Datos del trabajo

Título

PERCEPÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS POLICIAIS MILITARES DE MANAUS - AM

Introdução

Introdução: O trabalho é o principal meio de subsistência e representa para o homem cidadania e dignidade. O homem adquire uma identidade ao trabalhar, sente-se um ser social e capaz(1). A dinâmica do trabalho está ligada aos processos e transformações que ocorrem no espaço social, econômico e político e, pode interferir diretamente na vida do trabalhador, como no caso de descontentamento, no qual haverá um falso rendimento no trabalho, alterações de humor, afetando a qualidade do serviço prestado e gerando insatisfação profissional(2). Modelos de trabalhos autoritários e centralizadores dificultam relações entre trabalhadores e empregados, geralmente ocasionam assédio moral e demissões, tornando o trabalho difícil de ser desenvolvido(3). Dentre as profissões difíceis de serem executadas destaca-se a profissão do Policial Militar, que em suas atribuições tem o dever de combater a criminalidade e estabelecer a ordem pública(4). A instituição Polícia Militar é diferente das demais instituições públicas e privadas, por apresentar leis, normas e regulamentos próprios da instituição que estabelece hierarquias e disciplinas a seus trabalhadores(5). O Policial Militar está exposto a trabalhos em ambientes conflitivos, de pressão e estresse, pois lida com atos criminosos ou ilegais continuamente, o que reflete na sua saúde, desempenho profissional e estrutura familiar. Assim, a importância de conhecer como estes profissionais percebem suas condições de trabalho neste contexto, torna-se relevante uma vez que o trabalho modifica comportamentos e conduz os trabalhadores a desenvolverem atividades positivas e apresentarem comprometimento com suas atividades laborais.

Objetivos

Descrever a percepção das condições de trabalho dos Policiais Militares de uma capital do norte do país, com a intenção de identificar fatores relacionados ao trabalho e aos riscos que eles estão expostos ao exercer a profissão.

Método

Trata-se de um estudo do tipo interpretativo, com abordagem qualitativa, realizado no período de agosto de 2015 a dezembro de 2016, na 24ª Companhia Interativa Comunitária (CICOM), na Cidade de Manaus. A escolha da 24ª Companhia Interativa Comunitária foi em função de estar localizada em um bairro comercial, e ter um efetivo de policiais militares maior que as demais unidades. Estes policiais atendem todo tipo de ocorrências, principalmente roubos, furtos, violência urbana e tráfico de drogas. Utilizou-se para a coleta de dados um roteiro de entrevista semiestruturado constituído por duas partes: a primeira com informações sociais demográficas e a segunda comum roteiro com questões abertas que serviram como tópico para explorar as informações sobre o tema em estudo. Foi aplicado a 40 Policiais Militares. A análise dos dados foi realizada mediante a análise do discurso dos participantes. Todos os preceitos éticos da pesquisa com seres humanos foram respeitados.

Resultados

Os dados apontam que houve predominância do sexo masculino, sendo 32 homens e 08 mulheres Policiais Militares, na faixa etária entre 25 a 45 anos de idade, com tempo de trabalho de 3 a 10 anos na profissão, divididos em duas classes: a de Oficiais (coronel, tenente-coronel, major, capitão e 1º e 2º tenentes) e a de praças (subtenentes, sargentos, cabos e soldados). Os Oficiais são autoridades, e os Praças cumprem as ordens impostas pelos seus superiores hierárquicos e não se sentem autoridades, embora tenham autonomia frente a responsabilidade de combater o crime. Dentro da organização de trabalho dos Policiais Militares pode-se constatar que muitos estão insatisfeitos com o tratamento de seus Superiores Hierárquicos, acreditam que não possuem autonomia suficiente para nem mesmo se defender de perseguições, acusações, intimidações e prisões, tudo isto, devido ao Regulamento Disciplinar Militar do Amazonas (RDPMAM) ser considerado por eles como um regulamento antigo, opressor, que produz sofrimento psíquico, e que não é favorável para a categoria dos praças/soldados. Com respeito as condições de trabalho descritas por eles, a Policia Militar necessita de melhorias diversas como organização, estrutura física, segurança para os profissionais, materiais para execução do serviço, alimentação, transporte; com maior apoio do Estado e de seus Superiores Hierárquicos. Como principais fatores agravantes das condições de trabalho caracterizam-se a falta de valorização do Policial Militar pela sociedade e a Instituição ao qual trabalha; a sobrecarga de trabalho e trabalhos extras; as relações conflituosas com seus superiores hierárquicos; o distanciamento e a indiferença de seus superiores. Os meios de comunicação colaboram para o desgaste psíquico dos Policias Militares, com exposição negativa sobre assuntos relacionados a Polícia na mídia, o que ajuda a fortalecer a ideia da sociedade de uma Polícia corrupta, opressora e despreparada, que não respeita os Direitos Humanos. Os Policias Militares reclamam também da escala de trabalho exaustiva e buscam melhorias na qualidade de vida por meio de uma escala mais justa devido ao trabalho ser perigoso, com risco de morte. Percebe-se o peso da responsabilidade de serem Policias Militares, da consciência de terem ingressado na vida militar, do entendimento do seu poder de polícia e do seu dever, que mesmo sem reconhecimento continuam seu trabalho e procuram fazer o melhor possível.

Considerações Finais

Considera-se que a percepção de trabalho dos Policias Militares é de sofrimento psíquico, comprometimento da saúde física e mental, estresse acumulativo, pois, eles desenvolvem uma capacidade em reagir a situações difíceis, num trabalho contínuo e de risco. Mesmo diante de inúmeras dificuldades, eles amam seu trabalho e encontram de alguma maneira prazer em exercer sua profissão. Uma escala de trabalho confortável é desejada por estes profissionais para terem qualidade de vida, lazer com a família, estudar, estar presente na vida dos filhos e conjugue, com a oportunidade de realizar outras atividades que possam lhes trazer mais bem estar.

Palavras Chave

Condições de Trabalho, Violência no trabalho, Saúde do Trabalhador, Riscos ocupacionais, Poder de Polícia.


Referencia
1. Gennari A, Albuquerque C. Globalização e Reconfigurações do Mercado de Trabalho em Portugual e no Brasil- Revista Brasileira de Ciências Sociais. 2012 jun. 27;79: 65-79.
2. Cardoso AC. Os trabalhadores e suas vivencias cotidianas dos Tempos Trabalho e não- Trabalho- Revista Brasileira de Ciências Sociais. 2010 fev. 25;72:101-116.
3. Silva MB, Vieira SB. O Processo de Trabalho do Militar Estadual e a Saúde Mental. Saúde Social. São Paulo 2008 17; 4:161-170.
4. Mathias S, Guzzi AC. Autonomia na lei: as forças armadas nas constituições nacionais. Revista brasileira. Ciências Sociais. 2010 jun. 25;73:41-57.
5. Sirimarco M. A Vida com Farda. Revista Brasileira Ciências Sociais. 2013 jun. 28;82:31-43.

Area

Qualidade de vida