Datos del trabajo


Título

AUTOCUIDADO DE PESSOAS ESTOMIZADAS INTESTINAIS: PARA ALEM DO PROCEDIMENTAL PARA O ALCANCE DA REABILITAÇAO

Introdução

O processo de estomização intestinal traz a necessidade de aprendizagem do autocuidado da estomia e do equipamento coletor. Contudo, esta é o início do processo de reabilitação, que deve ser compreendido para além do cuidado procedimental, com todas as suas repercussões, incluindo-se a perspectiva daquele que vive a experiência no planejamento da assistência.

Objetivos

Analisar as características sociodemográficas, clínicas e de capacidade de autocuidado de pessoas estomizadas intestinais cadastradas em um Programa de Ostomizados do interior paulista; e interpretar a experiência de autocuidado com a estomia intestinal de pacientes do Programa de Ostomizados de uma cidade paulista.

Método

Estudo de desenho misto, do tipo sequencial explanatório, sendo que a primeira etapa quantitativa foi descritiva e transversal sobre caracterização sociodemográfica, clínica e de autocuidado; e a segunda qualitativa exploratória sobre a interpretação da experiência da pessoa sobre o autocuidado (Parecer nº 896.782/2014 CEP/EERP-USP). Na etapa quantitativa aplicou-se três instrumentos, um de caracterização sociodemográfica dos estomizados, outro para mensuração da capacidade de autocuidado geral (Escala de Avaliação de Autocuidado Revisada) e um terceiro para mensuração da capacidade de autocuidado específica de estomizados intestinais, mediante critérios de inclusão e exclusão. A etapa qualitativa foi desenvolvida por meio de entrevistas em profundidade de estomizados do Programa de Ostomizados com a técnica do grupo focal, além do diário de campo, da observação não participante e participante para a obtenção dos dados, com utilização da Análise Temática e do Modelo Social da Deficiência para a interpretação.

Resultados

A análise estatística descritiva dos dados indicou, que do total de 120 estomizados intestinais, predominou 57,5% participantes do sexo masculino; 64,9% com idade até 73 anos; 68,4% com até cinco anos de estudo e 71,0% casados; 76,0% possuíam colostomia, sendo 62,6% por neoplasia colorretal; com presença complicações em 54,2% estomizados, principalmente a hérnia paraestomal em 39,1%; e 68,5% utilizavam a bolsa coletora de uma peça drenável. Quanto à capacidade de autocuidado geral, 95,9% estomizados apresentaram capacidade plena, porém a capacidade plena para o autocuidado específico com a estomia intestinal e equipamentos coletores foi de 56,8%. Estes resultados possibilitaram dimensionar o contexto do estudo e refinar os critérios de seleção dos possíveis participantes para a etapa qualitativa, na qual participaram do grupo focal, nove pessoas estomizadas intestinais, com média de idade de 60,7 anos, sendo que a escolaridade variou de ensino fundamental incompleto a ensino superior. Além disso, a maioria era casada, aposentada e ou afastada por motivo de doença, cuja renda familiar era entre dois e dez salários mínimos e todos coabitavam com algum familiar. Em relação à caracterização clínica, cinco apresentavam colostomia e quatro ileostomia, sendo que o tempo de estomização variou entre 10 meses e 30 anos, com predomínio do diagnóstico de câncer colorretal e doença inflamatória intestinal. Além disso, seis apresentaram complicações de estoma como retração e hérnia paraestomal, sendo que apenas dois foram demarcados no pré-operatório. Em relação ao equipamento coletor, sete utilizavam a de duas peças, associado a adjuvantes de proteção e segurança. Quando avaliados sobre a capacidade de autocuidado específico com a estomia e equipamento coletor, cinco apresentaram capacidade plena, dois com capacidade parcial e dois com capacidade ausente para o autocuidado. Assim, estes participantes apresentavam características semelhantes aos participantes da etapa quantitativa. A experiência destes estomizados foi categorizada com o tema “A experiência da necessidade do autocuidado após o processo de estomização intestinal”, com dois núcleos “Assistência interdisciplinar necessária às pessoas estomizadas intestinais” que aprofunda a compreensão do processo de estomização intestinal vivido por estas pessoas, cujo principal desafio após a alta hospitalar, foi a realização do autocuidado com a estomia e o equipamento coletor, mas muitos não tiveram uma assistência perioperatória, que realmente atendesse a demanda de suas necessidades; e “O autocuidado para a reabilitação da pessoa estomizada intestinal”, no qual houve o enfrentamento destas em relação ao auto preconceito e o estigma da nova condição de saúde e ter uma deficiência física, desenvolvimento de estratégias como adoção de rituais e hábito, que lhes davam sensação de segurança para conseguir realizar o autocuidado, apesar de verbalizarem que nem sempre isso tivesse fundamentação científica. Muitas vezes, a possibilidade de realização do autocuidado pleno impediu a condenação perante a sociedade por ter uma deficiência, ou seja, a independência para o autocuidado minimizou esta condição. Evidenciou-se a necessidade de assistência especializada hospitalar e a continuidade do suporte profissional interdisciplinar no seguimento ambulatorial. As dificuldades resolvidas foram consideradas como o resultado da adesão a um novo estilo de vida após o adoecimento, que repercute na alimentação e na necessidade de adoção de novas condutas para sua saúde como o abandono de vícios (álcool e cigarro); no surgimento do auto preconceito sobre a sua nova condição de saúde e na necessidade de realização do autocuidado. Ao longo do tempo conseguiram alcançar a capacidade plena para o autocuidado tornando-se independentes para as atividades de vida diária. Contudo, outras ainda se sentiam inseguras, principalmente quando auxiliados pelo seu familiar, por envolver algum tipo de complicação de estomia, característica do próprio processo de envelhecimento, ou ainda, pela responsabilização voluntária do familiar.

Considerações Finais

As pessoas com estomias intestinais por doença crônica necessitam de uma assistência integral da equipe multidisciplinar, com o aprendizado do autocuidado, que considere as suas características sociodemográficas, clínicas e de capacidade para o autocuidado, além da acessibilidade aos equipamentos coletores adequados. O Modelo Social da Deficiência possibilitou a interpretação da deficiência física destas pessoas, para além dos aspectos físicos e cuidados procedimentais, incluindo-se as barreiras sociais e contextuais da assistência à saúde, que influenciam o aprendizado do autocuidado e consequentemente o alcance da reabilitação.

Palavras Chave

Paciente. Estomia. Autocuidado. Reabilitação.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Vanessa Damiana Menis Sasaki, André Aparecido Silva Teles, Natália Michelato Silva, Sara Rodrigues Rosado, Nariman Felício Bortucan Lenza, Janderson Cleiton Aguiar, Luciana Scatralhe Buetto, Helena Megumi Sonobe