Datos del trabajo


Título

SER ENFERMEIRO NA ESTRATEGIA DE SAUDE DA FAMILIA: UM RELATO DE EXPERIENCIA

Introdução

A Atenção Primária à Saúde (APS) é considerada a porta de entrada do nosso sistema de saúde, o início da assistência centrada na pessoa. É ela quem integra e coordena o cuidado, sendo capaz de resolver a maioria das necessidades de saúde da população e direcionando os que exigem uma atenção mais especializada. Na busca pela integralidade de atenção à saúde, tem-se a estruturação do trabalho em equipe multiprofissional, com maior diversidade de ações, destacando-se que as faculdades inerentes a cada um dos cargos pertencentes à equipe mínima e de saúde bucal é composta por dimensões do conhecimento e habilidades que são relativas à assistência integral da saúde individual e coletiva da população. Como membro da equipe mínima, no âmbito da Estratégia Saúde da Família (ESF), o enfermeiro exerce atividades de supervisão, treinamento e controle da equipe e atividades consideradas de cunho gerencial. Além disso, as ações do enfermeiro devem compreender todos os níveis de atenção à saúde (promoção, proteção e recuperação), de forma articulada e integrada, dando enfoque às principais doenças e agravos à saúde da população adscrita e maior atenção aos grupos mais suscetíveis, as faixas etárias mais atingidas, aos riscos mais relevantes e buscando mecanismos para controle de cada caso.

Objetivos

Descrever a experiência de uma enfermeira de uma Unidade Básica de Saúde do Município do Rio de Janeiro ao longo do seu período de atuação e destacar sua visão acerca do processo de trabalho do enfermeiro no cenário da estratégia de saúde da família, bem como seus desafios, limitações e caminhos.

Método

Como método, utilizou-se o relato de experiência, que consiste em uma modalidade de investigação científica de demonstração de experiências práticas para maior compreensão e fundamentação de um fato. [6]
O cenário do estudo foi uma Unidade Básica de Saúde, situada na XV II Região Administrativa - Área de Planejamento da secretaria Municipal de Saúde AP 3.3, do município do Rio de Janeiro.
Participou do estudo uma profissional da enfermagem, do sexo feminino, 24 anos, que redigiu o relato nos meses de fevereiro e março de 2018, após vinte e dois meses de atuação na área da Estratégia de Saúde da Família. O relato baseia-se na atuação da enfermeira em duas unidades distintas durante este período e busca abordar os aspectos profissionais, físicos, sociais e psicológicos embutidos no “ser enfermeiro”.
O percurso metodológico seguiu as etapas de definição da temática/ questão problema, delimitação dos objetivos, estado da arte e coleta do relato.

Resultados

O enfermeiro foi formado para liderar. Na Estratégia de Saúde da Família, a liderança aflora ainda mais. Como líder da equipe, o enfermeiro supervisiona a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde e do profissional técnico em enfermagem, articula com o profissional médico e a equipe de odontologia, monitora os indicadores de saúde da população adscrita, propõe ações, responde pela equipe e suas produções frente a gerência, administra determinados setores da unidade e atua na área assistencial, por meio da realização da consulta de enfermagem, visitas domiciliares, realização de procedimentos e ações de educação em saúde no território.
É durante a consulta de enfermagem que o enfermeiro apresenta autonomia e a oportunidade de realizar atividades educativas, fortalecer o vínculo por meio da escuta ativa e da empatia e intervir nas dificuldades e problemas dos usuários dentro do seu contexto, sendo importante destacar a visão holística e o olhar crítico do enfermeiro como ferramentas importantes no processo de cuidar. Outra questão de grande revelância na atuação do enfermeiro que atua neste cenário é o envolvimento dos usuários, família e comunidade nas práticas de saúde, estabelecendo parceirias e vínculo com setores e pontos de apoio importantes no território, o que faz com que a assistência vá além dos aspectos que envolvem saúde e doença, mas alcançando e agindo também sobre os aspectos sociais, ambientais e, inclusive, econômicos.
A visita domiciliar consiste em outra prática do enfermeiro que atua na estratégia de saúde da família e está relacionada à investigação das necessidades de saúde, práticas assistenciais, principalmente aos usuários asilados ou acamados e aos grupos prioritários, e a observação do espaço onde vive o usuário, bem como suas relações familiares e hábitos. Trata-se da perspectiva longitudinal de atenção.
Além disso, é também competência do enfermeiro a realização de atividades educativas, visando à promoção de saúde e prevenção de agravos, que configuram os principais objetivos da atenção básica e, se empregados corretamente, minimizam danos e facilitam o processo de trabalho, bem como a realização de procedimentos. As atividades administrativo-burocráticas também apresentam grande peso dentro da prática diária. Diante do exposto, é possível evidenciar como grande dificuldade para os enfermeiros a sobrecarga de tarefas, que consomem grande parte do tempo e, impactam, diretamente na qualidade de vida dentro do trabalho.
As exigências de produtividade, o número de famílias na população adstrita, a falta de materiais para dar suporte ao processo de trabalho, a falta de condições de trabalho no que diz respeito aos aspectos físicos e o fato de atuar na porta de entrada do sistema de saúde contribuem para a o esgotamento físico e mental do enfermeiro.
Ainda assim, apesar dos grandes avanços e conquistas na área da enfermagem, que vem firmando-se como uma categoria com alto conhecimento técnico e prático, continua visível a desvalorização do profissional, seja pela população, pela gestão, por outras categorias profissionais e pelo próprio enfermeiro.

Considerações Finais

Diante do exposto, é possível destacar o enfermeiro como um profissional altamente qualificado, com um olhar diferenciado e cuidador sobre as pessoas. Apesar da visão artística e filosófica sobre a enfermagem, é evidente sua aplicabilidade e necessidade nas práticas de saúde. Enfermagem é saber técnico e científico, é responsabilidade, gerência, autonomia e intervenção. Na ESF, o enfermeiro é um grande articulador, peça-chave dentro da equipe multiprofissional, com vistas ao alcance e estabelecimento dos princípios do nosso Sistema Único de Saúde. Ainda assim, a categoria sofre com a desvalorização e as altas cargas de trabalho, trazendo a reflexão a cerca da postura assumida pelo profissional em seu processo de trabalho e a busca por novos espaços olhares.

Palavras Chave

Enfermeiro; Atenção Primária; Cuidado.

Area

Outros

Autores

Tatiana Monteiro Paixão, Rejane Fátima Parada Viegas, Janaina Moreno Siqueira, Sheila Nascimento Pereira Farias, Viviane Brasil Amaral dos Santos Coropes