Datos del trabajo

Título

Promoção do Cuidado-de-Si à Pessoa Idosa com Dor Crónica na Consulta Telefónica de Enfermagem dum Centro Multidisciplinar da Dor

Introdução

A dor crónica perturba a vida de 50% das pessoas idosas. Porém, esta é uma situação sub-tratada e medicamente desvalorizada, pois apenas 20% das pessoas idosas tomam terapêutica analgésica (Kopf, 2013). Viver com dor crónica interfere com a realização das atividades da vida diária, mobilidade, humor, qualidade de sono e condução de veículos, para além das várias dimensões da saúde das pessoas (DGS, 2011). O telefone é um instrumento que permite ao enfermeiro e à pessoa idosa criar um canal de partilha, de esperança e de possibilidades para enfrentar a dor e sofrimento. Assim, o Centro Multidisciplinar da Dor (CMD) do Hospital XY, tem em funcionamento desde 1995, no âmbito da intervenção de enfermagem, uma consulta telefónica (CT) que dava resposta às solicitações das pessoas (Martins & Lopes, 2010). Ao ser constatado que o número de pessoas seguidas no CMD que mantinha níveis elevados de dor fez a equipa de enfermagem questionar-se sobre a necessidade de intervir proactivamente no controlo e na minimização dos efeitos deletérios da mesma, passando a CT a ser da iniciativa da equipa de enfermagem. Contudo, não está claro na literatura qual deverá ser o modelo de intervenção na CT. A definição ou clarificação deste modelo é fundamental para que em parceria com a pessoa idosa se possa promover o Cuidado-de-Si de modo que esta possa prosseguir com o seu projeto de vida, apesar da circunstância da dor crónica (Gomes, 2016).

Objetivos

Desenvolver o modelo de intervenção e as necessárias competências na equipa de enfermagem para uma intervenção sistematizada que promova o Cuidado-de-Si na pessoa idosa com dor crónica através duma consulta telefónica.

Método

Projeto de investigação-formação-ação que teve início em maio 2017 e prazo de conclusão previsto em dezembro de 2018. Participantes- Pessoas idosas, capazes de comunicar por telefone, enfermeiros e médicos do CMD e investigadores.
Procedimentos metodológicos- Realização de 1 consulta presencial e 4 CT de acompanhamento à pessoa idosa com dor crónica, que se realizam 15 dias após a consulta presencial, ao fim de 1 mês, 3 meses e 6º meses. Este procedimento foi efetuado com 18 pessoas idosas. Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram: Inventário Resumido da Dor, Medida de Adesão aos Tratamentos (MAT) e entrevista focus grupo a (5) enfermeiros que envolveu as fases de: planeamento, preparação, moderação, análise dos dados e divulgação dos resultados (Krueger & Casey, 2009). A entrevista foi audiogravada (90 minutos de duração) e foram recolhidas notas durante a mesma, tendo-se procedido à transcrição e análise qualitativa dos dados recolhidos e feita a codificação, atribuição de categorias, refletindo estas os temas presentes no guião e os novos que emergiram da discussão do grupo. O estudo foi autorizado pelo conselho de administração do Hospital e respetiva comissão de ética, tendo também sido pedido o consentimento informado aos participantes e assegurada a confidencialidade e anonimato dos dados.

Resultados

A CT revelou ser um meio de promover a adesão à terapêutica analgésica e a funcionalidade das pessoas idosas com dor crónica, assim como um meio de aproximação entre os enfermeiros, as pessoas idosas e a sua família. Os resultados alertaram também para a importância do foco da intervenção da enfermagem na CT ir para além da dor, devendo também estar centrado na forma como cada pessoa idosa vive a sua vida e gere a sua dor crónica de modo a permitir o controlo da mesma, a melhoria da sua saúde e a sua vida quotidiana. Através do focus-grupo percebeu-se a importância da sistematização desta intervenção e foram identificadas fases fundamentais na consulta, que incluem questões e sugestões de ações, para um efetivo trabalho em parceria com a pessoa idosa que promova o Cuidado-de-SI: a) preparação da consulta; b) início da consulta telefónica; c) desenvolvimento da consulta; d) estabelecimento de compromissos e orientação para assegurar o Cuidado-de-Si; e) validação de estratégias e compromissos; f) finalização da consulta.

Considerações Finais

A CT exige uma intervenção de enfermagem em que a pessoa idosa deve ser a figura central das preocupações da equipa e não somente o controlo da sua dor. O processo de intervenção na promoção do Cuidado-de-Si concretiza-se através de uma relação de parceria, sustentando-se no conhecimento do potencial de desenvolvimento da pessoa idosa de modo a capacitá -la para a continuidade do seu projeto de saúde e de vida, pois a sua saúde relaciona-se com a sua capacidade de gerir a própria vida. Assim, a CT de enfermagem tem de ter por base um modelo de intervenção estruturado que permita capacitar a pessoa idosa com dor crónica para cuidar de Si e viver o seu quotidiano de vida para além da dor. Como trabalho futuro sugerimos a continuação do estudo com observação participante das CT de modo a refinar a interação.

Palavras Chave

consulta telefónica de enfermagem; dor crónica; pessoa idosa; Cuidado-de-SI.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas