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Título

O CANCER DE MAMA E SUAS REPERCUSSOES PARA A MULHER

Introdução

As mamas simbolizam feminilidade e sexualidade para a mulher no ocidente. Assim, o câncer de mama torna-se estigmatizante para as mulheres, principalmente para as jovens, que estão numa faixa etária de estabelecimento de relacionamentos pessoais e sociais.

Objetivos

Conhecer o significado da vivência do câncer de mama, para mulheres jovens, em tratamento da neoplasia.

Desenvolvimento

Estudo qualitativo, que utilizou como referencial teórico, o Interacionismo Simbólico (IS) e metodológico, a Teoria Fundamentada em Dados (TFD). Os critérios de inclusão foram: mulher diagnosticada com câncer de mama há no máximo um ano; estar realizando tratamento para a doença (cirurgia e/ou quimioterapia e/ou radioterapia e/ou hormonioterapia); idade entre 18 e 40 anos; ter companheiro sexual desde o diagnóstico para a doença. Como critérios de exclusão: estar em tratamento paliativo. A coleta ocorreu entre outubro e novembro de 2017, com 13 mulheres atendidas em dois Centros Referência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON), por meio de entrevistas semi-estruturadas, gravadas, guiadas pela pergunta norteadora: “Qual o significado da vivência do câncer de mama para você?”. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, conforme parecer nº 2.283.486, e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Passos-MG (SCMP), conforme parecer nº 2.359. 463. Categoria “O câncer de mama e suas repercussões para a mulher”, apresentando duas subcategorias: no aspecto social e no aspecto físico, com os seguintes significados: 1) Subcategoria - No aspecto social: a descoberta da doença leva ao medo da morte, afeta a autoestima da mulher e faz com que ela repense suas prioridades e sua vida, voltando a atenção a si própria - “Ene fatores (...), eu acho que a minha cabeça ainda tava (...), não conseguia assimilar o que estava acontecendo comigo, eu não acreditava!” (E1); “Por quê? Porque tem dias que eu me sinto bem e tem dias que eu me sinto um lixo? Ninguém me explicou isso! Por quê que minha autoestima tem dias que está mais ou menos razoável e, nesse meio, tem dias que está um lixo? Por quê?” (E2); “Talvez até não seja um pretexto, eu acho que a sua visão muda com a doença, que você começa a se preocupar mais com você! Você começa a se colocar em primeiro lugar! Porque antes, vem aquela coisa, minha mãe, meu filho, meu marido, e depois, você fala, não, ‘peraí’, agora é a minha vez! Então não é só pelo fato de ser um pretexto não, eu acho que é porque realmente você começa a se colocar em primeiro lugar!” (E7); os tratamentos são aterrorizantes pois modificam sua identidade e causam prejuízo laboral, dentro e fora do lar - “a minha dificuldade é mais na parte física porque eu estou limitada a fazer muitas coisas e isso irrita a gente, principalmente à mim que eu não consigo ficar muito parada, eu sempre tenho que estar mexendo com alguma coisa, então, isso que está me interferindo mais sabe, às vezes eu fico nervosa por não estar podendo fazer tanta coisa! Não limpo casa, não passo roupa, vejo alguma coisa que está pesada ali e eu não posso pegar, ter que ficar pedindo para as pessoas, isso é complicado, envolve muita coisa!” (E6); a alopecia advinda do tratamento quimioterápico tira-lhe a vontade de frequentar ambientes públicos – “É engraçado isso viu, se você parar para pensar! A gente fica assim, o seio machucado, sem o cabelo, a gente se sente feia, isso aí é verdade, a mulher se sente feia, tem os altos e baixos!” (E5); “Sim, mudou porque eu saía na rua e as pessoas me viam de um jeito, eu saio agora, a pessoa me vê de outro, mas antes mesmo da pessoa falar alguma coisa, eu já vou, cumprimento, falo alguma coisa para pessoa ver que eu estou bem, estou só sem o cabelo, mas o resto (...)!” (E3); a religiosidade é uma forma de enfrentamento à doença – “Eu sempre peço ajuda de Deus, a gente está fazendo o tratamento e Deus me segurou até aqui”. (E1). 2) Subcategoria - No aspecto físico: o descuido com a imagem corporal, abandono da vaidade e do uso de adornos - “eu sempre fui uma pessoa que na época era vaidosa, aí parei com tudo, eu não passava um batom, um lápis (...). Às vezes, eu vinha e eu via as mulheres passando pelo mesmo problema que eu, toda maquiada e tal, sabe assim, daí eu chegava a admirar!” (E1); dificuldade de expor ao parceiro seu corpo alterado, em detrimento do procedimento cirúrgico para remoção do tumor -“A parte sexual, que eu falo para você, que a cirurgia de mama, a retirada de mama, tira um pouco da sensualidade da mulher, querendo ou não, eu sei que a gente está lutando para viver, lógico, ali é uma luta! À primeira estância, eu penso assim: Oh meu Deus, eu não tenho que estar falando isso, porque meu Deus, eu estou viva! Só que é involuntário você pensar! É assim, acontece! Você tem hora que não se sente como mulher!” (E2); self aponta que é necessário encarar a situação de modo mais positivo - “Tem dias que você chega aqui [hospital] você vê gente com o triplo de problema maior do que o seu! Até é um egoísmo da parte da gente, você volta para casa aliviada, porque o teu, é tão pequeno o problema!” (E5).

Considerações Finais

Vivenciar o câncer de mama gerou desespero na mulher em função das alterações que os tratamentos provocaram em seu corpo e em sua vida como um todo. O fato de voltarem a atenção para suas vontades, antes deixadas em segundo plano, o apego a Deus, as experiências de outras pessoas com enfermidades piores que as suas, ser paciente frente a doença e tentar levar uma vida parecida com a que tinha anteriormente à descoberta da neoplasia, foram fatores positivos no enfrentamento da doença e adversidades dos tratamentos.

Palavras Chave

neoplasias da mama, mulher, repercussões

Area

Saúde da Mulher

Autores

ANA PAULA ALONSO REIS, CLICIA VALIM CORTES GRADIM, TATIANA SILVA VAZ PATERRA, ANDREA Ferreira Ouchi FRANÇA, MARISLEI SANCHES PANOBIANCO