Datos del trabajo


Título

REAÇOES E SENTIMENTOS DE MULHERES MASTECTOMIZADAS AO DIAGNOSTICO DE CANCER DE MAMA

Introdução

Segundo o Instituto Nacional do Câncer, anualmente os casos de câncer de mama podem chegar a 1.050.000 em todo o mundo e, no Brasil, a estimativa foi de 57.960 casos novos em 2016, especialmente em mulheres com mais de 50 anos. Em Santa Catarina, é responsável por 57% dos casos de câncer em mulheres. O diagnóstico precoce é possibilitado pela mamografia anual para mulheres a partir dos 40 anos, exceto para aquelas com histórico familiar, quando o exame deve iniciar 10 anos antes da idade que o familiar tinha ao diagnóstico. O autoexame das mamas também contribui para o diagnóstico precoce. Quanto ao tratamento, a mastectomia traz consequências para as mulheres, que ultrapassam a mutilação física e que podem estar relacionados à dor, ao medo da morte, à autoimagem, autoestima. Tais consequências demandam atenção adequada visando à reintegração familiar, social e adaptação da mulher à nova realidade e podem ser minimizadas com a reconstrução mamária, o que nem sempre é possível imediatamente após a mastectomia. Cuidado, apoio e atenção à saúde são essenciais na continuidade do tratamento. Isso é especialmente verdadeiro quando se considera o padrão hegemônico de beleza promovido pela sociedade ocidental, ao qual a grande maioria das mulheres não atende, especialmente aquelas que se submeteram à mastectomia. Os aspectos apontados reforçam o papel da (o) enfermeira (o) na atenção básica, pois nesse nível de atenção a mulher faz acompanhamento ginecológico, obstétrico e é encaminhada para mamografia. Porém, a inserção da (o) enfermeira (o) ultrapassa esses aspectos ligados ao diagnóstico precoce e ao tratamento do câncer, ao incluir ações voltadas à promoção da saúde.

Objetivos

Compreender as reações e sentimentos despertados pelo diagnóstico de câncer de mama na vivência de mulheres mastectomizadas.

Método

Estudo de abordagem qualitativa, do tipo descritivo-exploratório desenvolvido em uma unidade da Rede Feminina de Combate ao Câncer do Oeste catarinense, cuja coordenação autorizou o acesso ao grupo de mulheres mastectomizadas para apresentação da proposta e convite à participação. Aceitaram participar nove mulheres submetidas à mastectomia radical e uma, à quadrantectomia. Os dados foram coletados em entrevistas semi-estruturadas guiadas por roteiro de questões especialmente elaborado, desenvolvidas na própria instituição em agosto de 2016 e gravadas. Todas foram transcritas de forma a possibilitar a análise progressiva dos dados, o que foi feito com a técnica de análise temática de Minayo, seguindo as seguintes etapas: pré-análise; exploração do material; tratamento dos resultados obtidos e interpretação. Da análise emergiram cinco categorias, a saber: sinais e sintomas; reações e sentimentos ao diagnóstico; reações e sentimentos ao tratamento; adaptação e como está atualmente. Todas foram discutidas no estudo original intitulado “Vivência de mulheres mastectomizadas: do medo à força pessoal”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFFS sob parecer nº1.628.657. O recorte apresentado tratará da segunda categoria.

Resultados

A idade das mulheres variou entre 50 e 79 anos, com média de 65,3 anos. Quanto ao estado civil atual, seis eram casadas, três viúvas e uma solteira. Ao diagnóstico, oito eram casadas, uma solteira e uma viúva. Todas as participantes professavam religiões de orientação cristã, sendo oito católicas e duas evangélicas praticantes. Das participantes, seis tinham escolaridade fundamental incompleta, enquanto três concluíram o ensino médio e uma finalizou o nível fundamental. A renda familiar variou de um a quatro salários mínimos, o que as caracteriza como de baixa renda e pertencentes à Classe D. Ao diagnóstico, seis participantes tinham idade igual ou inferior a 50 anos. A idade mais precoce foi 38 anos e a mais tardia, 61 anos. A média de idade ao diagnóstico foi de 50,3 anos. Tal informação reforça a necessidade de mamografia em idade mais precoce, especialmente por mulheres com histórico familiar de câncer de mama. O tempo decorrido desde o diagnóstico variou de um a 30 anos, com média de 15 anos, o que indica alta sobrevida. Das participantes, nove realizaram mastectomia radical e quimioterapia, enquanto uma realizou quadrantectomia, quimioterapia e radioterapia. O diagnóstico lhes despertou diferentes reações e sentimentos, merecendo destaque o sentimento de medo, manifesto no temor de perder vida, de depender de terceiros e na ansiedade por não saber como reagir e como as coisas prosseguiriam a partir daquele momento. Entretanto, apesar de inicialmente visto como notícia ruim, o diagnóstico foi progressivamente aceito e contribuiu para algo melhor. Medo da morte e ansiedade são vivências recorrentes das mulheres. Passado o primeiro impacto, relatam que o diagnóstico despertou um sentimento de valorização da vida, da família e das pessoas ao redor, levando-as a perceber sua importância para a família, a qual demonstrou preocupação e afeto, lhes fortalecendo a vontade de viver. Tal vontade está intimamente relacionada à determinação, força pessoal, confiança e fé, ferramentas utilizadas para o enfrentamento do diagnóstico de câncer. O diagnóstico em si ajudou-as a superar medos e aumentou-lhes a fé, não somente em Deus, mas em si mesmas e no trabalho médico, aumentando a crença na cura. O tempo de transição entre o diagnóstico e a aceitação da doença variou, e uma delas relatou ter imediatamente aceitado a nova condição.

Considerações Finais

Os resultados evidenciam a mescla de sentimentos desencadeados pelo diagnóstico de câncer de mama. Evidenciam também transição do primeiro impacto, que confrontou as mulheres com sua própria finitude provocando-lhes ansiedade, para um momento de aceitação, na qual a doença é vista como elemento de aprendizado que auxiliou a perceber melhor o afeto de outras pessoas. Essas mulheres consideram o câncer como desencadeador de maior valorização da vida e das pessoas. Além disso, é elemento fortalecedor da fé, de forma que a interação da fé em si, em Deus e nos outros (médico) parece ser fundamental para o enfrentamento da doença, atuando como base para superá-la e aumentando a crença na cura. Força de vontade e fé foram indicados como fatores de extrema importância durante essa trajetória. Todas avaliam o momento do diagnóstico como uma experiência marcante que as ajudou a se tornarem mais fortes.

Palavras Chave

Sentimentos. Mastectomia. Câncer de mama.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Tálita Dyane dos Santos, Valéria Silvana Faganello Madureira, Joice Moreira Schmalfuss, Sílvia Silva de Souza, Alexander Garcia Parker, Leoni Terezinha Zenevicz, Jeane Barros de Souza, Tatiana Gaffuri da Silva