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Título

GRUPOS INTERATIVOS: UMA INOVADORA PROPOSTA DE TRABALHO TRANSDISCIPLINAR

Introdução

A Atenção Primária à Saúde vem sendo, historicamente, constituída como um espaço privilegiado para a efetivação do cuidado, pois está situada no território em que as pessoas vivem, transitam e trabalham. Essa proximidade favorece o conhecimento da realidade e o estabelecimento de vínculos entre profissionais e usuários, implicando em um cuidado voltado para o indivíduo, no contexto da família e da comunidade, atento às suas necessidades e demandas. Atuar profissionalmente, em um serviço considerado o centro da Rede de Atenção à Saúde (RAS), ordenadora desse cuidado, constitui-se um desafio. Ao longo dos anos, a saúde dos municípios, por meio de gestores, profissionais, usuários, e instituições de ensino, vem aderindo as políticas públicas de saúde e, com isso, a modos de ampliar o acesso da população aos serviços de saúde, em busca de mais qualidade nas ações desenvolvidas, a exemplo da implantação das equipes de Saúde da Família (eSF) e os Núcleos Ampliados de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf-AB). Uma vez constituídas, estas equipes multiprofissionais precisam aprender a trabalhar interdisciplinarmente, ou seja, pensar para além de seus núcleos de saber. Não basta ser o detentor do seu saber-fazer profissional, é preciso conhecer o saber do outro e encontrar o ponto de convergência entre estes saberes, no qual eles se encontram e se complementam. Essa riqueza de saberes favorece a construção coletiva de novos modos de produzir saúde, que abrem diferentes espaços para o debate, problematizando a realidade, valorizando o pensar e o sentir do outro, buscando implementar propostas de trabalho integradas, que valorizem a humanidade de cada profissional.

Objetivos

Refletir sobre o grupo de desenvolvimento humano (GDH) como uma inovadora proposta de trabalho profissional transdisciplinar com usuários.

Desenvolvimento

No final de 2010, o município de Chapecó-SC aderia ao Nasf-AB. Tratava-se da implantação de equipes de saúde multiprofissionais, atuando em um novo modelo proposto pelo Ministério da Saúde. Essas equipes têm como objetivo atuar de modo integrado e interdisciplinar, ampliando a resolutividade e oferta de ações, em especial as voltadas à promoção da saúde, oferecendo suporte clínico, sanitário e pedagógico às eSF. Esse novo modelo de atenção trazia consigo a necessidade do trabalho por meio de atividades coletivas e grupos de usuários, o que exige, por parte de algumas categorias de profissionais dos Nasf-AB, habilidades para além daquelas que eles tinham, dado à sua formação. Então, por iniciativa de um médico psiquiatra, em parceria com uma enfermeira que atuava na gestão e o envolvimento de quatro psicólogos, sendo que três atuavam no Nasf-AB e um no CAPS, em junho de 2012, teve início o GDH que, gradativamente, foi sendo expandido e integrando diferentes categorias profissionais. Ao longo destes seis anos, o GDH vem se fortalecendo e, atualmente, conta com mais de 100 profissionais da RAS e da Assistência Social de Chapecó, além de outros espaços, tais como as Instituições de Ensino Superior. Os grupos estão divididos em quatro subgrupos de estudos: os iniciantes, intermediários, avançados e capacitadores. O GDH é reconhecido como um espaço de educação permanente e contempla uma proposta de inserção na psicologia social atrelada ao conceito de grupos operativos(1) e de pequenos grupos sistêmicos complexos(2-3). O GDH contempla três momentos: (I) os grupos de estudo com os profissionais de diferentes serviços; (II) os grupos interativos com usuários que são conduzidos pelos profissionais que participam dos grupos de estudo; (III) o seminário pós grupo dos profissionais(4). No momento (I) os profissionais que participam do grupo de estudo elegem um relato para cada encontro e desenvolvem a discussão a luz de um referencial teórico. Este relato é escolhido a partir de um dos grupos com usuários conduzidos por estes profissionais, e é utilizado para estudo nestes encontros de matriciamento que acontecem a cada três semanas. Nestes grupos de estudo busca-se compreender o processo grupal, desde o surgimento do emergente grupal, através do porta voz do grupo, até a elaboração da tarefa. Ou seja, o grupo aponta alguma solução para o problema contido no emergente grupal. O momento (II) é quando acontecem os grupos com os usuários nos diferentes serviços, sob uma perspectiva de interação e, por isso, o método de condução dos grupos criados a partir do GDH é denominado “grupo interativo”. Estes grupos são baseados no pressuposto de que o existir humano implica em resolver problemas inerentes à vida, e que algumas pessoas carregam problemas não resolvidos os quais se constituem em conflitos para as mesmas. Estes conflitos são potencialmente adoecedores ou provocam agravos a doenças instaladas. O grupo contribui para a resolução daqueles a partir da interação, do partilhamento de conhecimentos entre participantes e profissionais de saúde. Percebe-se que, da interação do Esquema Conceitual e Referencial Operativo (ECRO) pessoal surge como resultado um ECRO grupal(1). E assim, de forma transdisciplinar(5), o grupo cria e aponta um jeito novo de lidar e resolver o referido problema contido no emergente grupal. No momento (III) os profissionais e o médico psiquiatra realizam o seminário pós grupo. Após cada grupo com usuários, os profissionais escrevem um relato dialogado do grupo e discutem o fenômeno grupal com um coordenador, com o objetivo de se capacitarem para coordenarem grupos baseados na interação. E aqui, assim como no momento (I), repete-se a ação “transdisciplinar. Ou seja, os profissionais usam de seus ECROS “acadêmicos” para refletirem sobre o fenômeno grupal. A resultante é um ECRO “transdisciplinar” construído no contexto da reflexão.

Considerações Finais

O GDH, através de uma ação “transdisciplinar”, instrumentaliza profissionais a atuarem em diferentes serviços através dos grupos interativos. Concomitantemente contribui com a autonomia dos usuários na solução dos problemas, auxiliando na promoção da saúde dos mesmos. Auxilia na diminuição dos agravos em saúde, nos gastos com medicalização excessiva, assim como na realização de exames complementares desnecessários. Nessa direção, considera-se a importância de que os atores envolvidos na proposta participem e desenvolvam pesquisas relacionadas ao impacto e à possibilidade de utilização desta metodologia para a promoção da saúde dos indivíduos e da coletividade.

Palavras Chave

Atenção primária à saúde, equipe multiprofissional, processo grupal.

Area

Promoção da saúde

Autores

Fernanda Karla Metelski, Flávio Braga de Freitas, Marcia Luiza Pit, Bruna Bertollo, Cristina dos Santos Padilha, Vivanceli Brunello, Carine Vendruscolo, Betina Hörner Schlindwein Meirelles