Datos del trabajo


Título

Da inserção sexual a paternidade: Relatos de jovens pais.

Introdução

A sexualidade na adolescência é tida como um processo que gera sentimentos e desejos diferenciados, e neste contexto os jovens do sexo masculino sofrem “pressão” para iniciar sua vida sexual precocemente. Contudo, demonstram conhecimento limitado quanto as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e dificuldade na gestão contraceptiva, o que requer o debate da temática nas escolas e na sociedade1. Faz-se necessário compreender o percurso sexual e reprodutivo vivenciado por esses jovens para que sejam implementadas estratégias no que tange a promoção dos seus direitos sexuais e reprodutivos.

Objetivos

Descrever a trajetória sexual e reprodutiva dos jovens desde o início da vida sexual até a paternidade.

Método

Estudo qualitativo, descritivo e exploratório, oriundo de uma dissertação de mestrado intitulada: A paternidade na visão de jovens pais, na perspectiva de gênero. Teve como participantes doze jovens com idade entre 18 e 24 anos captados através da utilização da técnica “Snowball”2. A coleta de dados ocorreu no período de março a maio de 2014, a partir da entrevista semiestruturada. O tratamento dos dados foi realizado pela análise de conteúdo na modalidade temática3. Quanto aos aspectos éticos, o projeto de pesquisa foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa, mediante parecer n°. 541.474

Resultados

O início da vida sexual ocorreu entre os 11 e os 17 anos, com média de 12,5 anos. A sexarca antes dos 14 anos, está relacionada a maior incidência de reprodução entre jovens de sexo masculino4. Nove dessas relações ocorreu com “ficantes”, e apenas metade dos jovens referiu ter feito uso de método contraceptivo nesta ocasião, sendo a camisinha o método mais utilizado. A sexarca foi descrita como uma experiência positiva, sendo a terminologia “normal” muito utilizada na descrição de tal momento, o que provavelmente traduz a possibilidade do jovem cumprir uma meta sociocultural exigida ao homem, como forma de comprovar a sua virilidade5. Os Métodos Contraceptivos mais conhecidos pelos jovens foram: a camisinha, o contraceptivo oral e o injetável, o dispositivo intrauterino (DIU), e a esterilização cirúrgica, em que um dos jovens ainda afirmou ser está última, o método mais eficaz para evitar gestações indesejadas, sinalizando que além do conhecimento restrito quanto a diversidade dos métodos de anticoncepção, há insegurança na gestão do seu controle reprodutivo. Ao citar a esterilização como método mais eficaz, o jovem que vivenciou duas paternidades não planejadas não considera outras possibilidades que vislumbrariam evitar arrependimentos futuros ao aderir método, a princípio, irreversível para controle da procriação. Ademais, percebe-se que o jovem responsabiliza em geral a parceira pelo controle da prole, uma vez que ao citar um método irreversível, não cita a vasectomia como uma possibilidade. A oportunidade para os jovens dialogarem quanto a sexualidade e contracepção também se mostrou restrita, pois possuem dificuldade em abordar a temática tanto na família, quanto nos outros espaços sociais, ou com a própria parceira. Por estarem em período de formação e na fase em que a sexualidade se aflora, os jovens necessitam de informações diretivas quanto à contracepção e prevenção IST, e ainda segurança para expor seus sentimentos, angustias e dúvidas com profissionais de saúde e professores. A idade em que particpantes foram pais pela primeira vez variou de 15 a 23 anos. Nove pais têm apenas um filho, dois possuem dois filhos, e apenas um deles possui três filhos. Ao descobrir a gestação dos primeiros filhos, sete jovens estavam na fase do namoro com suas parceiras, quatro coabitavam, e um referiu estar “ficando”. À época do estudo, nove jovens encontravam-se em relação amorosa com as parceiras, contudo destes, somente quatro residiam com as mães de seus filhos, mostrando que a maioria não assume um compromisso conjugal em decorrência da gestação6. A preocupação com a dupla proteção também não foi considerada pela maioria, pois somente quatro referiram a utilização da camisinha e do método hormonal, sendo que um destes alegou que deixará de utilizar o preservativo após o período que a contracepção hormonal estiver eficaz para o seu uso individual, e outro demonstrou o seu uso esporádico, sinalizando que o fato de conhecer a camisinha não traduz sua real utilização como estratégia de evitar infecções oriundas das relações sexuais. O planejamento gestacional foi referido por um dos pais. E neste estudo, 18 gestações foram vivenciadas de forma não planejada, pois além dos 16 filhos vivos, tiveram relatos de dois abortamentos provocados. Dentre os onze jovens que negaram o planejamento gestacional, oito referiram que não utilizavam método contraceptivo na ocasião da gestação dos primeiros filhos. Dados esses que corroboram com a perspectiva de que o cenário de conhecimento restrito quanto aos métodos contraceptivos e a falta de oportunidade para dialogar quanto ao exercício da sexualidade, podem resultar em desfechos desfavoráveis na vida sexual e reprodutiva dos adolescentes/jovens.

Considerações Finais

Os jovens demostraram conhecimento restrito quanto aos métodos contraceptivos, pouca oportunidade para dialogar quanto as práticas sexuais, e comportamentos pouco assertivos na gerência de sua vida sexual e reprodutiva, o que sinaliza necessidade de revermos as práticas educativas. A experiência no sentido de aproximar a população dos profissionais, e trocar saberes e conhecimentos pode se mostrar válida ainda por formar jovens agentes multiplicadores7, e na juventude a relação com os pares pode favorecer o protagonismo juvenil no que tange ao exercício da sexualidade e reprodução saudável. REFERÊNCIAS:1-Terrible D, Brum CNde, Zuge SS, Bandeira J, Valandro LP, Santos MECRdos. Natureza e tendência das produções científicas sobre a paternidade na adolescência. Adolesc. Saude. 2017; 14(2):144-153;2-Gray DE. Pesquisa no mundo real. 2ª ed. Porto Alegre:Penso;2012;3-Bardin L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011; 4Oliveira MMS. Paternidade na adolescência: prevalência e fatores associados [ Dissertação]. Pelotas: Universidade Católica de Pelotas; 2012;5-Veiga MBdeA, Lemos A. Direitos sexuais e reprodutivos na adolescência: uma revisão integrativa. Cienc Cuid Saúde.2017; 14 (1): 74-87;6-Melo ALA, Machado MFAS, Maia ER, Sampaio KJAJ. Repercussões da paternidade na vida do adolescente. Rev Rene.2012;13(2): 261-268;7-Veiga MBdeA, Leite DLP,Guimarães SVBT, Silva LRda. Roda de conversa: multiplicando saberes para o enfrentamento da sífilis. Raízes e Rumos.2017;(5) especial: 229-234.

Palavras Chave

sexualidade, paternidade, jovens,direitos sexuais e reprodutivos

Area

Gênero, Sexualidade e Saúde

Autores

Maria Beatriz de Assis Veiga , Leila Rangel da Silva, Adriana Lemos