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Título

CONHECIMENTOS, COMPORTAMENTOS E SENTIMENTOS DAS AVOS NO PROCESSO DA AMAMENTAÇAO

Introdução

O aleitamento materno é um ato que estreita o vínculo entre a mãe e a criança, com transmissão de afeto, proteção e nutrição, capaz de reduzir a morbimortalidade infantil. Além dos benefícios diretos à criança, as repercussões positivas da amamentação se estendem à mãe, família, sociedade e meio ambiente. Porém, no mundo as taxas de aleitamento materno exclusivo até os seis meses e total estão aquém das recomendações da Organização Mundial de Saúde1. A literatura científica evidencia alguns fatores de risco para o desmame precoce: produção insuficiente de leite, fissuras, decisão materna em não amamentar, doenças no recém-nascido e ou maternas que contraindiquem a amamentação, motivos de trabalho/estudo da mulher e influência da rede social de apoio2. Dentre os membros da rede social, as avós se destacam por serem respeitadas dentro de seus contextos sociais, capazes de transmitir seus conhecimentos, os quais foram balizados em suas próprias vivências, podendo interferir na decisão da mulher em amamentar3.

Objetivos

Desvelar conhecimentos, comportamentos e sentimentos das avós no processo da amamentação.

Método

Revisão qualitativa descritiva guiada pelo referencial teórico-metodológico preconizado por Noblit e Hare, a Meta-etnografia4, descrita por sete passos. Nesta revisão, foi definida a área de interesse; formulação da pergunta condutora — “Quais os conhecimentos, comportamentos e sentimentos das avós no processo da amamentação?” e estabelecimento das estratégias de busca; avaliação crítica dos artigos primários pelo COREQ; extração das informações relevantes desses estudos por meio de leitura em profundidade e utilização de instrumento validado; apreensão, análise e agrupamento dos construtos de 1ª ordem — as falas dos participantes desses estudos selecionados — por similaridade nas categorias temáticas: conhecimentos, comportamentos e sentimentos. Todas essas etapas foram realizadas por dois examinadores independentes. A estratégia de busca dos estudos foi direcionada pelas combinações entre os descritores “aleitamento materno”, “avós”, “pesquisa qualitativa” e “CAP”, nas bases de dados MEDLINE, SCOPUS, CUIDEN, LILACS, BDENF e na biblioteca virtual SciELO, resultando em 3693 artigos. Após aplicação dos critérios de inclusão ─ artigos originais, qualitativos, cujos participantes eram mães e /ou avós, redigidos em português, inglês e espanhol, centrados na investigação dos conhecimentos, comportamentos e sentimentos das avós no processo de aleitamento materno — nove artigos compuseram a amostra. Os editoriais, cartas ao editor, estudos reflexivos, revisões integrativas, trabalhos de conclusão de curso, teses e dissertações foram excluídos. Um artigo, após esgotarem-se todos os esforços para sua aquisição, teve que ser retirado da seleção, caracterizando-se uma limitação do estudo. A discussão foi alicerçada no Referencial Teórico de Rede Social de Sanicola5.

Resultados

Os estudos foram realizados no Reino Unido, Nepal, Malawi, Estados Unidos, Austrália, Brasil, Paquistão e Myamar. No que diz respeito aos participantes, em quatro artigos, apenas as avós foram entrevistadas, em dois, somente as mães, os demais incluíram avós e mães, mães e pais e mães, pais e avós. O local de coleta das informações foi o domicílio desses colaboradores, centros comunitários, clínicas e hospitais. As entrevistas foram feitas individualmente e em grupos focais. Essas informações foram submetidas a análise de conteúdo e análise temática. Os referenciais teórico-metodológicos utilizados foram o Método Fenomenológico, a Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Transcultural, Teoria Problematizadora e Modelo Causal. Ressalta-se que em três artigos, o referencial não foi descrito. As avós reconhecem a necessidade de oferecer uma dieta saudável e hidratação adequada à mulher que amamenta; os benefícios da amamentação à saúde da mãe e da criança; que a amamentação promove o vínculo entre a mãe e a criança. No que se refere aos cuidados com os mamilos, coexistiu o relato de práticas recomendadas e outras contraindicadas pelas evidências científicas, as quais podem gerar riscos à integridade do órgão. As avós acreditam nos benefícios dos chás para as crianças e na necessidade de complementação com água e outros alimentos. Quanto aos comportamentos, as avós são fontes de apoios: o informativo ─ constantemente consultadas por suas filhas e noras; o instrumental ─ ao auxiliar na realização de tarefas domésticas e cuidados com as crianças e, o apoio presencial ─ mantendo-se próxima após o parto. Ademais, se por um lado as avós mantêm opiniões positivas sobre a amamentação, outras acham que essa prática é imprópria em público.

Considerações Finais

As avós têm conhecimentos dos benefícios do aleitamento materno, auxiliam suas filhas e noras em atividades práticas e proferem opiniões positivas sobre amamentação. Contudo, realizam aconselhamentos de ofertas de outros alimentos que no ideário delas foi capaz de nutrir outras gerações, hoje fortes e saudáveis. A noção das avós sobre a quantidade e qualidade do leite materno é o ponto fundamental na determinação do tipo de apoio que exercerão nesse processo e deve ser considerada pelos profissionais da saúde no planejamento de ações que envolvam a mulher e sua rede social durante todo o ciclo gravídico-puerperal.

Palavras Chave

PESQUISA QUALITATIVA, ALEITAMENTO MATERNO, AVÓS, ENFERMAGEM

1.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da Criança: Nutrição Infantil-Aleitamento Materno e Nutrição Complementar. Brasília: Ministério da Saúde; 2015.
2. Caminha MFC, Cruz RSBL, Acioly VMC, Nascimento RR, Azevedo PTACC, Cabral de Lira PIC et al. 2016. Fatores de risco para a não amamentação: um estudo caso-controle. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant. 2015; 15 (2): 193-199.
3.Prates LA, Schmalfuss JM, Lipinski JM. Rede de apoio social de puérperas na prática da amamentação. Esc. Anna Nery[Internet]. 2015 [acessoem 24 mai 2018]; 19 (2): 310-15. Disponível em: www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452015000200310
4.Noblit GW, Hare RD. Meta-ethnography: synthesizing qualitative studies. 11 ed. Newbury Park, CA: Sage; 1988.
5. Sanicola L. As dinâmicas de rede e o trabalho social. São Paulo: Veras Editora, 2015.

Area

Saúde da Criança

Instituciones

Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

BARBARA HELENA DE BRITO ANGELO, Cleide Maria Pontes, Gabriela Cunha Schechtman Sette, Luciana Pedrosa Leal