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Título

CONCEPÇOES DE ADOLESCENCIA E GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA NA LITERATURA CIENTIFICA NACIONAL SOBRE QUESTOES NAO-MEDICAS NA GRAVIDEZ

Introdução

Evidencia-se concepções de adolescência e de gravidez nessa fase, presentes na literatura científica nacional que aborda situações não-médicas entre adolescentes grávidas. Este recorte é parte de uma revisão que propõe a construção de eixos e marcadores para investigação de vulnerabilidades entre o grupo, com base em evidências científicas presentes na literatura brasileira e internacional sobre o assunto. Em nossa cultura, a adolescência é considerada uma fase ímpar no desenrolar da vida. Como construção social, ela é representada e se apresenta de modos diversos em diferentes contextos histórico-sociais, como experiência situada e peculiar da vida de cada adolescente, abarcando as dimensões física, social, psico-afetiva, cognitiva, relacional, criativa, entre outras. A gravidez na adolescência (GA) é um processo que também abarca essas várias dimensões, a ser considerada em suas peculiaridades e diversidade decorrentes de sua inserção social, e como parte das biografias de vida. Características concretas da passagem pela adolescência se entrelaçam à experiência da gravidez e podem propiciar situações de maior ou menor vulnerabilidade a problemas médicos (doenças, agravos, enfermidades) e/ou não-médicos (necessidades, sofrimentos, dificuldades), a serem considerados no cuidado pré-natal. Este, comumente não explora ou intervém em situações/problemas não-médicos vividos por adolescentes grávidas, assim como em situações que as tornam vulneráveis àqueles, o que demarca a inexistência de ações de promoção da saúde, nos limites da prática individual e coletiva. O pré-natal no país é fortemente orientado pelo enfoque de risco, que incorpora uma compreensão homogênea e a-histórica da adolescência, da gravidez e do entrelaçamento entre estas, bem como da saúde das adolescentes e dos cuidados a elas direcionados2. Esse enfoque desconsidera a articulação de todos esses fenômenos com o contexto social, institucional e individual. O enfoque das vulnerabilidades, mais abrangente, apresentado como uma alternativa coerente com a perspectiva de integralidade, considera a combinação sempre singular de características individuais, de contextos de vida e de inserção no cotidiano da vida que dão contornos às experiências, necessidades e problemas1. A abordagem das vulnerabilidades de adolescentes grávidas permite acessar o universo peculiar e o entorno delas, bem como a relação entre ambos, para reconhecer o que as torna suscetíveis aos problemas variados, considerada também a relação carências-recursos. Essa abordagem requer que os profissionais do cuidado interpretem de forma abrangente e situada a GA e a sua relação com a fase da adolescência e outros processos. Na identificação e análise de vulnerabilidades, os fenômenos em estudo devem ser compreendidos como totalidades dinâmicas, complexas, histórico-sociais, e enquanto experiências peculiares dos envolvidos, ligadas à história de cada um, e que resultam em adolescências e em experiências de gravidez diversas. Desse modo, na análise crítica da literatura que pesquisa e debate a GA e, em especial as situações/problemas não-médicos, é importante reconhecer perspectivas assumidas.

Objetivos

Analisar as concepções de adolescência e GA e a sua aproximação ou distanciamento do quadro conceitual da vulnerabilidade, na literatura científica nacional que debate o assunto.

Método

Estudo de Revisão Integrativa (RI), com recorte em publicações nacionais selecionadas na base Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Na busca utilizou-se os descritores “gravidez na adolescência/pregnancy in adolescence OR maternidade/maternity and adolesc$”. Selecionou-se pesquisas com adolescentes grávidas de 10 a 19 anos, publicadas em periódicos Qualis A1 e A2 e Qualis B1, com recorte temporal em 2009-2018. Elegeu-se 24 pesquisas após avaliação da qualidade dos artigos por dois pesquisadores. Incluiu-se pesquisas quantitativas, qualitativas e quantitativas-qualitativas, voltadas a questões não-médicas da GA. Os estudos foram sumarizados e analisados por meio da análise de conteúdo temática.

Resultados

A adolescência é explicada como uma etapa do desenvolvimento humano, visto sobretudo de forma sequencial e linear. Ela é, ainda, naturalizada e universalizada entre os estudiosos, sendo conceituada como um período de transformações típicas e com conflitos “próprios”. Mais amplamente, e de forma coesiva com o enfoque das vulnerabilidades, a adolescência é caracterizada por alguns autores em suas especificidades e como construção sociocultural e histórica, com uma correspondente abordagem da gravidez e dos problemas/situações não-médicas. Das modificações na adolescência os autores destacam mudanças na identidade pessoal e nas interações (sentimentos, exercício da sexualidade, individualização, posicionamentos, autonomia). Porém, a inter-relação entre esses elementos destacados e a experiência da gravidez são praticamente inexplorados, assim como as possíveis interferências de um acontecimento sobre o outro. A GA é evidenciada como um importante problema social e da saúde pública. Ainda, é tratada como um fenômeno uniforme, a-histórico e quase atemporal, homogeneizando-se as diferenças relativas tanto às faixas etárias quanto às inserções sociais, dentre outros aspectos. De forma mais ampla, essa perspectiva é criticada e o acontecimento é pensado considerando-se aspectos do coletivo (classe social, gênero, geração, biopolítica), bem como em sua relação com dinâmicas familiares e histórias de vida. Problemas não-médicos são tratados, assim, na relação com fatores variados, segundo uma perspectiva multicausal, ou em sua relação com múltiplos e imbricados elementos de natureza sociocultural, coletiva e individual. Todos os estudiosos são unânimes em considerar a possibilidade de se manifestarem repercussões negativas na vida e saúde da adolescente que engravida. Mas poucos consideram seus aspectos positivos, dando voz a adolescentes, bem como recursos possíveis de serem mobilizados frente aos problemas não-médicos e que permitem melhor analisar vulnerabilidades a estes.

Considerações Finais

A adolescência e a GA ainda são abordadas de forma universal. Problemas não-médicos são nomeados e tratados sobretudo de forma tangenciada, não sendo estudados em suas várias relações. Conhecer como a adolescência e a GA têm sido compreendidos e caracterizados na literatura nacional permite reconhecer que há um longo caminho a trilhar para a consolidação de uma abordagem coerente com o quadro conceitual das vulnerabilidades.

Palavras Chave

Gravidez na adolescência; Vulnerabilidade; Revisão Integrativa

Area

Saúde do Adolescente

Instituciones

Universidade Federal de Mato Grosso - Mato Grosso - Brasil

Autores

Tayani de Campos Rodrigues Marinho, Edir Nei Teixeira Mandú, Nayara de Araújo Brazil Barbosa, Ana Maria Nunes Silva