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Título

O PRECONCEITO COMO DETERMINANTE SOCIAL NA SAÚDE DE MULHERES LÉSBICAS

Introdução

O preconceito e a discriminação contra mulheres lésbicas podem causar adoecimento físico e psicológico. Sendo assim, é imprescindível que a equidade em saúde seja pautada no que concerne à saúde dessas mulheres, promovendo o respeito e a humanização na assistência. A heteronormatividade é uma presunção errônea que as relações afetivas são apenas heterossexuais, sendo um exemplo de discriminação nos serviços de saúde. As normas sociais heteronormativas determinam padrões socialmente impostos em relação ao sexo, corpo e questões culturais, que particularizam dentro das instituições as formas de assistência. As lésbicas vivenciam esse tipo de exclusão quando as ações para a saúde das mulheres são direcionadas para as heterossexuais, promovendo a invisibilidade dessas mulheres dentro dos serviços de saúde. A falta de conhecimentos dos profissionais de saúde sobre a saúde das lésbicas é advinda desde a base de formação acadêmica que privilegia a heterossexualidade como padrão normativo, provocando percepções errôneas de profissionais de saúde, além de não proporcionar discussões baseadas em evidências clínicas. Então, percebe-se que para a quebra desse paradigma, os profissionais de saúde devem praticar uma assistência que valorize os direitos humanos de todas as pessoas, por meio do desprendimento de preceitos morais que podem influenciar no momento do seu atendimento.

Objetivos

Desse modo, o objetivo do presente estudo é refletir criticamente como o preconceito e a discriminação podem influenciar na saúde de mulheres lésbicas.

Desenvolvimento

Como se trata de uma reflexão teórica, é digno de nota que diversos estudos sobre a temática que envolve sexualidade e gênero apontam que as mulheres sofrem exclusão e discriminação em todo o mundo por conta de suas práticas sexuais, provocando consequências negativas que podem ocasionar adoecimento e ameaçar a qualidade de vida. Dentre essas exclusões contra as mulheres, está o preconceito contra lésbicas durante o momento de assistência, sendo um fator prejudicial para proporcionar os cuidados em saúde que contemplem favoravelmente a necessidade dessas mulheres. Por conta do rompimento com o padrão heteronormativo imposto pela sociedade, as lésbicas também sofrem violência de gênero por meio da exclusão, ofensas, agressões físicas e ameaças. Em uma pesquisa realizada com mulheres lésbicas em Lesoto, na África Austral, constatou-se que 52% das entrevistadas sofreram assédio verbal, 14% foram espancadas devido a orientação sexual e 9% referiram estupro, sendo que destas 31% mencionaram que a violência ocorreu por conta da orientação sexual. No Brasil, foi lançado em 2018 o primeiro Dossiê sobre lesbocídio, relatando 180 registro de homicídios contra lésbicas entre 2000 e 2017, desses 126 ocorreram entre 2014 e 2017. Outro fator importante para o conhecimento dos profissionais de saúde, que não deve passar despercebido, é de que as lésbicas podem sofrer violência até dentro de suas casas, e, muitas vezes são vítimas de abandono e expulsão pela própria família. Nessa perspectiva, é importante que se tenha conhecimento das vivências dessas mulheres, porque quando os profissionais de saúde não promovem uma assistência integral, configura-se tal atitude como uma forma de exclusão e até mesmo de violência. Por isso é imprescindível a humanização no atendimento, e que busque uma transformação no cenário da saúde, visando políticas e uma assistência que promovam estratégias de uma melhor qualidade de vida. Porém, para que haja essa interação de fato é preciso que se tenha clareza ao olhar o outro e sua individualidade, compreendendo o outro por meio do respeito a sua subjetividade. Entretanto, para inserir tais intentos e práticas dentro desses serviços é primordial que os profissionais reflitam de que forma é aplicada a sua assistência para que não se produza violência institucional. Até porque a falta de reflexão e discussão sobre a saúde das lésbicas faz com que elas se tornem suscetíveis ao câncer de colo de útero, por conta da percepção errônea que elas não contraem o Human Papiloma Vírus (HPV). Essas mulheres devem ser orientadas pelos profissionais de saúde sobre a necessidade da realização do preventivo do câncer de colo do útero (PCCU) e das formas de transmissão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), informando que a infecção também pode ocorrer sem penetração, pois o contato com secreção oral, vaginal ou anal tem percentual de risco, assim como com a menstruação. Porém, para contribuir com a qualidade nas instituições de saúde, carece de uma maior capacitação dos profissionais de saúde, buscando a equidade e o respeito a diversidade sexual e aos direitos humanos.

Considerações Finais

Com isso, conclui-se que o preconceito contra lésbicas ocorre em diversos cenários da sociedade, como nas comunidades, ambiente familiar e até mesmo nas instituições de saúde que deveria ser um local de atendimento humanizado. Por isso, o conhecimento da vivência das lésbicas é um dos fatores importantes para a assistência, podendo auxiliar na prescrição de cuidados em saúde de acordo com as demandas e anseios dessas mulheres. Para tanto, é preciso que os profissionais de saúde pratiquem uma assistência sem preconceito e juízos de valores, evitando assim um atendimento ineficaz que contribua com o afastamento dos serviços de saúde e o adoecimento dessas mulheres.

Palavras Chave

Preconceito, Discriminação, Saúde, mulheres lésbicas

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Instituciones

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ - Pará - Brasil

Autores

GESIANY MIRANDA FARIAS, VERA LÚCIA DE AZEVEDO LIMA, MARIA LÚCIA CHAVES LIMA, VALQUÍRIA RODRIGUES GOMES, YARA DE SOUZA GUEDES, LUANNA TOMAZ DE SOUZA, ANDREY FERREIRA DA SILVA