Datos del trabajo


Título

CARTOGRAFIA DA COMPREENSAO SOBRE O ENSINO DA ETICA POR ESTUDANTES DO CURSO DE GRADUAÇAO EM MEDICINA

Introdução

O Conselho Federal de Medicina, pelo Código de Ética Médica, no capítulo que trata dos Direitos Fundamentais, estabelece que cabe ao profissional zelar e trabalhar pelo excelente desempenho ético da medicina, pelo prestígio e pelo bom conceito da profissão¹. As Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Medicina, no Brasil, destacaram a necessidade da formação ética e humanista dos graduados em Medicina, que deverão ser capazes de atuar com responsabilidade social e o compromisso de defender a cidadania, a dignidade humana e a saúde integral do ser humano². Sendo assim, a formação ética dos futuros profissionais médicos é uma das responsabilidades da graduação, que deve proporcionar aos estudantes o desenvolvimento da capacidade de lidar com problemas no campo da moral, inerentes à prática profissional³.

Objetivos

Compreender sobre o conteúdo e ensino de ética na graduação médica e os conflitos vivenciados por estudantes do curso.

Método

Trata-se de um estudo descritivo de abordagem qualitativa, que privilegiou a Cartografia como processo teórico-metodológico. A Cartografia fundamenta-se na obra dos filósofos Deleuze e Guattari, é um método valioso para compreender fenômenos psico-sociais-históricos-políticos no meio da rede de forças aos quais estão conectados e agenciar práticas que fujam à ordem cotidiana. Método que propõe romper com os saberes instituídos em troca de um saber subterrâneo, rizomático. O campo da pesquisa se deu por meio de entrevistas em profundidade, organizadas para análise, no programa Atlas.ti, onde foi possível a codificação dos temas que emergiram dos discursos. A interpretação foi fundamentada na discussão entre dados coletados e o referencial bibliográfico sobre o tema. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa - CEP/UNIMONTES parecer 845.561/2014.

Resultados

Participaram da pesquisa vinte e quatro acadêmicos matriculados nos seis anos da graduação em Medicina, sendo dois de cada período escolhidos por meio de sorteio. A interpretação dos discursos permitiu a identificação dos códigos empíricos e rizomáticos que perpassaram pela ‘classificação do ensino da ética e sua importância’, ‘conhecimento sobre ética médica e a ética no cenário de práticas e no cenário midiático’ e pelo ‘relacionamento entre pacientes e estudantes e profissionais’. Evidenciou-se que a ética e a bioética são exploradas com maior afinco nos períodos iniciais do curso, acarretando divergências na avaliação deste conteúdo por calouros e veteranos, que consideram satisfatório até superficial, insuficiente, pontual e ainda, pouco cobrado durante o curso. Em seus discursos, os estudantes sugerem que o conteúdo poderia ser trabalhado por meio de casos clínicos, propiciando assim uma maior reflexão e entendimento. Em vista disso, o conhecimento dos estudantes sobre ética e bioética é encarado como de suma importância para sua vida acadêmica e profissional, devendo constituir uma das prioridades em sua formação. Na rede de significados subjetivos sobre o entendimento sobre a ética, os estudantes discutem sobre o uso comum das redes sociais para compartilhar fotos de situações clínicas ou para discutir informações de pacientes, sendo mais comum, nas falas dos estudantes dos últimos anos de graduação e encaradas como forma de transmissão de conhecimento acerca de determinadas patologias ou procedimentos. Trata-se de uma situação eticamente conflituosa vivenciada pelos estudantes, pois se considera direito do paciente ter sua privacidade preservada, e dever do médico orientar seus auxiliares e graduandos a zelar pela manutenção do sigilo profissional. A vida privada dos sujeitos e a confidencialidade de suas informações devem ser respeitadas. A existência de conflitos éticos nas relações interpessoais foi destacada pelos estudantes em sua relação com outros profissionais médicos (não professores), em cenários de práticas. No relacionamento pacientes e estudantes, os discursos versam sobre muitas dúvidas de posicionamentos legais e éticos, como por exemplo, em situações de abuso sexual e o sigilo a ser adotado pelo profissional.

Considerações Finais

O presente estudo permitiu refletir acerca dos conflitos éticos vivenciados pelos estudantes no âmbito da graduação. Entre eles, destaca-se o compartilhamento de dados de pacientes nas redes sociais, o que caracteriza quebra da privacidade e do anonimato inerentes ao ato médico. Grande parte dos conflitos relacionados à assistência em saúde foi associada aos anos mais avançados da graduação. Assim, devem-se adotar estratégias na instituição para propiciar um espaço de discussão e reflexão coletiva acerca dos problemas ao longo da graduação, em busca de resolução ou, pelo menos, minimização das situações conflituosas vivenciadas pelos estudantes de Medicina e melhor construção do agir profissional eticamente correto. Devem-se considerar, no entanto, os possíveis vieses de informação e de memória, uma vez que os estudantes podem não ter se lembrado de todos os conflitos éticos vivenciados na graduação.

Referências
1. CFM. Código de Ética Médica. Conselho Federal de Medicina. Brasília-DF: CFM; 2010.
2. Rego SA. A formação ética dos médicos: saindo da adolescência com a vida (dos outros) nas mãos. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003.
3. Gomes JCM. O atual ensino da ética para os profissionais de saúde e seus reflexos no cotidiano do povo brasileiro. Rev Bioét. 1996; 4(1):53-64.

Palavras Chave

cartografia, ética, estudantes de Medicina, bioética

Area

Ética, Bioética e Filosofia em Saúde

Autores

Márcia Mendes Menezes, Jaciara Aparecida Dias Santos, Simone de Melo Costa, Cristina Andrade Sampaio