Datos del trabajo


Título

A ENFERMAGEM NOS CUIDADOS PALIATIVOS PRIMARIOS: UMA BREVE REFLEXAO SOBRE O ESTADO DE CONFORTO

Introdução

Os Cuidados Paliativos (CP) se apresentam como uma forma inovadora de assistência na área da saúde. Tem foco no cuidado integral, por meio da prevenção e do controle de sintomas de todos os pacientes que enfrentam doenças graves, ameaçadoras à vida. É recomendável, que o CP inicie o mais precocemente possível, concomitantemente ao tratamento curativo, utilizando-se todos os esforços necessários para melhor compreensão e controle dos sintomas. Reconhecendo o potencial de discordância das medidas objetivas de uma doença grave e seus desfechos é importante que os resultados sejam monitorados e avaliados o mais precocemente possível, junto ao paciente, aplicando-se os CP visando o conforto e bem estar1. Estes cuidados se aplicam não somente aos indivíduos com doença oncológica em fim de vida, mas também àqueles que sofrem de doenças crônicas, que demandam momentos decisivos, risco de vida, tratamentos complexos e planejamento de cuidados. Tais aspectos se relacionam aos cuidados paliativos primários (CPP) que contam com o foco na melhora da qualidade de vida e na redução do sofrimento, independentemente do prognóstico, e que a cada dia vem sendo mais discutido e divulgado. Compreende um cuidado especializado, voltado para a condição crônica do paciente, com habilidades no manejo dos sintomas refratários e assistência na tomada de decisões complexas e resolução de conflitos2.

Objetivos

Refletir sobre o manejo das ações de enfermagem em indivíduos portadores de doenças crônicas sob a ótica dos cuidados paliativos primários e a Teoria do Conforto de Katharine Kolcaba.

Desenvolvimento

Considerando a complexidade da maioria das doenças crônicas e as demandas que podem ser apresentadas pelos indivíduos e suas famílias nas situações de enfrentamento da doença é viável uma estratégia mais completa e focada no alívio e/ou prevenção do sofrimento em suas diversas dimensões, auxílio no gerenciamento destes fatores e melhora do estado de conforto. Assim, entendemos que a Teoria do Conforto (TC) demonstra adequada correlação com os aspectos importantes dos CPP e com os cuidados de enfermagem. Pensar em conforto é pensar em um conceito complexo que envolve principalmente o ser individual, ambiente, significados de experiências e estados. É pensar em comodidade, alento, proteção, aconchego, bem estar, dentre vários outros. É tratar o material e o subjetivo. Foi a partir desta complexidade, que Katharine Kolcaba começou ainda nos anos 90, a significar o estado de conforto e quais caminhos ou sob quais perspectivas este poderia ser utilizado na enfermagem e outras disciplinas. A busca do entendimento nos remete ao uso da hermenêutica, que se fundamenta na compreensão. É considerada por Gadamer3 como um movimento abrangente e universal do pensamento humano. Compreender implica a possibilidade de interpretar, de estabelecer relações e extrair conclusões em todas as direções. A compreensão só alcança sua verdadeira possibilidade quando as opiniões prévias não são arbitrárias. Existe uma familiaridade e estranheza, buscando esclarecer as condições sob as quais surge a fala4. Assim, a Teoria descreve sentidos e significados relevantes para o estado de conforto: estado de facilidade ou contentamento; estado de ter um desconforto específico aliviado e estado de ter sido fortalecido ou revigorado, além da facilidade de transcendência em quatro contextos de experiência; a física, psicoespiritual, sociocultural e do meio ambiente. O conforto é o estado em que o paciente está livre para ser e se tornar controlador do seu próprio destino de acordo com seu potencial em um determinado momento ou em uma situação particular5. A TC visa prevenir ou tratar os excessos de deficiências físicas e psicológicas apresentadas pela maioria das pessoas que vivem com a doença em estado avançado e com risco para morrer. O desconforto trazido pela doença é inevitável e o alívio deste sofrimento é possível. Factível quando modificamos o decúbito e aliviamos a pressão em uma determinada região do corpo prevenindo o aparecimento de lesões cutâneas que poderiam, até associadas a outros aspectos de várias dimensões, causar ainda mais dor e sofrimento e não somente um estado de descontentamento de permanecer em um leito hospitalar por um período da vida. Possível quando diante de noticias ou diagnósticos não esperados proporcionamos afago com nossos esclarecimentos e apoio emocional. Não obstante, a TC pode ser base estabelecedora para nortear o cuidado de enfermagem, no momento em que define o conforto como estado de alívio imediato, de fortalecimento, onde cada ser individualmente terá o seu sofrimento, que ora foi relatado, medido, sob então, a dimensão confortável, estabelecendo assim uma relação de bem estar e alívio do sofrimento, preconizado também pelos CPP.

Considerações Finais

Desta forma, a construção de um cuidado de enfermagem que estabeleça este estado físico, mental, social, é de grande relevância para o cuidado em saúde, do mesmo modo em que nos baseamos teoricamente para fortalecimento da prática a ser implementada. Através da sistematização da assistência de enfermagem focada nos princípios dos CPP, como a gestão e planejamento do cuidado, inserção e busca do apoio da família e alivio do quadro de sofrimento é possível estabelecer a promoção da qualidade de vida, do estado de bem estar, e adequação dos cuidados de enfermagem voltado para um cuidado mais humano, de valorização e respeito às crenças e valores de vida do outro. Da mesma forma em que se estabelece um cuidado mediado pelo saber científico e de respeito ao próximo.

REFERENCIAS

1- Kavalieratos et al. Palliative Care in Heart Failure. JACC, Vol. 70 , Nº 15, October, 2017: 1919 – 30.
2- Gelfman, LP et al. Primary palliative care for heart failure: what is it? How do we implement it? Heart Fail Rev (2017) 22:611–620 DOI 10.1007/s10741-017-9604-9.
3- Gadamer, H. Verdade e Método. Petrópolis: Vozes, 1999.
4- Minayo, MCS. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 13ª edição, 2013.
4- Kolcaba, K. Comfort theory and pratice: a vision for holistic health care and research. Springer Publishing Company, 2003.

Palavras Chave

Cuidados Paliativos
Doença Crônica
Cuidado de Enfermagem
Conforto do Paciente

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Ana Cristina Oliveira Abraão Santesso, Marluci Andrade Conceição Stipp, Liana Amorim Corrêa Trotte, Beth Fahlberg, Michelle Alves Santos