Datos del trabajo


Título

A CORRESPONSABILIDADE DAS PESSOAS ENVOLVIDAS NO CUIDADO A HEPATITE C CRONICA

Introdução

A hepatite C crônica (HCV) é uma doença caracterizada pela sua descoberta no período crônico (60 a 85% dos casos), responsável pelo adoecimento de 71 milhões de pessoas, contabilizando 400 mil óbitos por ano em todo o mundo. Destes, 657 mil brasileiros sororreagentes necessitam de tratamento¹. Apesar do desenvolvimento de medicações que permitem uma melhor qualidade de vida, o cuidado com as outras dimensões do ser é vital, como a dimensão emocional, a espiritual, através do fortalecimento das redes de cuidado, seja ela comunitária, familiar ou a própria Rede de Atenção à Saúde (RAS)²,³. De encontro a este propósito temos a humanização da assistência, que surgiu na saúde através da Política de Humanização da Atenção e Gestão no Sistema Único de Saúde em 2003, que inclui a corresponsabilidade como ferramenta de transformação dos pacientes em sujeitos ativos do seu cuidado, aumentando a adesão ao tratamento. Temos então o entendimento de que a corresponsabilidade é o compartilhar do planejamento e das ações do seu cuidado4. Diante do crescente aumento das pessoas com HCV e da necessidade de uma corresponsabilização dos profissionais e das pessoas com esta doença, surge a questão: Como se expressa a corresponsabilidade no cuidado a hepatite C?

Objetivos

Conhecer como se expressa a corresponsabilidade no cuidado a hepatite C pelas pessoas envolvidas neste processo em um serviço de Referência Estadual para o Tratamento em Infectologia.

Método

Pesquisa qualitativa, exploratório descritiva, com amostragem por conveniência, sendo entrevistadas 12 pessoas pela saturação dos dados, das quais seis profissionais da saúde envolvidos no cuidado a pessoas com hepatite C (02 médicos infectologistas, 01 enfermeiro, 02 técnicos em enfermagem e 01 farmacêutico) e seis pessoas com hepatite C crônica, maiores de 18 anos, com diagnóstico há 1 ano, em tratamento específico para a doença. Os dados foram coletados entre março e abril de 2013, no Polo de Aplicação e Monitorização de Medicamentos Injetáveis (PAMMI) de um Hospital de Referência Estadual em Infectologia no sul do Brasil, através de entrevistas semi estruturadas. A análise de conteúdo de Bardin5 foi a selecionada para analisar os dados levantados nas entrevistas, composta por: a pré-análise, a exploração do material, e o tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A partir dos resultados obtivemos as seguintes categorias: “Corresponsabilidade como interação e cumplicidade no cuidado” e “Corresponsabilidade com qualidade em rede”. Em todas as etapas desta pesquisa foram respeitados os preceitos éticos conforme Resolução nº466/12 do Conselho Nacional de Saúde, aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSC com parecer nº 216.379, e CAAE nº 13302613.8.0000.0121. Após explanação sobre o estudo, os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, não havendo desistências. Para garantir o anonimato dos participantes, foram identificados com as siglas PH (pessoa com hepatite) e PS (profissional da saúde), seguida de número sequencial conforme a coleta.

Resultados

A categoria “Corresponsabilidade como interação e cumplicidade no cuidado” mostra que quando a responsabilidade é compartilhada ela se torna corresponsabilidade, e isto é observado tanto pelas pessoas que vivem com a hepatite C quanto pelos profissionais que os assistem. Contudo, a equipe exprime a necessidade de um número maior de especialistas para um melhor atendimento a estas pessoas, embora o realizem de maneira compartilhada, conforme relata PS01:Na verdade, tem o médico, tem a enfermeira, mas eu [técnico de enfermagem] que faço os procedimentos. E PS03: [...]o médico responsável pelo paciente teria a responsabilidade, e nós somos corresponsáveis, nós, o paciente, toda equipe. A corresponsabilidade se expressa como a cumplicidade. Manifesta-se através da escuta atenta e do apoio nas decisões. Para PS05: A responsabilidade de orientar, em cobrar, mas a responsabilidade total final é de cada um. Assim, a corresponsabilidade entre o binômio paciente-profissional se expressa na cumplicidade entre si, como nos traz PH 02: Corresponsabilidade? Talvez tudo isso que eu estou fazendo com relação a quem está me tratando [...] realmente, é uma cumplicidade entre os dois. A categoria “Corresponsabilidade com qualidade em rede” mostra que articular a assistência ali prestada com outros serviços é primordial, sendo responsabilidade do governo o oferecimento de suporte para uma boa estruturação do atendimento. Para PS 06: Quando a gente fala em ‘co’, eu coloco essa palavra corresponsabilidade quando eu faço carta pro município, colocando o município como corresponsável no tratamento. Ressaltam ainda a importância da capacitação profissional da RAS, considerando que o cuidado a essa pessoa é compartilhado nos seus diferentes pontos, conforme PS 04: Essa pessoa ela vem aqui e as vezes ela está lá no bairro dela e faz o acompanhamento com a agente de saúde[...] Porque às vezes ele vai procurar a UPA, procurar outros lugares por conta dos efeitos adversos. Além da RAS, a existência de uma rede de cuidados e apoio é essencial para o tratamento, pois se não houver alguém que se responsabilize pelo paciente ele não o inicia. PS04: [...]tem que ter um acompanhante. A gente pede que venha um familiar, isso é o pré-requisito para a gente tratar. E PH 06: [...]Essas pessoas da minha família que sabem, eles me deram todo o apoio, então elas também são corresponsáveis.

Considerações Finais

A maioria dos pontos levantados sobre a corresponsabilização no cuidado à pessoas com Hepatite C pelos profissionais da saúde, também foram levantados pelas pessoas que vivenciam a doença. Assim, para eles se faz necessário um atendimento multiprofissional, a rede de cuidados, e em especial a cumplicidade entre os sujeitos envolvidos para que se alcance a cura. Sendo a hepatite C uma doença crônica de difícil manejo, visto as reações adversas advindas do seu tratamento, se faz necessário uma gestão do cuidado responsável, pautada na ética da responsabilidade, como o acolhimento, a cumplicidade, a inclusão do paciente na gestão do cuidado, pois é desta forma que ele poderá compreender que é responsável pelo seu cuidado tanto quanto a equipe de saúde que o atende. A corresponsabilidade que surge, então, melhora a adesão e permite a realização do tratamento com mais qualidade de vida até o seu término.

Palavras Chave

Corresponsabilidade. Hepatite C. Profissionais da saúde. Pacientes. Enfermagem.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

DAIANY PIANEZZER DE SOUZA, BETINA HORNER SCHLINDWEIN MEIRELLES, CAROLINA KAHL KAHL, GEOVANA PFLEGER