Datos del trabajo


Título

PRIMEIRO ANO DE POS-OPERATORIO: SIGNIFICADO PARA A PESSOA COM ESTOMA INTESTINAL POR CANCER COLORRETAL

Introdução

A estomia intestinal por câncer colorretal repercute em todas as dimensões da vida das pessoas e a reelaboração desta experiência por estas pessoas ocorre entre seis meses até dois anos de pós-operatório.

Objetivos

Interpretar o significado do primeiro ano de pós-operatório para pessoas com estoma intestinal por câncer colorretal, em seguimento ambulatorial.

Método

Foram realizadas entrevistas em profundidade (Parecer no. 184.720 – CEP/EERP-USP) com treze participantes com estoma intestinal por câncer colorretal, no primeiro ano de pós-operatório, em seguimento de controle oncológico, em um hospital público universitário, além de dados obtidos com a entrevista em profundidade, gravada em áudio; observação não participante; observação participante e diário de campo. Utilizou-se o método etnográfico e a análise temática, fundamentado pelo referencial da Sociologia da Saúde, que integra ações das pessoas às estruturas sociais em um contexto cultural.

Resultados

Mediante a análise dos dados do trabalho de campo foram construídas três unidades de sentidos e dois núcleos temáticos. As unidades de sentido elaboradas foram “Adoecimento oncológico: da suspeita à constatação”, “Gerenciamento do adoecimento e do tratamento oncológico” e “Convivendo com o câncer, com a estomia intestinal e com o eu diferente”, que evidenciaram que a decisão pelo itinerário terapêutico perpassa pelo reconhecimento do acontecimento de algo grave com o corpo por estas pessoas, pela busca pelo sistema profissional de saúde e a luta pela acessibilidade aos exames especializados e dos tratamentos oncológicos, em busca de cura. O gerenciamento das consequências do tratamento cirúrgico como a estomização intestinal e dos tratamentos adjuvantes e a fadiga levam à reflexividade sobre as mudanças do corpo e as repercussões na vida destas pessoas, contrapondo a normalidade anterior e após o adoecimento oncológico, além da necessidade do enfrentamento do estigma da doença e do estoma intestinal. Contudo, a vida destas pessoas ficou mais restrita aos acontecimentos clínicos e ao contexto de assistência à saúde, às expectativas de respostas aos tratamentos e às possibilidades de recidiva e de metástase, mas em contínua busca de uma normalidade nesta etapa de sobrevivência. Na perspectiva da Reconfiguração do self foram construídos dois temas: “A etapa de sobrevivência da pessoa com estoma intestinal no seguimento oncológico” e “Estomização por câncer colorretal no primeiro ano de pós-operatório: o eu reconfigurado”, que trouxeram os desafios e sofrimentos vividos por estas pessoas na busca pelo direito à acessibilidade ao exame de colonoscopia e aos tratamentos oncológicos, assim como a demanda de suas necessidades de cuidados no período do seguimento de controle e os limites do sistema profissional. O significado do primeiro ano de pós-operatório das pessoas com estoma intestinal por câncer colorretal em seguimento oncológico foi construída mediante o Referencial teórico da Reconfiguração do self na perspectiva da Sociologia Compreensiva, considerando as ações e interações destas pessoas para a mediação da experiência de perdas corporais, dos limites e de sofrimentos em decorrência deste câncer, dos resultados com o tratamento oncológico e da estomização, cuja reflexividade sobre o sentido da vida e do viver, culmina no “eu diferente”, representado por ter câncer e estoma intestinal, em “eu reconfigurado”, representado pelo processo de estomização por câncer colorretal, ou seja, que mudam as suas expectativas de cura para expectativas de se manterem vivas por mais um dia. A capacidade de reflexividade e de autorreflexividade da pessoa com estoma intestinal por câncer colorretal é influenciada pela evolução da doença, terapêuticas e consequências, que envolve a acessibilidade aos recursos materiais, humanos e tecnológicos, trazendo repercussões na sua identidade individual e social. Com os temas foi possível aprofundar a análise sobre as dificuldades da implementação de políticas públicas de saúde, o que limitou a acessibilidade destas pessoas ao SUS e que as suas demandas de suporte profissional neste período foram acolhimento, fornecimento de informações sobre tratamentos e suas consequências, assim como a falta de um suporte profissional em relação aos cuidados com o estoma intestinal e equipamentos para possibilitar a independência delas.

Considerações Finais

O primeiro ano de pós-operatório em seguimento oncológico constitui uma etapa da sobrevivência do tratamento cirúrgico com múltiplas vertentes, que incluem a busca de acessibilidade ao sistema público de saúde e a descoberta do diagnóstico; o olhar biomédico sobre o câncer e o olhar da pessoa sobre a sua doença e seu adoecimento; o gerenciamento das repercussões fisiológicas e psicoemocionais dos tratamentos e de suas consequências, necessidade do autocuidado com o estoma intestinal e equipamentos; e o viver em função dos tratamentos oncológicos, a assistência de enfermagem e de saúde conquistadas.

Palavras Chave

Neoplasias Colorretais. Estoma. Adaptação Psicológica. Enfermagem. Sociologia.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Instituciones

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP - São Paulo - Brasil

Autores

Nariman Felício Bortucan Lenza, André Aparecido Silva Teles, Livia Módolo Martins, Tatiana Mara Silva Russo, Eliza Maria Rezende Dázio, Luciana Scatralhe Buetto, Namie Okino Sawada, Helena Megumi Sonobe