Datos del trabajo


Título

Representações Sociais do estudo sobre os casos de depressão dos atingidos em Mariana na mídia

Introdução

O dia 05 de novembro de 2015 ficou marcado na história brasileira devido a um acontecimento que é considerado uma das maiores tragédias socioambientais: o rompimento da barragem de rejeitos de minério de Fundão. A cobertura dessa catástrofe repercutiu internacionalmente, porém, o interesse em acompanhar o desenvolvimento dessa ‘cascata’ de tragédias foi minimizado e em situações pontuais elas retornam. Recentemente, um estudo publicado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre os casos de depressão que emergiram entre os atingidos pela lama ganhou espaço nos noticiários.
Os desastres socioambientais afetam a saúde dos indivíduos de diferentes formas, inclusive os tornando vulneráveis emocionalmente. A capacidade de resiliência pode ser distinta em função da estrutura socioeconômica do território impactado. “Os impactos dos desastres naturais sobre a saúde podem ocorrer em tempos diferentes, caracterizando-se em períodos que variam entre horas a anos. No curto prazo de tempo, entre horas a alguns dias, se produzem a maior parte dos registros de feridos leves e graves e mortalidade, incluindo como resposta as ações de resgate e urgência. Um segundo momento, se dá no período entre dias a semanas, caracterizando-se pela ocorrência de algumas doenças transmissíveis, a exemplo da leptospirose e doenças diarreicas, podendo agravar quadros de doenças não transmissíveis em pacientes crônicos, como, por exemplo, a hipertensão [...] Num espaço maior de tempo, entre meses e anos, os impactos na saúde se relacionam às doenças não transmissíveis, especialmente, os transtornos psicossociais e comportamentais, as doenças cardiovasculares, desnutrição e a intensificação de doenças crônicas.” (1) (FREITAS et al 2014, p. 3647)
A complexidade do acontecimento que envolve essa tragédia e a condição das vítimas pós-tragédia, às vezes, é esquecida pela mídia. As representações sociais, aqui entendidas como a capacidade de organizar uma informação e publicá-la, dos jornais Agência Brasil, Catraca Livre e G1 MG nos ajudam a interpretar o sentido que se quer construir na relação do desastre de Mariana e os impactos na saúde mental dos atingidos e atingidas.

Objetivos

O objetivo foi de identificar e descrever as representações sociais elaboradas pelos jornais ‘Agência Brasil’, ‘Catraca Livre’ e ‘G1 MG’ sobre os casos de depressão entre os atingidos pela lama da SAMARCO que foram levantados pelos resultados parciais da “Pesquisa Sobre a Realidade de Saúde Mental em Mariana” (PRISMMA), desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Método

Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo sustentada na técnica e na teoria das representações sociais, fundada por Serge Moscovici em 1961. Na concepção desse autor as representações sociais são elaboradas em arcabouços dinâmicos da relação indivíduo – grupo e tem por finalidade a compreensão dos fenômenos que surgem no cotidiano. “Nossas coletividades hoje não poderiam funcionar se não se criassem representações sociais baseadas no tronco das teorias e ideologias que elas transformam em realidades compartilhadas, relacionadas com as interações entre as pessoas que, então, passam a constituir uma categoria de fenômenos à parte” (2) (Moscovici, 2003, p.48).
Foi realizada uma pesquisa documental e levantou-se reportagens sobre a divulgação dos resultados parciais da pesquisa PRISMMA, no mês de abril de 2018. Obteve-se dessa busca 03 reportagens que constituem o corpus textual de análise. Esse material foi analisado com o auxílio do software IRAMUTEQ, que permite cinco tipos de análises quanti-qualitativas: a) estatística textuais clássicas; b) pesquisa de especificidades seguindo a segmentação definida no texto; c) classificação hierárquica descendente (CHD); d) análise de similitude de palavras presentes no texto; e) nuvem de palavras (3). Para este trabalho, optou-se realizar apenas a pesquisa de especificidades, a partir do levantamento das palavras que aparecem no texto com a função de adjetivos, substantivos e verbos.

Resultados

O tratamento realizado pelo IRAMUTEC revelou as 20 expressões mais aparecem em cada uma das reportagens sobre os casos de depressão. A seguir indica-se as que tiveram mais destaques.
Na reportagem do jornal Agência Brasil, que é um canal vinculado a uma empresa de comunicação estatal, a EBC, ‘transtorno’ (8), ‘atingir’ (11), ‘população’ (11), “saúde” (11) e “tragédia” (7) são as cinco que mais aparecem. Na matéria elaborada pelo Catraca Livre, um site que tem como foco temas de cultura e curiosidades, mas que também trata de outros assuntos, as quatro expressões que mais se repetem são “atingir” (6), “estudo” (7), “população” (8), “saúde” (8). As palavras que são mais recorrentes no texto do G1, que é o maior portal de notícias do Brasil e é mantido pela Rede Globo, são: “atingir” (12), “estudo” (7), “pesquisa” (9), “tragédia” (9), “estudo” (9), “rompimento” (9).
Em relação ao jornal Agência Brasil, acredita-se que o enfoque da reportagem foi de forma mais abrangente, ao tratar as doenças a partir da noção de ‘transtorno’. No Catraca Livre e no G1, identificamos que a palavra ‘estudo’ foi bastante utilizada para reforçar o caráter da informação, porém, apenas a reportagem do G1 escutou especialistas para tornar mais claro do que se tratava o estudo. A delimitação de quem são as pessoas ‘atingidas’ no estudo foram reforçadas nas três reportagens.

Considerações Finais

O texto jornalístico possui, de forma geral, a finalidade de promover as informações aos cidadãos. Em relação aos conteúdos científicos ela deve apresentar um caráter didático no processo de comunicação. É possível perceber que o foco dos jornais analisados são diferentes, uma vez que eles possuem públicos distintos.
O exercício de acompanhar os desdobramentos do crime da Samarco deve extrapolar os muros das Universidades e o jornalismo tem uma função crucial na construção das representações sociais sobre esse acontecimento.

Palavras Chave

Representação; Atingidos; Mariana; Depressão

Area

Comunicação e Saúde

Instituciones

UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

João Francisco Alves Mendes