura, rotina e realidade de um grupo específico. Evidenciou um olhar voltado para as vivências e costumes do grupo, oportunizando o aprofundamento e reflexão do assunto explorado e do seu estilo de vida. Dessa maneira, ao articular os dados objetivos com as percepções de quem pertence ao território vivo foi possível identificar os impactos das políticas públicas institucionalizadas no cotidiano dos trabalhadores dos serviços de saúde e dos habitantes do território. Utilizando destas ferramentas, o estudo salientou: as dificuldade da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) de 2017 nos processos de trabalho, com expressivo impacto na dinâmica da oferta e procura de serviços para a população adscrita, ainda em longo processo de adaptação da gestão, dos profissionais da unidade e da população; os fluxos não institucionalizados dos cidadãos entre os territórios, demandando atendimento em áreas que não abrangem seus território; significado real, pelos trabalhadores de saúde, das alterações de área de abrangência e formação de equipes, na PNAB de 2017. Desta maneira, a experiência de construir um trabalho utilizando a ERP proporcionou um olhar para além da saúde; contemplando os valores e significados dados por quem vive o sistema de saúde, como trabalhadores e usuários. Os dados objetivos serviram de base para ilustrar a situação na qual o território se encontra. Entretanto, tratando-se de um território vivo constituído de subjetividades e de pessoas com visões, cultura, história e percepções, a ERP destaca a participação desses atores. Aguça um olhar para a saúde e para produção de cuidados, enquanto futuros trabalhadores de saúde, valorizando o encontro entre os atores sociais e as particularidades de um grupo que compartilha e troca constantemente.

Considerações Finais

Refletindo sobre a formação de futuros trabalhadores de saúde que vão precisar enfrentar e confrontar não só indicadores de saúde, dados estatísticos, políticas públicas institucionalizadas; mas, também, vão de frente ao encontro, ao cuidado, a realidade do território vivo que estará trabalhando, é imprescindível a experiência como a proporcionada pela Estimativa Rápida Participativa a fim de explorar a reflexão dos mesmos para as possíveis situações e realidades que irão lidar. Os problemas e desafios valorizados nas conversas sociais evidenciam os entraves na aplicabilidade da política, valorização que não ganha destaque quando tratamos apenas de dados objetivos e indicares. O olhar a realidade e o "escutar" devem ser premissas dos profissionais de saúde e o exercício para esse encontro deve ser encorajado nas academias, durante sua formação. Uma tentativa de aproximar os futuros trabalhadores para o encontro inesperado e real.

Palavras Chave

Saúde Pública; Atenção Primária à Saúde; Políticas Públicas; Diagnóstico da Situação de Saúde.

Area

Democracia, Participação e Controle Social na Saúde

Autores

MARIA CLARA HENRIQUE MOREIRA GERALDO, LOIZIANY DE OLIVEIRA DA CONCEIÇÃO, LUCAS FERNANDES GONÇALVES, MILENA LOPES DE SÁ MACIEL, MARY ANN MENEZES FREIRE, VANESSA DE ALMEIDA FERREIRA CORRÊA, FELIPE TAVARES SOUZA