Datos del trabajo


Título

UTILIZAÇAO DO DIAGRAMA DE ESCOLTA SOCIAL COMO DISPARADOR PARA IDENTIFICAÇAO DA REDE DE SUPORTE DE MULHERES EM SITUAÇAO DE VIOLENCIA

Introdução

O apoio social tem sido foco de estudo desde 1970, uma vez que a rede de suporte social tende a influenciar na maneira e nas formas de atuação do indivíduo frente aos desafios1,2. As redes de suporte social são analisadas conforme as características estruturais e funcionais, desse modo, ao se investigar a rede de um sujeito, pretende-se entender como ambos se influenciam e se constroem mutuamente3,4. Uma das formas de se investigar a composição, as ações e a funcionalidade dessa rede é por meio de instrumentos de avaliação de rede de suporte social, sendo um deles, o Diagrama de Escolta Social (DES)5, o qual propõe o entendimento do sujeito de forma mais contextualizada, sistêmica e de modo que os fenômenos possam ser investigados a fim de compreender como os eventos contribuíram na formação desse sujeito ao longo de seu ciclo vital. O DES foi aplicado em uma população de meninos e meninas moradores de rua que utilizavam drogas6 da mesma forma que teve seu uso descrito em abordagens com idosos, e, em ambos os casos, mostrou-se ser um instrumento lúdico e de fácil aplicabilidade para identificação das redes de suporte social7. Em relação às fases do ciclo vital da mulher, sabe-se que a maternidade é um período marcado pela transição da rede de suporte social e que repercute nas relações maritais, parentais e sociais devido à chegada de um novo ser8. Acrescentando-se o fato da violência doméstica contra mulher estar presente inclusive nessa fase e sabendo que as manifestações contínuas de violência podem levar o indivíduo a restringir-se dos contatos com a rede social3 e que prezou-se no presente estudo propor uma adaptação e aplicação do DES para mulheres no ciclo gravídico-puerperal- e que se apresenta em situação de violência.

Objetivos

Demonstrar a utilização do DES como um disparador para identificação da rede de suporte social de mulheres que estiveram em situação de violência por parceiro íntimo (VPI) em algum momento do ciclo gravídico-puerperal.

Método

O presente estudo utilizou o DES -instrumento quantitativo- em uma perspectiva qualitativa a fim de observar o resultado dessas adaptações para os resultados almejados. Participaram do estudo 21 puérperas, que se encontravam em situação de VPI em uma das fases do ciclo gravídico-puerperal e que tinham, no mínimo, 180 dias de pós-parto. Para a construção do DES, foi utilizado um quadro feito de EVA, com três círculos concêntricos e de cores diferentes. No meio do círculo mais interno, foi colado um boneco, que representou a participante. Os demais bonecos foram dispostos no DES representando as pessoas que compõem a rede de suporte desta puérpera e tinham características diferentes para representação das diferenças sexuais, conforme o gênero. Assim sendo, os bonecos com cinto representaram o gênero masculino, os bonecos com vestido representaram o gênero feminino, e os bonecos com camiseta foram os transgêneros9. Antes de iniciar a montagem do DES, a pesquisadora pedia para a participante pensar nos sujeitos que estiveram junto dela no ciclo gravídico puerperal ou frente à situação de VPI e os listasse em um papel. Dessa forma, após a descrição dos nomes e do parentesco dos sujeitos era pedido para a puérpera responder aos questionamentos que compõem o DES, dispondo os referidos bonecos, identificados com as iniciais dos sujeitos descritos e com o parentesco, nos diferentes círculos, conforme o grau de proximidade e de interação. Foram representadas no círculo interno as pessoas que, para a puérpera, corresponderam a esta sentença: “Naquelas pessoas de quem você se sente tão próximo que seria difícil imaginar a vida sem elas”. No círculo intermediário, foram representadas, as pessoas que, para a puérpera, corresponderam a esta sentença: “Aquelas pessoas de quem você não se sente tão próximo, mas que ainda assim são muito importantes para você”. E, no último círculo, ou seja, no mais externo, foram representadas, as pessoas que, para a puérpera, corresponderam a esta sentença: “Naquelas pessoas que você ainda não mencionou, mas de quem você se sente próximo e que crê que são importantes o suficiente de modo que deveriam ser colocadas na sua rede”. Cabe destacar que o DES é composto por três etapas, sendo a primeira responsável pelas características estruturais da rede; a segunda referente aos aspectos funcionais da rede a partir da estruturação; e a última etapa configura a funcionalidade da rede por meio do apoio ofertado5,7,10. Neste estudo, foi-se utilizado apenas a etapa um do DES, a qual o moldou como um instrumento disparador para acessar os questionamentos que foram delineados para a entrevista em profundidade.

