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Título

A Fenomenologia e sua contribuição para as bases epistemológicas e ontológicas da Enfermagem: breves reflexões teórico-metodológicas

Introdução

A compreensão da abordagem fenomenológica enquanto referencial teórico-metodológico e suas contribuições para as bases epistemológicas e ontológicas da Enfermagem, pressupõe, o conhecimento prévio acerca das origens e do verdadeiro sentido da Fenomenologia. Fundada enquanto movimento filosófico no começo do século XX, a Fenomenologia vem exercendo grande influência entre os pensadores contemporâneos, ocupando lugar de destaque entre as grandes correntes de pensamento deste século. Criada como uma abordagem filosófica na tentativa de se constituir uma terceira via em oposição às teses dos intelectualistas e dos idealistas, e também como um método alternativo de pesquisa nas ciências humanas em oposição ao positivismo, ao naturalismo, ao psicologismo e ao historicismo, tem trazido importantes contribuições para os diferentes campos do saber. A mesma se faz presente na reorientação fundamental do pensamento e nos métodos de estudo nos campos da Psicologia, Psiquiatria, Ciências Sociais, Biologia, Filosofia, entre outros. Ao buscar desconstruir e transcender as dicotomias sujeito/objeto, corpo/alma, sensível/inteligível, ser/fenômeno, entre outras, contribui para a compreensão da totalidade do ser e de uma nova concepção para a subjetividade, ganhando espaço no cenário contemporâneo enquanto movimento filosófico e mantendo-se viva e efervescente na pós-modernidade, aproximando-se, desse modo, dos pressupostos epistemológicos e ontológicos dos paradigmas da nova era.

Objetivos

Realizar uma reflexão teórico-metodológica acerca da Fenomenologia e sua contribuição para as bases epistemológicas e ontológicas da Enfermagem.

Desenvolvimento

A abordagem fenomenológica tem sido utilizada, por teóricas e pesquisadoras e Enfermagem, não só como método de investigação alternativo aos tradicionais utilizados pelas ciências naturais, mas também como referencial teórico-filosófico na construção do saber específico da Enfermagem através da elaboração de teorias e marcos conceituais para direcionar a prática assistencial. Desde os anos 70, pesquisadoras e teóricas de Enfermagem iniciaram uma discussão sobre as bases ontológicas e epistemológicas da Enfermagem, tendo como objeto de análise a base filosófica da Enfermagem e suas relações com a Filosofia, os métodos científicos e o desenvolvimento de conhecimento em Enfermagem, resultando em muitos debates sobre as práticas científicas da época. No cerne da discussão estavam questionamentos acerca da construtibilidade do conhecimento e a adequabilidade das metodologias tradicionais de pesquisa quantitativa adotadas como abordagem das experiências de vida humana na Enfermagem, uma vez que nestas metodologias o ser humano, que é o ser e a razão da Enfermagem, desaparece e é reduzido a uma série de operações quantificadoras e objetivas. Segundo Machado 1 os seres humanos são comparados “a clones sem alma, condenados a uma eterna repetição, a uma determinação no sentido, a um fechamento de perspectivas, a uma aniquilação do futuro, como se fossem reduzidos a meras projeções produzidas por equipamentos fantásticos”. Em consequência, muitas teóricas e pesquisadoras de Enfermagem começaram a ver a Fenomenologia como um referencial teórico-metodológico alternativo, mais adequado para fornecer a compreensão da realidade e da experiência vivida pelo ser humano, valorizando dos indivíduos, a relação enfermeira/paciente, bem como a aceitação de uma abordagem holística, até então desaprovada pelos métodos de pesquisa tradicionais positivistas. Meleis 2 lembra-nos da singularidade do caminho percorrido pela disciplina de Enfermagem para o desenvolvimento de seu conhecimento, chamando atenção para a ênfase dada aos debates realizados sobre a sua estrutura ao invés de sua substância. Entre os temas debatidos, estavam incluídos se deveríamos ou não ser capazes de desenvolver teorias de Enfermagem e se os objetivos metodológicos deveriam ser estabelecidos “pelos demônios positivistas ou pelos anjos fenomenológicos”. Desde a publicação do livro “Enfermagem Humanística”, de Paterson e Zderad, a Fenomenologia passou a ser uma abordagem válida e promissora, trazendo importantes contribuições para o desenvolvimento do conhecimento da disciplina de Enfermagem como uma ciência humana3, sendo muito utilizada nas últimas décadas. Parse 4, ao desenvolver a teoria da evolução humana, relaciona pressuposições acerca do homem e da saúde a partir de uma síntese da ciência dos seres humanos unitários, desenvolvida por Martha Rogers, e pelo pensamento existencial-fenomenológico articulado por Heidegger, Sartre e Merleau-Ponty, criando uma nova maneira de encarar o ser humano, a saúde, o ambiente e a Enfermagem. Para Sarter 5, as posições que Parse abstraiu do existencialismo-fenomenológico incluem intencionalidade, subjetividade humana, co-constituição, coexistência e liberdade. Watson 6, por sua vez, adotou a orientação filosófico-existencial-fenomenológica, espiritual, baseada em parte na filosofia oriental, para desenvolver sua teoria designada como “Filosofia e Ciência da Assistência”, e tem sido apontada como a única teórica de Enfermagem a enfatizar a dimensão espiritual da existência humana. A crescente absorção da Fenomenologia tem levado algumas estudiosas a examinar criticamente as implicações que esta abordagem tem trazido para o desenvolvimento do conhecimento específico da Enfermagem, bem como para a utilização deste conhecimento na prática assistencial pelas enfermeiras. Assim, tomando por base os padrões de conhecimento categorizados por Carper (empírico, ético, estético e pessoal) e por White (sociopolítico), Van der Zalm e Bergum 7 descrevem as contribuições dadas pela Fenomenologia-hermenêutica para o desenvolvimento de cada um dos diferentes padrões, ressaltando que a Fenomenologia contribui com o conhecimento empírico e pessoal, sendo relevante para a ação ética, necessária para interpretações estéticas e para

