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Título

APRENDENDO SOBRE A CORRENTE INSTITUCIONALISTA NA SAUDE COLETIVA: APROXIMAÇOES PROFICUAS NA POS-GRADUAÇAO

Introdução

No ano de 2017, o Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual do Ceará (UECE) inseriu na disciplina metodologia qualitativa um curso de Análise Institucional demandada por pós-graduandos do mesmo estabelecimento. Assim, uma professora especialista, pioneira ao trazer este referencial francês ao Brasil e associá-lo à Saúde Coletiva, foi convidada para mediar esse processo de ensino-aprendizagem. Ela realizou seu estágio pós-doutoral com René Lourau, que junto com Georges Lapassade são os fundadores da Análise Institucional. Para o oferecimento da disciplina, em si, a professora precisou realizar um esboço de planejamento - provisório - dos conteúdos, para cumprir as formalidades que os estabelecimentos de ensino têm. Entretanto, de início, o planejamento provisório foi discutido e reorganizado de acordo com as necessidades do imediato, de forma autogestora entre estudantes e professora. Esse curso aconteceu no período de 11 a 15 de Dezembro de 2017, com encontros no período da manhã (das 8h às 12h) e no período da tarde (das 13h às 17h), nas dependências da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Objetivos

O objetivo deste texto se refere à refletir sobre experiência formativa referente à corrente institucionalista e à saúde coletiva e sobre a utilização da Análise Institucional nas práticas profissionais dos pós-graduandos a partir de um exercício de aproximação teórico-prática com reflexões e ressignificações do agir profissional.

Desenvolvimento

Para começar a contextualizar como foi o desenvolvimento da disciplina, será importante enunciar as suas características essenciais: trabalho com os conteúdos conceituais da análise institucional; experimentação de momentos de autogestão dentro do transcorrer da disciplina; análise de nossas implicações, inclusive do modo como a disciplina estava ocorrendo; reflexões sobre o fazer pesquisa, em que cada um teve a oportunidade de contar experiências e analisá-las no seio do grupo, no aqui e agora, a partir dos conceitos da análise institucional; sensação de um exercício breve de desterritorialização, em que podíamos falar sem medo de "certo ou errado", ou mesmo de censuras quaisquer; além de ter tido a análise de encomenda e demandas como o disparador de tudo. Nessa direção, para começar a expressar, mesmo que minimamente por conta das limitações tanto do próprio ato de colocar pensamentos em palavras como pela limitação de palavras neste resumo, cabe ressaltar que as estratégias utilizadas na disciplina, ao mesmo tempo em que trabalhavam os conteúdos específicos referentes aos conceitos e práticas das correntes institucionalistas, também propiciavam a 'experienciação' de momentos de autogestão (decisões sobre o caminhar da disciplina em si), a análise de implicação (implicação com a disciplina, com seus projetos de pesquisa, com a análise institucional, com a vida, dentre outros assuntos pertinentes), inclusive despertando movimentos crítico-reflexivos relacionados com as sobreimplicações (situação em que não conseguimos enxergar as próprias implicações, devido às próprias implicações). O fato de poder partir de um esboço de planejamento, mas se sentir livre para deixar que a disciplina se construísse, tendo nossas experiências como ponto de partida e de chegada, possibilitou construir a disciplina juntos, relacionando conceitos e práticas institucionalistas com experiências e práticas enquanto pós-graduandos, profissionais de diversas áreas do saber, professores, professores-em-construção, em que se partia de crenças sobre pesquisa de diversas naturezas epistemológicas - tudo isso foi convidativo para um movimento de desterritorialização, sair de zonas de conforto para conseguir se expressar, participar do ‘encontro’, se colocar em um estado de escuta ativa, buscando compreender o que o outro produz em mim, em si, no grupo e com o grupo, ao mesmo tempo que nos provocou a análise de implicação, o que nos ajudou a refletir, mesmo que de forma breve para aquele momento, sobre as instituições que nos estavam atravessando quando do momento do encontro e das produções que estávamos a fazer juntos (o que movia os desejos, as crenças, dentre outros). Essas construções de que pudemos participar se iniciaram com o convite da professora para que pensássemos sobre a encomenda e as demandas quando o programa decidiu instituir a disciplina em si, o que permitiu verificar que ela nasceu do desejo e do encontro - do desejo de se aprofundar mais ainda no referencial (o conhecimento é alimento e preenche os nossos vazios) e do potencial do encontro que gerou novas possibilidades de participação de outras pessoas que não estavam ligadas a esse programa de pós-graduação e a este estabelecimento de ensino (UECE). Desse modo, passamos por vários conceitos e conteúdos da Análise Institucional, tais como: instituição (e considerando sua dialética instituído-instituinte-institucionalização), análise de implicação (libidinal, organizacional, ideológica), análise da demanda e da encomenda, dentre outros.

Considerações Finais

Portanto, a transposição das concepções institucionalistas, entremeando as construções das estratégias pedagógicas na disciplina de pós-graduação, permitiu que o grupo produzisse sentidos por meio não somente da dimensão cognitiva (reflexiva), mas também a partir do encontro e das relações que se produziram com o outro e consigo mesmo, no seio de um grupo, motivadas pelo espírito da autogestão e da análise de implicação. Nesse sentido, pode-se afirmar que a pós-graduação no Brasil anseia cada vez mais por disciplinas com esta abordagem.

Palavras Chave

Formação; Análise Institucional; Saúde

Area

Políticas e processos de formação de profissionais e pesquisadores

Instituciones

Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil, Universidade Estadual do Ceará - Ceará - Brasil

Autores

José Renato Gatto-Júnior, Ana Paula C. Ramalho Brilhante, Solange L'Abbate, Maria Salete B. Jorge, Cinira Magali Fortuna