Datos del trabajo


Título

VIVENCIAS DE MULHERES QUE OPTARAM PELO PARTO DOMICILIAR PLANEJADO NO OESTE CATARINENSE

Introdução

Antigamente, o parto era vivenciado no espaço doméstico pelas mulheres e seus acompanhantes, contudo, com o advento da tecnologia e avanços na área da saúde, medicina e obstetrícia, juntamente com mudanças sociais, ocorreu a institucionalização do parto e, consequente, medicalização. Tais mudanças culminaram na perda da autonomia da mulher, colocando-a como coadjuvante no processo de parir. Deste modo, muitas mulheres estão regressando ao ambiente primordial de realização do parto, optando pela modalidade Parto Domiciliar Planejado (PDP) a fim de retomar seu protagonismo e proporcionar um nascimento humanizado e respeitoso ao seu bebê.

Objetivos

Descrever a vivência de mulheres que optaram pelo PDP no oeste catarinense.

Método

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo-exploratório, realizada com dez mulheres. Foram incluídas no estudo aquelas que permaneceram durante todo o trabalho de parto e parto no domicílio e excluídas as que foram transferidas para alguma instituição de saúde no decorrer do trabalho de parto ou parto; com menos de 18 anos e que tiveram parto domiciliar desassistido. Os dados do estudo foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, entre setembro e novembro de 2016 e realizadas, majoritariamente, no domicílio das participantes, sendo registradas com um gravador digital smartphone. A finalização da coleta seguiu o critério de saturação dos dados e a análise considerou os pressupostos de Bardin. O estudo respeitou os aspectos éticos segundo a Resolução número 466 de 2012, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal da Fronteira Sul, sob parecer número 1.707.590 e CAAE 56837416.7.0000.5564.

Resultados

A partir da análise dos dados foi possível categorizar as participantes do estudo. Estas possuem idade média de 27,6 anos, sendo que a maioria ficou entre a faixa etária de 25 a 33 anos, nove são casadas e uma vive em união estável, oito entrevistadas possuem ensino superior completo, enquanto duas possuem o segundo grau completo. A renda familiar e condições socioeconômicas, em salários mínimos, variou entre dois a dez. A maioria das entrevistadas segue alguma crença/religião. Em relação à gestação, nove entrevistadas realizaram mais de dez consultas pré-natal, sendo metade delas primíparas e o restante, multíparas. Dois temas emergiram, sendo que o primeiro intitulou-se “Eu faria todo o dia se fosse para sentir aquela emoção de novo”. Este tema demonstrou que o PDP é um acontecimento muito aguardado e planejado pelas mulheres, envolvendo um preparo psicológico, físico e do domicílio. Cada PDP apresentou-se como um evento singular e especial, configurando-se na realização de um sonho para muitas mulheres. Estas relataram a experiência de parir no lar discorrendo sobre a preparação do ambiente, com a utilização de músicas, aromas, flores, entre outros, propiciando, além de uma ambientação, aconchego. O preparo psicológico para lidar com as contrações, bem como com o trabalho de parto e parto foi referido como de suma importância. As mulheres também mencionaram eventos e reações causadas pelo trabalho de parto, tais como vômito e/ou diarreia, dor lombar, cansaço e exaustão, comportamentos esperados no processo de parturição. Em relação à dor, as vivências denotaram a particularidade e a subjetividade do processo álgico, uma vez que cada mulher referiu a dor de maneira diferente, seja ela tolerável para algumas entrevistadas, ou de grande intensidade e visceral para outras. Ainda, as mulheres diferenciaram a dor do trabalho de parto de uma dor provocada por alguma patologia como diferentes da dor decorrente do período expulsivo, a qual foi comparada a uma força interior. Já em relação ao alívio da dor, as mulheres referiram o uso de diversos métodos não farmacológicos, como banhos de aspersão e de imersão, uso da bola suíça, massagens, deambulação, adoção de posições variadas e confortáveis, entre outros. Para além, a satisfação esteve relacionada, segundo as vivências, como fator amenizador da algia. Neste contexto, a satisfação foi o sentimento mais demonstrado nas falas das participantes, contemplando desde o trabalho de parto até o contentamento por estarem em seus lares, incluindo a presença de familiares e amigos e o apoio do marido. Este sentimento também ficou perceptível nas falas no que se refere à assistência prestada pela equipe de PDP que acompanhou o processo, visto que esta preservou um atendimento holístico e humanitário que complementou a técnica, englobando aspectos emocionais, físicos e culturais. O segundo tema, intitulado “O nascer é natural, o parir é natural, antigamente só se era assim, eu não sei porque existe tanto esse preconceito” apontou que a decisão pelo PDP se deu por vivências de partos anteriores e pelo medo de sofrer intervenções desnecessárias em ambiente hospitalar. Ainda, a vivência do PDP demonstrou-se permeada por aspectos e variáveis intrínsecas e extrínsecas ao processo que culminaram na decisão e certeza por esta modalidade de parto. Aliado às experiências anteriores, o conhecimento buscado pelas entrevistadas e o apoio do cônjuge foram fatores decisivos na opção pelo PDP. Ademais, o apoio dos familiares e da equipe configurou-se como essencial para a realização e o sucesso do PDP. Entretanto, a falta de apoio dos demais profissionais da saúde foi assinalado como aspecto negativo da assistência à saúde, evidenciado pelo descontentamento relacionado ao julgamento e ao preconceito experienciados pelas participantes do estudo, ao relatar a realização do PDP quando procuraram serviços de saúde para procedimentos de rotina, como a vacinação do recém-nascido. Demostrou-se que o PDP é a melhor opção para mulheres que aprofundam conhecimento acerca da biologia e fisiologia feminina e gestacional, possibilitando fugar da realidade oferecida pelo sistema de atendimento vigente em muitas instituições de saúde. Nesse sentido, o conhecimento pode ser considerado como ferramenta essencial e propulsora da mudança de realidade, auxiliando na escolha da mulher por um parir e nascer natural e respeitoso, além de auxiliar no combate a práticas assistenciais obstétricas não recomendadas e/ou desnecessárias.

Considerações Finais

As mulheres vivenciaram o PDP com muita vivacidade e intensidade, evidenciando-o como uma modalidade de parto que respeita o parir e o nascer, de forma natural e não intervencionista, protagonizando como autores a mãe, o bebê e as pessoas presentes nesta modalidade de atendimento.

Palavras Chave

Enfermagem; Enfermagem Obstétrica; Parto domiciliar; Parto Humanizado; Pesquisa Qualitativa.

Area

Saúde da Mulher

Instituciones

Prefeitura Municipal de Chapecó - Santa Catarina - Brasil, Universidade Comunitária de Chapecó - UNOCHAPECÓ - Santa Catarina - Brasil, Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS - Santa Catarina - Brasil

Autores

Iasmim Cristina ZILIO, Cláudio Claudino SILVA FILHO, Tassiana POTRICH, Crhis Netto BRUM, Siglinde Ribeiro MELO, Joice Moreira SCHMALFUSS