Considerações Finais

A Fenomenologia tem sido utilizada como uma importante via para o desenvolvimento do saber da Enfermagem, constituindo-se em objeto de análises e discussões entre as teóricas e pesquisadoras, que são unânimes em reconhecer sua relevância e contribuição para o fortalecimento das bases ontológicas e epistemológicas da Enfermagem.

Referências
1 Machado NJ. Apresentação. In: Bicudo MAV. Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo (SP): Cortez; 2000.
2 Meleis A. Revisions in knowledge development: a passion for substance. In: Nicoll LN. Perspectives on nursing theory. Philadelphia: Lippincott; 1992. p.118-26.
3 Mezquita M. Example of phenomenological perspective. In: Munhall P. Revisioning phenomenology: nursing and health science research. New York: National League for Nursing Press; 1994. p.298-319.
4 Parse RR. Man-living-health: A theory of nursing. New York: Wiley; 1981.
5 Sarter B. Philosophical Sources of Nursing Theory. Nurs Sci Q. 1988 Mai;1(2):52-9.
6 Watson J. Nursing: the philosophy and science of caring. Connecticut: Appleton-Century-Crofts.
7 Van der Zalm JE, Bergum V. Hermeneutic-phenomenology: providing living knowledge for nursing practice. J Adv Nurs. 2000 Jan;31(1):211-8.

Palavras Chave

Fenomenologia; Enfermagem; Epistemologia; Ontologia

Area

Ética, Bioética e Filosofia em Saúde

Autores

Evangelia Kotzias Atherino dos Santos Evangelia, Marli Terezinha Stein Backes Marli, Maria de Jesus Hernández Rodrigues Maria, Heloisa Helena Z. R. Dias Heloisa, Alcira Escobar Alcira, Claudini Honório de Pieri Claudini, Pattricia Damiani Pattricia, Luciana Cristina dos Santos Maus Luciana