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Título

CARACTERISTICAS DA LITERATURA NACIONAL SOBRE PROBLEMAS NAO-MEDICOS NA GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA

Introdução

Apresenta-se parte de uma revisão integrativa cujo objetivo é construir eixos e marcadores para investigação de vulnerabilidades a problemas não médicos entre adolescentes grávidas, tendo em vista o seu uso no pré-natal, com base em contribuições científicas da literatura nacional e internacional sobre o assunto. Em nossa cultura, a adolescência é uma fase ímpar no desenvolvimento da vida das pessoas, caracterizada por várias mudanças físicas, psicossociais, dentre elas modificações no padrão de comportamento e no exercício da sexualidade, que se associam à ocorrência da gravidez1. A gravidez na adolescência (GA) é uma questão social muito debatida e controversa na atualidade. Na visão biomédica e da epidemiologia clássica, ela é considerada “problema”, justificada, sobretudo em riscos e repercussões identificados como desfavoráveis à vida e saúde da adolescente, às condições de nascimento e ao desenvolvimento da criança1. Da perspectiva da integralidade, a GA é vista de forma situada e em sua abrangência e peculiaridades, e a abordagem da saúde das adolescentes considera a combinação sempre singular de características individuais, do contexto de vida e de inserção no cotidiano, que podem ou não comprometer o desenvolvimento biopsicossocial e o processo reprodutivo, e resultar em problemas médicos e não-médicos. Estes dizem respeito, respectivamente, a problemas de saúde (agravo, doença, enfermidade) e a necessidades não satisfeitas, a sofrimentos e/ou dificuldades para “andar a vida” e “vivenciar a gravidez”. O cuidado à GA, pela ótica da integralidade, requer a ampliação do enfoque de risco que orienta a assistência pré-natal, a ser ampliado pela incorporação da abordagem das vulnerabilidades2. Por meio deste pode-se acessar o universo individual e o entorno das adolescentes grávidas, para reconhecer o que as torna suscetíveis a ter suas vidas desorganizadas e a dificuldades de mobilizar recursos acessíveis para reorganizá-las, para então se prover/mobilizar os cuidados necessários. Apesar da importância dessa alternativa, a GA, ao que parece, tem sido escassamente debatida com base no quadro conceitual das vulnerabilidades ou tomando estas como tema central do estudo, em particular no que diz respeito aos problemas-não médicos e frente às implicações da conjunta ocorrência gravidez-adolescência.

Objetivos

Traçar um panorama geral das publicações nacionais que abordam problemas não-médicos na GA, como tema central ou não, e evidenciar a quais se dá destaque.

Método

Revisão Integrativa (RI), com recorte na caracterização das publicações nacionais. Selecionou-se artigos de pesquisa nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Publicações médicas (PUBMED) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). Selecionou-se 47 estudos, 24 da base LILACS, 09 da CINHAL e 14 da PUBMED. Neste trabalho analisa-se somente a literatura selecionada na base LILACS. Como estratégia de busca utilizou-se os descritores “gravidez na adolescência/pregnancy in adolescence OR maternidade/maternity and adolesc$”. Elegeu-se estudos com a população ‘adolescentes grávidas de 10 a 19 anos’, publicados em periódicos Qualis A1 e A2 e Qualis B1, com recorte temporal nos anos de 2009 a 2018. Dois pesquisadores avaliaram a qualidade dos artigos, com base em critérios validados no meio científico. Incluiu-se pesquisas com metodologia tanto quantitativa como qualitativa, que incorporavam ou não o quadro conceitual da vulnerabilidade, e que abordavam questões não-médicas da gravidez na adolescência, ao enfocar: percepções, vivências, informações e conhecimentos de adolescentes a respeito da GA e dos cuidados a esta; sentimentos e preocupações de adolescentes relacionados à GA; comportamentos de cuidado na GA e dificuldades, problemas e desafios relacionados; potenciais e apoios que adolescentes dispõem ou mobilizam frente à situação de gravidez-maternidade; e consequências ou repercussões da GA na vida e saúde da adolescente. Ao final, estes foram sumarizados para contextualização dos estudos e analisados por meio da análise de conteúdo temática, separando-se a literatura nacional da internacional.

Resultados

Considerado o qualis dos periódicos, localizou-se 24 artigos nacionais de interesse. Entre esses, verificou-se o predomínio de publicações no ano de 2014, que totalizou sete (29,1%), seguido pelos anos 2011 e 2012 com cinco publicações em cada ano (20,8%). Em relação à área dos periódicos das publicações, 26% foram em periódicos da enfermagem, 23,9% da saúde coletiva e 13% da psicologia. Outras publicações, em menor número, ocorreram nas áreas da medicina/saúde reprodutiva e em periódicos multidisciplinares. Quanto à abordagem metodológica, 19 publicações (79,16%) eram qualitativas, quatro quantitativas (16,6%) e uma qualitativa-quantitativa. Os estudos abordaram os temas: determinantes sociais e biográficos da ocorrência e das vivências da GA; perspectivas e dificuldades relacionadas à ocorrência e vivência da GA; sentimentos e reações da adolescente à gravidez; organização da vida da adolescente na gravidez e projetos futuros; expectativas quanto à concretização da maternidade; representações e experiências relacionadas à vida escolar; e apoios sociais recebidos e transformações na vida das adolescentes com a gravidez. Os problemas não-médicos apontados na literatura abrangeram: agravos, necessidades de saúde não satisfeitas nas esferas cognitivo-educativa e afetivo-relacional; atitudes e comportamentos desfavoráveis à saúde; sofrimentos relacionados à ocorrência da gravidez; e dificuldades para enfrentar dificuldades e limitações.

Considerações Finais

O tema da GA é atual e amplamente debatido, porém, não pela ótica da vulnerabilidade ou com a intenção de evidenciá-las frente a problemas não-médicos. As áreas que discutem a GA com possibilidade de se identificar problemas dessa natureza e aspectos que os explicariam concentram-se na enfermagem, saúde pública e psicologia, sobretudo em pesquisas de abordagem qualitativa. Os problemas não-médicos relacionados à GA encontrados na literatura dizem respeito a aspectos subjetivos, relacionais e sociais.

Palavras Chave

Gravidez na adolescência; Vulnerabilidade; Revisão Integrativa

Area

Saúde do Adolescente

Instituciones

Universidade Federal de Mato Grosso - Mato Grosso - Brasil

Autores

Tayani de Campos Rodrigues Marinho, Edir Nei Teixeira Mandú , Nayara de Araújo Brazil Barbosa, Ana Maria Nunes Silva