Datos del trabajo


Título

SIGNIFICADO DO AUTOCUIDADO DE PESSOAS ESTOMIZADAS INTESTINAIS, SEUS FAMILIARES E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ESPECIALIZADA

Introdução

O autocuidado com a estomia e o equipamento coletor é um dos aspectos fundamentais para a recuperação física e psicossocial da pessoa estomizada e de seu familiar, cujas estratégias de ensino aprendizagem devem ser adequadas para assegurar a reabilitação destas pessoas.

Objetivos

Analisar e construir o significado da experiência de autocuidado com a estomia intestinal de pessoas estomizadas, dos familiares e da equipe multidisciplinar do Programa de Ostomizados.

Método

Estudo exploratório, de abordagem qualitativa, cuja coleta de dados ocorreu em três encontros de grupo focal (GF) com pessoas estomizadas intestinais, dois encontros com os familiares e dois encontros com os profissionais do Programa de Ostomizados, entre segundo semestre de 2015 e nos dois semestres de 2016, com a questão norteadora inicial para as pessoas estomizadas e seus familiares: “Como tem sido a sua experiência com os cuidados com a colostomia e a bolsa coletora? E para os profissionais: Em sua opinião como o autocuidado com a estomia intestinal e os equipamentos coletores deve ser abordado para estes pacientes e seus familiares?” Os critérios de seleção para o GF Pessoa estomizada foram: pessoas estomizadas intestinais adultas e idosas, cadastradas no Programa do Ostomizados, de ambos os sexos, residentes na cidade onde o estudo foi desenvolvido ou em uma área de abrangência de até 50km, classificados anteriormente com capacidade plena para autocuidado; capacidade parcial para autocuidado; ou capacidade ausente para autocuidado; os critérios para o GF Familiar foram: familiares de pessoas estomizadas intestinais, classificadas anteriormente nas três possibilidades de capacidade para autocuidado, de ambos os sexos e que acompanhassem a pessoa estomizada no contexto de atendimento à saúde; e para o GF Profissional foram profissionais de saúde - Enfermeiro, Auxiliar de enfermagem, Nutricionista, Psicóloga e Médico do Programa de Ostomizados no Ambulatório de Especialidades de uma cidade paulista e psicóloga voluntária na Associação de Ostomizados desta cidade. Foram utilizados para a obtenção dos dados, instrumentos de caracterização sociocultural, clínica e de gerenciamento do autocuidado para os participantes estomizados; de caracterização sociocultural e de participação no autocuidado para os familiares; e de caracterização sociocultural, profissional e de ensino de autocuidado para os profissioais de saúde, elaborados pelos pesquisadores com base em revisão integrativa, entrevistas em profundidade com a técnica do GF (gravados em áudio e transcritos) e uso de guia norteador para cada encontro, além do diário de campo do pesquisador e dos observadores, da observação não participante e participante, que compuseram o trabalho de campo, cujos dados foram interpretados mediante Análise Temática, com as etapas de identificação das unidades de sentidos e construção dos núcleos temáticos, fundamentados no Modelo Social da Deficiência (CEP/EERP-USP Parecer nº 896.782).

Resultados

Participaram do GF pessoa estomizada nove pessoas estomizadas intestinas, sendo cinco homens e quatro mulheres; média de idade de 60,8 anos; cinco apresentavam colostomia e quatro ileostomia; com diagnósticos câncer colorretal e doença inflamatória intestinal; seis apresentaram complicações de estoma, sendo que apenas dois foram demarcados no pré-operatório. Quando avaliados sobre a capacidade de autocuidado específico com a estomia e equipamento coletor, cinco apresentaram capacidade plena, dois com capacidade parcial e dois com capacidade ausente para o autocuidado. No GF familiar, participaram, quatro pessoas com diferentes vínculos familiares; coabitação e tempo de convívio com a pessoa estomizada entre 10 meses e 30 anos, que apresentavam complicações de estoma/pele periestoma. E do GF profissional, participaram cinco profissionais da equipe do Programa de Ostomizados, com média de idade de 45,4 anos, maioria mulher, tempo de atuação no Programa variou entre quatro e 20 anos, possuíam formação especializada e apenas dois profissionais tinham experiência com pessoas estomizadas intestinais, anteriormente ao seu trabalho atual. Os principais sentidos atribuídos pelas pessoas estomizadas sobre a experiência do autocuidado com a estomia intestinal foram interpretados com os temas “A experiência da necessidade do autocuidado após o processo de estomização intestinal” que evidenciou a necessidade de uma assistência especializada interdisciplinar, desde o contexto hospitalar até o Programa de Ostomizados, com inclusão do conceito de deficiência física no preparo para o enfrentamento do estigma social e do autopreconceito para o alcance de sua reabilitação, com participação ativa de sua família. Para a interpretação da experiência dos familiares, os temas estabelecidos foram “Desafios do familiar no convívio com a pessoa estomizada intestinal”, desde o estabelecimento do diagnóstico até o Programa de Ostomizados, que evidenciou a necessidade de suporte profissional especializado no preparo destes familiares para o enfrentamento do estigma e do preconceito social em relação às pessoas com deficiência física, além da necessidade de seguimento psicológico destes. E para a intepretação dos dados obtidos com os profissionais, foi estabelecido o tema “Desafios para a implementação do Programa de Ostomizados”, que foi vinculado ao planejamento da assistência especializada no preparo das pessoas estomizadas intestinais e de seus familiares para o enfrentamento do estigma e preconceito social para o alcance da reabilitação. Mediante à análise interpretativa sobre as experiências de necessidade de autocuidado de pessoas estomizadas, dos familiares e dos profissionais do Programa de Ostomizados, o significado construído foi que “o autocuidado da pessoa estomizada intestinal é a luta cotidiana para adoção de um novo estilo de vida para além da estomia e dos equipamentos coletores, em busca de reabilitação”.

Considerações Finais

Para a compreensão das experiências de autocuidado e a construção do significado, de todos os participantes deste estudo, a adoção do Modelo Social da Deficiência possibilitou extrapolar a focalização procedimental para a perspectiva da adoção de um novo estilo de vida, com a remoção das barreiras sociais para a deficiência física, além da possibilidade do exercício da cidadania por meio da acessibilidade aos direitos sociais da pessoa estomizada intestinal.

Palavras Chave

Estomia intestinal. Autocuidado. Deficiência. Assistência Multiprofissional.

Area

Deficiência, Inclusão e Acessibilidade

Autores

Vanesssa Damiana Menis Sasaki, André Aparecido Silva Teles, Natália Michelato Silva, Sara Rodrigues Rosado, Tatiana Mara Silva Russo, Isabella Fernandes Brianez, Nariman Felício Bortucan Lenza, Helena Megumi Sonobe