Datos del trabajo


Título

REPRESENTAÇOES SOCIAIS DE FAMILIA NA PERSPECTIVA DE SOCIOEDUCANDOS

Introdução

Adolescente em conflito com a lei é aquele que praticou ato classificado como infracional do ponto de vista legal, estando sujeito a sanções previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. Nessa etapa da juventude os indivíduos estão sujeitos a variações que podem antecipar, prolongar, encurtar ou dirimir concretizações planejadas para o futuro. A família é elemento que interfere diretamente no amadurecimento e formação do adolescente e que atua como verdadeiro arcabouço de sustentação em meio a suas descobertas. No entanto, para uma parcela representativa dos adolescentes em socioeducação os vínculos afetivos familiares são frágeis ou ausentes, demandando atenção e esforço frente a necessidade de uma assistência integral e ao fortalecimento das redes sociais de apoio primária e secundária a esse grupo visando otimizar o processo de ressocialização. É frequente a exposição do adolescente em conflito com a lei a diferentes formas de vulnerabilidades no próprio contexto familiar, sendo as mais frequentes a pobreza, a violência e a drogadição. Esses elementos contribuem para o envolvimento do adolescente com o uso de drogas de maneira precoce, a partir de sua exposição a situações de conflito e violência gerados na própria família ou no convívio com pessoas significativas em que, por vezes, se espelham. Na perspectiva de enfrentamento das vulnerabilidades que perpassam a vida dos adolescentes envolvidos na prática de atos ilícitos, e que assim interferem em sua saúde e desenvolvimento integral, é necessário conhecer o universo de suas vidas. A análise das representações sociais de adolescentes em medidas socioeducativas sobre família, pressupõe a impossibilidade de compreensão desses sujeitos sem que se considere os intervenientes que favorecem o aliciamento desses jovens por uma trajetória distanciada do imaginário idealizado ao indivíduo em seu pleno desenvolvimento.

Objetivos

Analisar as representações sociais de família na perspectiva do adolescente em cumprimento de medida socioeducativa.

Método

Trata-se de um estudo Descritivo-exploratório com delineamento qualitativo, que utilizou as Representações Sociais enquanto referencial teórico. A pesquisa foi realizada com adolescentes assistidos em uma casa de semiliberdade situada em Recife-PE. Considerando a pesquisa qualitativa enquanto método relacionado a investigação de comportamentos, atitudes e representações dos indivíduos, o tamanho da amostra respeitou ao critério da saturação teórica: interrompendo-se a coleta dos dados quando se percebeu que o acréscimo de novos elementos pouco acrescentaria ao material já obtido, não mais contribuindo para o aperfeiçoamento teórico e reflexivo possível ou desejado. Foi utilizada a técnica de Desenho-Estória com Tema, para facilitar o alcance da finalidade da investigação e tornar a abordagem mais lúdica. Entretanto, o estudo não se propôs a tecer uma análise dos desenhos, e sim das representações sociais de família, a partir das Estórias apresentadas pelos participantes. A seleção dos adolescentes ocorreu de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Os participantes do estudo foram adolescentes do sexo masculino com idade entre 15 e 18 anos, em cumprimento de medida socioeducativa a mais de 30 dias. Foram excluídos adolescentes com impossibilidade de comunicação verbal, e que estivessem ausentes na instituição durante o período de coleta, que ocorreu entre os meses de abril a setembro de 2017. A operacionalização da pesquisa deu-se após os devidos assentimentos e consentimentos esclarecidos e seu desenvolvimento condicionado a anuência judicial. A pesquisa foi aprovada por comitê de ética e pesquisas e obedeceu aos requisitos da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde que trata sobre a condução de pesquisas envolvendo seres Humanos. Foi realizada a análise temática do conteúdo das entrevistas com posterior interpretação e discussão à luz do referencial da Teoria das Representações Sociais, que valoriza a subjetividade da produção do conhecimento considerando os intervenientes de sua produção, e permite a compreensão e interpretação de atitudes e práticas frente ao objeto representado.

Resultados

Participaram da pesquisa 16 adolescentes. A faixa etária variou de 16 a 18 anos, sendo os participantes maioritariamente jovens com 16 anos de idade. A duração média de cada entrevista foi de 40 minutos. Os dados provenientes das entrevistas compuseram o corpus que após leitura exaustiva permitiu a identificação de trechos-chave que correspondiam ao objetivo analítico pretendido. Dessa análise, emergiram as seguintes categorias: conflitos afetivos no contexto familiar; ausência da figura paterna; drogadição no contexto familiar; e omissão no papel educativo. Na objetivação imagética dos adolescentes entrevistados, a aspiração de constituir uma família funcional sobressaiu, possibilitando compreender a importância que estes sujeitos atribuem a está instituição pelo ideário socialmente construído de sua importância. Está representação expressa a pretensão de romper com as fragilidades presentes em seus contextos familiares, sendo idealizadas pela construção social do modelo tradicional da família como elemento primário na educação do indivíduo e na articulação deste com o contexto social. As representações de família reveladas pelos adolescentes se contrapõem as relações familiares conflituosas ou fragilizadas que constituem o cotidiano de seus contextos de vida.

Considerações Finais

A enfermagem depara-se frequentemente com a busca de evidências científicas capazes de instrumentalizar sua prática. Nesta perspectiva, a apreensão das representações sociais de família dos adolescentes em conflito com a lei, possibilita a este profissional uma maior aproximação com os conhecimentos, que envolvem o senso comum desses indivíduos concorrendo para o seu envolvimento com a violência e criminalidade com repercussões danosas para o seu desenvolvimento cognitivo, físico e psicossocial. O convívio em famílias desajustadas ou omissas se tornam determinantes e cruciais frente a concretização de seus objetivos de vida e de um desenvolvimento sadio.

Palavras Chave

Adolescente Institucionalizado, Família, Vulnerabilidade Social, Percepção Social

Area

Violências e Saúde

Autores

Denize Ferreira Ribeiro, Waldemar Brandão Neto, Estela Maria Leite Meirelles Monteiro