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Título

LIGAS ACADEMICAS: UMA ANALISE A PARTIR DE CURSOS DE GRADUAÇAO DA AREA DA SAUDE DO INTERIOR DO CEARA

Introdução

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação da área da saúde asseguram que a formação deve efetivar o tripé do ensino superior formado pelo ensino, pesquisa e extensão promovendo uma formação crítica, reflexiva e criativa1. Estimulando assim, uma integração com a sociedade, de modo a garantir a integração entre as Instituições de Ensino Superior e comunidade aproximando a Universidade dos problemas sociais, por meio de um processo que envolva comunicação, autonomia e transformação social2. Neste cenário, a fim de garantir a comunicação entre a sociedade e a Universidade, as Ligas Acadêmicas (LAs) surgem como uma estratégia que aproxima o estudante da prática de atenção à saúde, alcançando a indissociabilidade preconizada pelas DCN, de modo a oferecer uma ampla diversidade de campos de atuação para a formação em saúde3. As LAs, ainda que a literatura tenha um conceito polissêmico, são primordialmente disparadas e protagonizadas por acadêmicos que decidem se apropriar de uma temática específica inter-relacionando sua atuação com as demandas da população, sob a orientação de um corpo discente4. Além disso, garantem uma inserção direta do estudante no meio social, afim de que este visualize os determinantes e agravos que influem no processo saúde-doença e desenvolvam sua autonomia e tomada de decisão com o propósito de intervir sob aquela situação, como também proporcionar a ele enquanto futuro profissional um diferencial na sua formação acadêmica. Neste sentido, salienta-se a importância do estudo dessas estratégias que possibilitam um diferencial no perfil dos estudantes da área da saúde, com uma visão ampliada do cuidado em saúde.

Objetivos

Analisar as ligas acadêmicas de um Curso de Enfermagem e de Medicina de universidades do interior do Ceará.

Método

Trata-se de um estudo de caso múltiplos, desenvolvido no período de novembro de 2016 a maio de 2018, nos Cursos de Enfermagem e de Medicina da Universidade Estadual Vale do Acaraú e da Universidade Federal do Ceará, respectivamente. A coleta de dados ocorreu por meio da análise dos regimentos, editais e relatórios de oito ligas acadêmicas; observação não-participante das reuniões das ligas; e entrevistas com o coordenador discente e docente e com um dos ligantes de cada liga. Posteriormente, os dados foram analisados por meio da Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin, com a utilização do software N-vivo. Respeitou-se os princípios bioéticos da Resolução 466/12 do CNS, obtendo parecer favorável n° 2.102.883. Este estudo faz parte de uma dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde da Família apresentada à Universidade Federal do Ceará.

Resultados

A partir do material analisado pode-se verificar que as ligas acadêmicas dos cursos de graduação analisados atuam em três vertentes, quatro ligas atuam a partir de redes de Atenção à Saúde, duas atuam a partir de ciclos de vida e as outras duas em especialidades. As Diretrizes Curriculares Nacionais exigem que a formação dos profissionais da saúde deva considerar as necessidades sociais da saúde, a partir dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)1. As ligas estão cadastradas na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade e todas incluem em seu conceito que são entidades estudantis, coordenadas por um docente, que atuam em serviços específicos de saúde a partir das necessidades de aprendizagem de seus membros discentes, desenvolvendo atividades de ensino, pesquisa e extensão. As LAs preconizam a indissocialibilidade entre ensino, pesquisa e extensão, favorecendo a diversificação de cenários de aprendizagem³. Todas as ligas são formadas por estudantes de enfermagem ou medicina, por pelo menos um docente e por profissionais dos serviços em que as ligas atuam como colaboradoras. Apenas uma das ligas tem caráter interdisciplinar, incorporando os estudantes de educação física como membros. Quanto a sua organização pode-se afirmar que todas apresentam a estrutura de coordenação, que são membros fixos das ligas com funções específicas, por exemplo: presidente, vice-presidente, etc; e membros ligantes, que são os estudantes que estão ingressando pela primeira vez nas atividades. Para ingressar nas ligas, os estudantes têm que se submeter a um processo seletivo que varia de acordo com as especificidades temáticas de cada uma. O tempo de duração das ligas varia entre semestral e anual. Dentre as atividades desenvolvidas estão incluídas aulas para alinhamento teórico-prático; atividades assistencialistas nos diferentes serviços de atuação; atividades de educação em saúde, inclusive incorporando outros setores como a educação; e organização de eventos para aquisição de recursos financeiros. Pode-se afirmar ainda que existem ligas em que as relações são hierárquicas, onde as coordenações discente e docente exercem “poder” sobre os outros ligantes, uma vez que nas votações, por exemplo, o peso dos votos desses membros é superior ao dos outros ligantes. No entanto, há outras ligas que apresentam o conceito de gestão ampliada, considerando todos os membros importantes nos processos de tomada de decisão. O investimento em relações horizontalizadas onde ensino e serviço atuem em parceria e onde haja a incorporação da comunidade como uma organização dinâmica e ativa5,6 potencializará a aprendizagem. Verificou-se ainda que as ligas proporcionam habilidades técnicas e emocionais nos estudantes, como: responsabilidade, autonomia, trabalho em equipe, solidariedade, dentre outros. Além disso, identificara-se fragilidades que precisam ser levadas em consideração como: especialidade precoce, ausência de supervisão, sobrecarga do estudante, entre outros. No entanto, apesar dessas fragilidades encontradas verifica-se nas ligas potencial para contribuição na formação em saúde.

Considerações Finais

A partir do exposto acredita-se na importância das ligas acadêmicas ao contribuírem com a formação dos acadêmicos de enfermagem e de medicina aprimorando suas competências para o desenvolvimento de suas atividades em seus futuros espaços de inserção profissional. Verifica-se que as ligas acadêmicas podem promover o fortalecimento da integração ensino-serviço-comunidade, de modo a reconhecer os diversos cenários de aprendizagem e principalmente colocar em destaque o papel da Universidade como instrumento de transformação social, incluindo a sociedade como uma das protagonistas da formação em saúde. Além disso, pode possibilitar a construção de um perfil discente e docente que fomente a autonomia, a proatividade e a responsabilidade social.

Palavras Chave

Ligas Acadêmicas; Formação; Saúde

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Instituciones

Universidade Federal do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

Ana Suelen Pedroza Cavalcante, Gabriel Pereira Maciel, Maristela Inês Osawa Vasconcelos, Ricardo Burg Ceccim, Regina Lúcia Monteiro Henriques, Izabelle Montalverne Napoleão Albuquerque, Marcos Aguiar Ribeiro, Quitéria Larissa Teodoro Farias