Datos del trabajo


Título

DEMANDA DE SUPORTE PSICOLOGICO DE PACIENTES COM DOENÇAS COLORRETAIS EM TRATAMENTO CIRURGICO COM CONFECÇAO DE ESTOMIA

Introdução

As pessoas com doenças colorretais crônicas em tratamento cirúrgico com possibilidade de confecção de estoma intestinal vivem uma situação de crise, em decorrência do adoecimento e das expectativas de mudanças, que podem gerar grandes repercussões emocionais durante a internação hospitalar. Assim, a assistência de saúde para estas pessoas deve ser prestada por uma equipe interdisciplinar.

Objetivos

Analisar a demanda de suporte psicológico de pessoas com doenças colorretais crônicas em tratamento cirúrgico com possibilidade de confecção de estoma intestinal, durante a internação hospitalar.

Método

Estudo descritivo qualitativo, no qual foram coletadas informações socioculturais, clínicas e terapêuticas, além de entrevistas individuais semiestruturadas nos períodos pré e pós-operatórios, com questões norteadoras sobre a demanda psicológica da experiência cirúrgica com possibilidade de estomização, dados de observação não participante e observação participante. Os critérios de seleção de possíveis participantes foram: pacientes com indicação cirúrgica com confecção de estoma intestinal; acima de 18 anos; de ambos os sexos; que obtiverem a pontuação adequada com sua escolaridade no Miniexame do Estado Mental, nos meses de março e abril de 2018 (CEP/EERP-USP- Parecer nº 1.758.176). A análise dos dados do trabalho de campo e das entrevistas foi realizada mediante Análise Temática, com as etapas de Familiarização com os dados; Geração de códigos iniciais; Busca por temas; Análise dos temas; Definição final dos temas; e Produção do relatório do estudo, com fundamentação no Referencial da Psicologia Hospitalar.

Resultados

Participaram do estudo oito pacientes, sendo três homens e cinco mulheres, com idades entre 39 e 74 anos, predominantemente participantes com diagnóstico de câncer colorretal. A necessidade de suporte psicológico foi categorizada em Demanda pré-operatória e Demanda pós-operatória. No pré-operatório, as demandas psicológicas estavam vinculadas à necessidade de receber informações sobre a cirurgia e suas consequências, com confiança na resolução do problema pelo tratamento cirúrgico; expectativas sobre o procedimento cirúrgico, com explicitação do medo e da ansiedade diante do desconhecido e a necessidade de atendimento psicológico, pois relataram preferir não pensar na cirurgia e medo de precisar da “bolsinha”. Apesar de ser realizada a demarcação de estoma e ensino pré-operatórios sobre cirurgia e suas consequências, ainda referiram sentimentos de ansiedade, angústia e medos em relação ao desconhecido, à cirurgia e ao estigma do uso da bolsa de colostomia, durante a hospitalização. Neste período, as informações a serem fornecidas aos pacientes e familiares devem ser claras, com perspectiva compreensiva. A obtenção de informações adequadas e a possibilidade de sanar dúvidas amenizam os sentimentos de medo, ansiedade e preocupações e isto também faz com que os mesmos tenham mais confiança na equipe de saúde, adotando postura mais otimista e consequentemente se sentiram mais seguros e acolhidos. No pós-operatório os participantes do estudo apresentaram demandas psicológicas de busca de informações sobre os resultados da cirurgia, as necessidades de mudanças em suas vidas, bem como ênfase de necessidade de atendimento psicológico para favorecer o enfrentamento dos medos e angústias diante da nova condição de vida, além de receber aconselhamento e esclarecimento de dúvidas. As três pessoas estomizadas apresentaram reações diversas, desde a sensação de poder ter uma nova vida, com melhores condições de saúde, sem dores e incômodos que causavam mal-estar, com atitude de adesão ao tratamento. Expressaram ainda, expectativas de melhora na condição de saúde; de mudança no estilo de vida com necessidade de estabelecer novas prioridades e valorizar a vida; mas também e a expectativa das dificuldades iniciais para adaptação ao equipamento coletor. E para as cinco pessoas que não necessitaram do estoma intestinal, as reações emocionais evidenciaram que não precisar da “bolsinha” remeteu aos sentimentos de alívio e felicidade. Tanto no período pré como no pós-operatório, as estratégias de enfrentamento utilizadas por estas pessoas foram orientação, apoio familiar e social, além do religioso e do atendimento interdisciplinar, que foram fundamentais para ajudá-las no enfrentamento do tratamento cirúrgico. A assistência perioperatória para esta clientela constitui um grande desafio, pois a internação em geral é de cerca de uma semana e os acontecimentos ocorrem de forma intensa e, muitas vezes, a pessoa não consegue reelaborá-los. O psicólogo deve atentar-se as principais estratégias de enfrentamento utilizadas por estes pacientes, avaliando se estas são adaptativas, para proporcionar melhor adaptação ao tratamento cirúrgico, por meio de intervenções psicoterápicas como suporte psicológico, psicoterapia de apoio e psicoterapia de crise. Além de oferecer orientações e informações frente às necessidades e dúvidas dos pacientes e familiares, pois o psicólogo pode atuar como um tradutor das informações médicas, por isso é importante que este profissional esteja trabalhando em conjunto com a equipe interdisciplinar, favorecendo a discussão de casos, principalmente quando há dificuldades de entendimento e enfrentamento do adoecimento e da terapêutica cirúrgica, e também para realizar solicitação de atendimentos e de intervenções à outros profissionais, quando necessárias. O atendimento psicológico neste contexto nem sempre é possível devido ao comprometimento clínico dos pacientes no pré-operatório, bem como a realização de exames e preparos que antecedem a cirurgia; e no pós-operatório devido ao maior comprometimento físico em decorrência da cirurgia que resulta principalmente na fadiga que se manifesta na maioria dos pacientes. O comprometimento clínico influencia a cognição destes pacientes, dificultando a intervenção psicológica e pode ainda causar alterações psíquicas.

Considerações Finais

O atendimento psicológico com o oferecimento de acolhimento e escuta ativa, no perioperatório, fundamentado na Psicologia Hospitalar, foi considerada pelos participantes como um importante suporte profissional para lidar com as mudanças ocorridas nas suas vidas decorrentes da cirurgia, pois os ajudaram a vencer e a vivenciar a experiência de forma menos dolorosa. O psicólogo deve estar inserido na equipe de saúde interdisciplinar para a prestação da assistência perioperatória.

Palavras Chave

Estoma intestinal. Pacientes. Atendimento psicológico. Assistência perioperatória.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Instituciones

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP - São Paulo - Brasil

Autores

Natália Michelato Silva, André Aparecido Silva Teles, Vanessa Damiana Menis Sasaki, Ana Laura Soares Azevedo, Ligéia Marchetti, Isabella Fernandes Brianez, Manoel Antônio Santos, Helena Megumi Sonobe