Resultados

A utilização do DES como um instrumento disparador precedido da entrevista possibilitou conhecer em profundidade os motivos dessa estruturação, da funcionalidade e das formas de apoio da rede de suporte social. Frente à estruturação da rede social dessas participantes a partir do DES foi possível ver que a menor rede contou com três indivíduos, enquanto, a maior foi constituída por dez. Nesta vertente, foi possível ainda visualizar a predominância da rede interpessoal em detrimento da rede institucional, a qual foi lembrada pela minoria das mulheres e apareceu em menor escala. Chama a atenção a ausência da figura paterna no Diagrama. Frente à funcionalidade e as formas de ações e de cuidados permeadas, percebeu-se que a rede interpessoal era mais acessada pela participante do que a institucional, e isso ocorreu devido à falta de vinculação e à fragmentação do cuidado, que exigia da participante uma peregrinação entre os serviços institucionais, causada pela ausência de uma rede fortalecida.

Considerações Finais

O DES foi utilizado, neste estudo, como um instrumento disparador e gerou resultados positivos, pois favoreceu o mapeamento da rede, contribuindo para o conhecimento em profundidade das suas possíveis fragilidades e dos seus potenciais, além de possibilitar aprofundar em outros assuntos de interesse do pesquisador. Além disso, ratificou-se seu fácil entendimento e aplicabilidade. Dessa forma, considera-se importante salientar essa possibilidade de uso do DES nos serviços de saúde, ou até mesmo, nos serviços de atenção à mulher em situação de violência, para mapear a rede de suporte social interpessoal e até institucional.

Palavras Chave

VIOLÊNCIA POR PARCEIRO ÍNTIMO; REDE DE SUPORTE SOCIAL; DIAGRAMA DE ESCOLTA SOCIAL; PESQUISA QUALITATIVA

REFERÊNCIAS
1-Resende MC, et al. Rede de relações sociais e satisfação com a vida de adultos e idosos. Psicologia para América Latina. 2006; 5(s/n).

2-Quiles Marcos Y, Terol Cantero MC. Assessment of social support dimensions in patients with eating disorders. Span J Psychol. 2009; 12(1): 226-35.

3-Sluzki CE. A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

4-Ude W. Enfrentamento da violência sexual infanto-juvenil e construção de redes sociais: produção de indicadores e possibilidades de intervenção. In: Cunha EP, Silva EM, Giovanetti MAC. Enfrentamento à violência sexual infanto-juvenil: expansão do PAIR em Minas Gerais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p.30-60.

5-Antonucci TC, Akiyama H. Social networks in adult life and a preliminary examination of the convoy model. J Gerontol. 1987; 42(5):519-27.

6- Brito RC. (1999). Uso de drogas entre meninos e meninas em situação de rua: subsídios para uma intervenção comunitária. Dissertação de Mestrado Não-Publicada, Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

7-Paula-Couto MCP, et al. Adaptação e utilização de uma medida de avaliação da rede de apoio social-diagrama da escolta-para idosos brasileiros. Universitas psychologica. 2008; 7(2):493-505.

8-Dessen MA, Braz MP. Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psic: teo e pesq. 2000; 16(3):221-31.

9-Brito TRP, Costa RS, Pavarini SCI. Idosos com alteração cognitiva em contexto de pobreza: estudando a rede de suporte social. Rev Esc Enferm USP. 2012; 46(4): 906-13.

10-Bittar DB. Violência simbólica entre adolescentes nas relações afetivas do namoro e a rede de apoio social [tese]. Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, 2015.

Area

Violências e Saúde

Autores

NAYARA GIRARDI BARALDI, JULIANA STEFANELLO, ANGELINA LETTIERE, DANIELA TAYSA RODRIGUES PIMENTEL, NATÁLIA REJANE SALIM, MÁRCIA REGINA CANGIANI FABBRO, ANA MÁRCIA SPANO NAKANO