Datos del trabajo


Título

“Escolhi o parto domiciliar”: As redes de apoio para sustentar a decisão de outra forma de parir

Introdução

A mulher, desde os primórdios, era a protagonista no processo de nascimento do seu filho e escolhia, instintivamente, o modo como se daria o evento, ou seja, escolhia o lugar e a posição que a deixasse mais confortável para parir. Em meados do século XX, o parto tornou-se um processo institucionalizado, e a partir deste momento, abre-se espaço para outros personagens no cenário do nascimento e a mulher que deveria ser protagonista do evento, passa a ser apenas um objeto do processo de parturição. O modelo de assistência obstétrica atual está baseado na medicalização do processo de parturição, no excesso de adventos tecnológicos e cesáreas eletivas. Além desses aspectos, surge a submissão da mulher às normas e rotinas impostas pelas instituições hospitalares sem levar em consideração as peculiaridades de cada ser. Diferentemente da atenção intervencionista que caracteriza o parto hospitalar, o parto domiciliar é um modelo de assistência em que se prioriza o emprego de terapias que não envolvam medicamentos e sim formas alternativas de cuidado utilizando-se terapias complementares como acupuntura, banho de imersão e chuveiro e massagens para relaxamento, respeitando as particularidades de cada gestante, seu filho e sua família.

Objetivos

Conhecer a vivência de mulheres que optaram pelo Parto Domiciliar.

Método

O presente resumo é parte dos resultados da pesquisa “Parto domiciliar: Retrocesso, modismo ou busca por respeito?”. Estudo qualitativo e descritivo com dez mulheres que optaram pelo parto domiciliar e forma contatadas a partir de grupos de apoio à gestação nas redes sociais. A coleta de dados se deu por meio de entrevista semiestruturada, individual e gravada.

Resultados

Com base nos resultados, constata-se que a escolha do parto domiciliar se deu em função de experiências anteriores negativas ou pela dúvida de ser o ambiente hospitalar o melhor lugar para parir. A opção não foi inconsequente nem irracional e sim, alicerçada na construção de um ideal em relação ao parto a partir de muito estudo e busca de conhecimento ao longo da gestação. Acredita-se que a mulher esclarecida de seus direitos, desenvolve autonomia para uma vivência mais participativa no seu parto tornando este momento uma experiência enriquecedora, além do refletir no fortalecimento da unidade familiar. Devido às mudanças físicas, sociais e psicológicas provenientes da decisão e do planejamento para a chegada de um filho e do processo de adequação da mulher e dos familiares para vivência do processo gestacional, contar com uma rede de apoio torna-se fundamental para que a experiência seja positiva. Na opção pelo parto domiciliar a rede de apoio qualificada é primordial para que a vivência do processo de parturição seja permeada por sentimentos positivos e está intimamente relacionada com a forma como os casais construirão os novos significados que irão refletir na vida conjugal e parental. Por meio dos discursos das participantes foi possível observar o companheiro como principal fio de sustentação da rede de apoio da mulher. Neste contexto percebe-se um “novo” modelo de pai, participativo e envolvido evidenciando uma mudança radical na percepção de que os filhos não são exclusividade das mães e sim da parceria de ambos. A rede de apoio da mulher durante a gestação, parto e pós-parto não fica restrita ao companheiro, pois entende que as redes sociais vão determinar as particularidades de uma pessoa (hábitos, costumes, crenças e valores) em virtude das relações estabelecidas, e tem a função de fornecer apoio emocional por meio de informações, materiais e de serviços. Nesta perspectiva, as entrevistadas relataram outras pessoas além do companheiro que também fizeram parte momento do parto demonstrando a relevância da presença de pessoas que promovam ambiente de tranquilidade para que a mulher se sinta segura e possa expressar os sentimentos que surgirem durante o processo de parturição. Diferente da rede de apoio primária que se mostrou qualificada com a presença de companheiros, familiares e amigos em todo processo de parto domiciliar, as mulheres deste estudo enfatizaram fragilidades na rede de apoio secundária, tanto no que se refere aos profissionais de saúde inseridos no Sistema Único de Saúde e que deveriam prestar acolhimento e ser fonte de informações para as mesmas quanto às instituições que prestam serviços no decorrer da gestação, parto e puerpério.

Considerações Finais

Ao conhecermos as redes de apoio das mulheres que ousam enfrentar o modelo de assistência obstétrica atual, percebe-se a importância das relações entre as pessoas que compartilham e fazem diferença no processo de escolha, sustentação e enfrentamento acerca das decisões sobre a escolha pelo parto domiciliar. Porém, na rede de apoio secundária apontada pelas mulheres foi possível pressupor que ainda prevalece no senso comum a representação social do parto domiciliar como um ato de irresponsabilidade. O julgamento pela sociedade da escolha do casal por este tipo de parto, gera frustrações e constrangimentos a aqueles que buscam resgatar o parto como um evento natural e único. Os depoimentos revelaram o companheiro como o principal apoiador da mulher nessa jornada. A construção da parentalidade por esses casais é muito exercitada, pois o pai, até antes passivo dentro do processo gestacional, agora aprofunda seus conhecimentos e torna-se ativo, saindo da posição do “pai que ajuda” para “o pai que tem consciência do seu papel na criação do filho”. Os resultados deste estudo apontam que as mulheres querem de volta a possibilidade de escolha acerca do processo de parir, e que esta, seja respeitada. O conhecimento está disponível, na tela do computador à um toque de distância, para quem quiser ler. Estes “novos” pais leem muito, debatem, questionam e não se contentam com as escassas e falhas informações disponibilizadas pelos profissionais de saúde. As entrevistadas demonstraram consciência de saber o que é melhor para elas e seus filhos e basearam suas escolhas nas referências mais atualizadas sobre o assunto e cercaram-se de todo cuidado para vivenciarem o nascimento de seus filhos.

Palavras Chave

Parto domiciliar, parto humanizado, parto normal.

Area

Saúde da Mulher

Autores

Pricilla Porto Quadro, Marilu Correa Soares, Luiza Rocha Braga, Greice Carvalho Matos, Susana Cecagno, Cássia Luise Boettcher, Juliane Portella Ribeiro, Juliana Baptista Rodrigues