Datos del trabajo


Título

ENTREVISTA FENOMENOLOGICA: REFLEXAO SOBRE O PROCESSO COMUNICACIONAL

Introdução

A fenomenologia utiliza um modo de reflexão que necessita abarcar a possibilidade de olhar as coisas como elas se manifestam, relata o fenômeno sem explicá-lo, não se importando em buscar relações causais. Está focalizada em mostrar, e não demonstrar, para descrever com rigor, já que é por meio da descrição rigorosa do fenômeno que se consegue alcançar à sua essência. No âmbito da pesquisa qualitativa, a fenomenologia é uma modalidade que permite a compreensão do fenômeno, estando este relacionado com a realidade social na perspectiva de quem o vivencia em sua vida cotidiana. Ela visa compreender o significado e o sentido atribuído pelas pessoas a respeito de um fenômeno a ponto de o desvelar para o pesquisador naquilo que ele significa para o ser. Heidegger, um dos mais importantes filósofos do século XX, caracteriza a fenomenologia como sendo um método que “não caracteriza a quididade real dos objetos de investigação filosófica, o quê dos objetos, mas o seu modo, o como dos objetos”, em busca por aquilo que ainda não foi revelado, ou seja, o fenômeno, e que só é possível acessar através do ser que o vivenciou. Desenvolver uma pesquisa com enfoque fenomenológico não se constitui em uma tarefa simples, sendo possível estabelecer barreiras que podem surgir ao longo do caminho, como a falta de consenso acerca dos procedimentos a serem seguidos nas investigações fenomenológicas. Quando escolhida como método de investigação de um fenômeno, na maioria das vezes, o pesquisador utiliza a entrevista fenomenológica como forma de obter as informações sobre sentidos que não estão diretamente dados, ou seja, estão ocultos às análises que habitualmente fazemos sobre o mundo e os modos como as coisas se passam para as pessoas. Desta forma, compreender o pensar do participante é enveredar-se em seu mundo, sua presença e em sua vida, com o intuito de desvelar a essência do fenômeno investigado.

Objetivos

Promover reflexões sobre o processo de obtenção de informações ao utilizar a fenomenologia à luz de Martin Heidegger, enfocando o processo comunicacional que se estabelece entre pesquisador-participante.

Desenvolvimento

Trata-se de um estudo de reflexão teórica, desenvolvido com pesquisa na literatura, análise e apresentação dos resultados. Heidegger diferencia a comunicação enquanto fenômeno ôntico da comunicação enquanto fenômeno ontológico. Onticamente, comunicação é, simplesmente falar com o outro. Ontologicamente, comunicação equivale ao sentido percebido como a experiência de se compreender alguma coisa de tal maneira. E assim, portanto, à intersubjetividade(4). Partindo do pressuposto de que somente quem vivencia o fenômeno é capaz de significá-lo, busca-se, utilizando a entrevista fenomenológica, alcançar os significados e desvelar por meio dos relatos e depoimentos, a emergência do fenômeno que está presente na experiência vivencial de cada entrevistado(5). Para se desenvolver a coleta de dados na pesquisa fenomenológica, deve-se haver por parte do pesquisador uma preparação que ocorre antes, durante e após a entrevista, sendo crucial para que ao final a pesquisa tenha rigor metodológico e possa ser compreendida por todos os leitores. Desta forma, tendo claro o objetivo do estudo e partindo para a etapa de campo o pesquisador iniciará um movimento de aproximação e de ambientação(5). Em um primeiro momento o pesquisador necessita conhecer a estrutura do local de investigação, como ocorre seu funcionamento, além de ser apresentado às pessoas que ali atuam, com a oportunidade de apresentar sua proposta de estudo, tendo em vista o estabelecimento de uma relação empática com os profissionais que ali transitam e que passarão a reconhecê-lo enquanto pesquisador. Anterior à coleta de dados propriamente dita, o pesquisador poderá realizar um teste de seu instrumento de coleta das informações, que poderá ser um roteiro de questões norteadoras ou disparadoras ou até mesmo uma única questão disparadora que favoreça o início da comunicação pesquisador-participante da pesquisa(6-7), avaliando se as perguntas estão claras, se alcançam o objetivo, se não causam nenhum tipo de constrangimento ao participante e se buscam a compreensão do “como” o fenômeno foi vivenciado, sem a intenção de explicá-lo. A partir daí iniciará a coleta dos depoimentos, poderá utilizar um gravador para registrar os depoimentos, após o consentimento do participante, e posteriormente transcrevê-los na integra, sendo necessário também um diário de campo para registrar o não dito, ou seja, as expressões não verbais(7). Deverá propiciar um ambiente confortável e agradável, em que se possa manter o sigilo, sem interrupções, mantendo sempre um contato de olho-no-olho, o pesquisador também deverá realizar um movimento de redução e suspensão de seus pressupostos e concepções prévias acerca do fenômeno investigado para que ele se aproxime do depoente demonstrando interesse e empatia. O pesquisador é responsável por perceber qual o momento de se realizar uma nova pergunta e qual o instante oportuno para se aprofundar na questão do ser, podendo ser necessário que se refaça a primeira pergunta ou que uma nova seja elaborada(8). Visando facilitar este momento de inserção de uma nova pergunta, principalmente para pesquisadores mais inexperientes, este deve ter consigo um recorte com seus objetivos e as questões norteadoras próximos ao seu campo de visão, para que possa acessá-lo sempre que necessário, buscando não perder a objetividade da entrevista.

Considerações Finais

Para a área da enfermagem a entrevista de abordagem fenomenológica visa contribuir para a compreensão, do homem em suas relações com o mundo, as experiências vividas no cotidiano e, favorecendo ao enfermeiro o estar-com-o-outro em uma perspectiva fenomenológica. Guiar-se na prática assistencial pelos passos da entrevista de abordagem fenomenológica, requer que o enfermeiro se abra para o mundo do outro que o procura nos espaços assitenciais dos serviços de saúde ou até na comunidade. Observa-se que, mesmo as vezes, o enfermeiro utiliza em seu dia a dia a entrevista para obter as informações necessárias a sua avaliação. Este é um momento onde o enfermeiro pode valer-se de alguns pressupostos da entrevista fenomenológica, como é o caso da interação subjetiva entre profissional-pessoa, onde se procura estabelecer um processo de comunicação a partir da empatia, ou seja, um real interesse entre enfermeiro/paciente que os aproxima no compartilhar de suas experiências.

Palavras Chave

Métodos; Pesquisa em Enfermagem; Filosofia em Enfermagem; Entrevista; Pesquisa Qualitativa.

Area

Outros

Instituciones

Universidade Federal de Juiz de Fora - Minas Gerais - Brasil

Autores

Camila da Silva Marques Badaró, Zuleyce Maria Lessa Pacheco, Cristina Arreguy-Sena, Elisabete Pimenta Araújo Paz, Lucas Roque Matos, Renata Cristina Justo de Araujo