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Título

PROCESSO DE TRABALHO E PROFISSIONALIZAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: A CONSTRUÇÃO DE UM PROCESSO EDUCATIVO

Introdução

O processo de trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS) assim como sua profissionalização tem sido um duplo desafio tanto para a Atenção Primária em Saúde (APS) nos grandes centros urbanos, como pra eles próprios. Assim, há perspectiva de inclusão gradativa da categoria em processos educativos com a finalidade de qualificar o seu processo de trabalho, ou seja, construir estrategicamente a sua educação permanente. A educação permanente em saúde é compreendida como premissa que visa modificar o processo de trabalho, de modo a alcançar o desenvolvimento dos sistemas de saúde num dado território. Reconhecer a complexidade que envolve o setor saúde viabilizará uma aprendizagem significativa, pretendendo-se a adesão dos trabalhadores aos processos de mudança em sua vida cotidiana. A aprendizagem deve ser apreciada pelos participantes e assim tornar-se mais duradoura e sólida quando envolve a auto-iniciativa, alcançando as dimensões afetivas e intelectuais. A educação deve ser capaz de desencadear uma visão do todo além de possibilitar a construção de redes de mudanças sociais e da consciência individual e coletiva.

Objetivos

Qualificar o processo de trabalho do agente comunitário de saúde; incorporar novas práticas determinadas pelas mudanças da conjuntura sanitária de modo a corresponder às demandas e necessidades da população em cada território; contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos diferentes grupos sociais.

Desenvolvimento

A capacitação foi proposta pela Secretaria Municipal do Município de Belo Horizonte, no período de abril de 2017 a maio de 2018 e se desenvolveu de forma presencial, descentralizada, considerando-se a estrutura do Distrito Sanitário e a organização da assistência à saúde nos seus territórios. Esta organização teve como propósito fortalecer os laços de identidade do ACS como trabalhador de um determinado território e facilitar o planejamento e operacionalização da capacitação. Utilizou-se da modalidade de concentração e dispersão, sendo a concentração com 56 horas, distribuída em 18 encontros de 04 horas. Já a dispersão foi realizada quando o ACS retornava ao trabalho, desenvolvia as atividades pedagógicas junto às unidades e suas equipes no seu processo de trabalho. A estrutura teórica do curso foi estruturada em módulos temáticos, correspondendo às demandas apontadas Secretaria de Saúde do município de Belo Horizonte, mantendo coerência interna com a especificidade do saber/fazer do Agente Comunitário de Saúde.
O encadeamento lógico dos temas manteve constante articulação com a prática instituída do ACS e na tentativa de sistematizá-la no cotidiano, incorporando novos conteúdos a partir da superação de problemas ou obstáculos identificados ao longo do tempo de trabalho desenvolvido por esses profissionais. Para tanto, utilizaram-se das metodologias ativas que rompem com a lógica de considerar os “aprendizes” como expectadores do processo ensino aprendizagem ou reprodutores de informações recebidas. O que se buscou foi a possibilidade de estabelecer uma relação dialógica entre os envolvidos nesse processo, contribuindo para o desenvolvimento da capacidade de pensar e agir de modo crítico, ético e comprometido com a realidade. Foi uma construção conjunta entre gestores, Educação Permanente no SUS (EP) e trabalhadores, com autonomia do manejo da proposta base e adaptação para o território na perspectiva de intervir na realidade insatisfatório e possibilitar transformá-la, considerando a agilidade que a dinâmica político social do cotidiano da saúde impõe aos serviços. A condução da capacitação foi desenvolvida pelos enfermeiros da rede de atenção primária. Estes eram da Equipe de Saúde da Família, supervisores dos ACS, que se voluntariaram e passaram por um processo de formação em metodologias ativas. Foram acompanhados por uma supervisão da EP durante o desenvolvimento da capacitação e contou com o apoio de Referências Técnicas Distritais para cada tema abordado. Foram formados nove enfermeiros em metodologias ativas que conduziram nove turmas com média trinta de participantes por turma, totalizando duzentos e sessenta e tres ACS capacitados. Os temas abordados foram: Processo saúde/doença e Indicadores em Saúde, Processo de trabalho em saúde e do Agente Comunitário de Saúde, Abordagem sobre cadastro com vinculação e sem vinculação familiar, Promoção da Saúde, População mais vulnerável, Sensibilização em saúde sexual e reprodutiva, Noções Básicas de Saúde Bucal na Estratégia de Saúde da Família, Abordagem breve sobre o tabagismo, Ações de Controle da Hanseníase e Tuberculose na Comunidade, Vigilância a Saúde da Mulher e da Criança menor de um ano de vida, Saúde Mental, Noções Suporte Básico de Vida, Atendimento ao Público, ética, trabalho em equipe, gestão de conflito, momento avaliativo e de planejamento.

Considerações Finais

Considerações Finais: A capacitação do facilitador para EP deve incluir a capacitação pedagógica e supervisão compondo a EP do mesmo. Visa que a estratégia não seja a de discutir conteúdos e dar aulas conteudistas. Mas, encontros ampliados, cuja importância do conteúdo se faz presente em contextos inusitados como o das relações, dos afetos e da autonomia que qualificam o processo de trabalho, o cuidado e a vigilância em saúde. E a ainda apoiar o desenvolvimento da capacitação e o desenvolvimento do facilitador na prática. A capacitação do ACS deve incluir a discussão de conteúdos inerentes às suas atribuições, mas sobretudo, incluir aqueles de perspectiva transversal ao trabalho em saúde, quais sejam, das relações de trabalho, mediação conflitos, trabalho em equipe, ética e moral e da acolhida no atendimento à população. E assim, espera-se que cada um dos sujeitos tenha se motivado na sua qualificação e transformação da prática cotidiana pessoal e profissional. Recomendam-se para as capacitações em saúde as metodologias ativas, diversificar as estratégias, uma vez que seu alcance é colocar os participantes, facilitadores e gestores juntos em constante articulação para apropriação das necessidades do território e desenvolvimento de competências a partir do conhecimento, habilidades e a possibilidade de mudança de atitude.
Referências pesquisadas:
Lima, VV. Constructivist spiral: an active learning methodology. Interface (Botucatu). 2017; 21(61):421-34.
Mitre, SM et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, 13(Sup 2):2133-2144, 2008.
Xavier et al. Analisando as metodologias ativas na formação dos Profissionais de saúde: uma revisão integrativa. SANARE, Sobral, V.13, n.1, p. 76-83, jan./jun, 2014

Palavras Chave

Educação, Enfermagem, Atenção Primária, Agente Comunitário em Saúde

Area

Processo de trabalho e profissionalização

Autores

MARIA TERESINHA DE FERNANDES FERNANDES, Fernanda Azevedo Chaves