Datos del trabajo

Título

PERCEBENDO A VIDA GIRAR EM TORNO DA AMAMENTAÇÃO

Introdução

A vivência da maternidade pode não atender as expectativas de algumas mulheres, especialmente no que concerne ao processo de amamentação. Muitas puérperas enfrentam dificuldades, incertezas e frustrações. Mesmo que tenham êxito nesse processo, podem experimentar abalos em suas emoções e em sua saúde física, pela rotina de cuidados ao filho e demais atividades domésticas. Após o nascimento da criança, a expectativa de sucesso na amamentação, a necessidade de superação dos riscos potenciais ou reais de frustração nessa prática e ainda, a realidade de cuidados e dedicação intensa à criança, se torna motivo de preocupação, gerando sentimentos de insegurança, tristeza, desvalia, ansiedade e depressão.

Objetivos

Compreender o significado atribuído à amamentação por mulheres com sintomas de depressão pós-parto.

Método

Adotaram-se o Interacionismo Simbólico e a Teoria Fundamentada nos Dados, segundo Glaser e Strauss, como referenciais teórico e metodológico, respectivamente. A pesquisa foi realizada no Centro de Incentivo e Apoio ao Aleitamento Materno e Banco de Leite Humano da Universidade Federal de São Paulo (CIAAM/BLH/UNIFESP), situado no município de São Paulo. O local da pesquisa é uma unidade didática, científico, assistencial com o objetivo e finalidade de incentivar, promover e divulgar as atividades de assistência, ensino e pesquisa na área de aleitamento materno. O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (CAEE: 14507113.9.0000.5392) e autorizado pela Coordenação do CIAAM/BLH/UNIFESP. Foram entrevistadas 16 mulheres, atendidas no ambulatório de aleitamento materno e com resultado ≥10 pontos na Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo, instrumento utilizado para rastreio de sintomatologia depressiva. As entrevistas foram realizadas antes do atendimento no serviço, logo após a aplicação da escala e verificação do score.

Resultados

As mulheres tinham idade média de 32 anos, 81,25% relatou convivência estável com parceiro, 62,05% era primigesta e, 50% estava mantendo aleitamento materno exclusivo e outras 50%, o aleitamento misto ou parcial na época da coleta de dados; 93,75% referiu ter enfrentado dificuldades na amamentação durante o primeiro mês pós-parto, entre elas, 66,66% relataram ter apresentado traumas mamilares, dor e ou baixa produção láctea. No que se refere aos aspectos depressivos, 60% das mulheres referiram antecedente de depressão ao longo da vida.
A partir dos dados de entrevista, foi identificado o fenômeno central - Percebendo que a vida gira em torno da amamentação e cinco categorias - Desejando amamentar, Tendo dificuldade para amamentar, Conseguindo amamentar, Não conseguindo amamentar e Vivendo sob o domínio da amamentação.

Considerações Finais

O fenômeno central e a inter- relação de suas categorias revelam que a mulher é impelida no processo de aleitamento materno por valorizar a amamentação, mas principalmente o leite materno e seus benefícios para a saúde da criança, a mulher expressa, desde a gestação, o desejo de conseguir amamentar seu filho. Vivenciar a amamentação, é uma realidade que nem sempre se apresenta conforme as expectativas de algumas mulheres as quais, muitas vezes se reconhecem no limite de sua resistência física e emocional, oscilando entre a frustração do insucesso ou da realização de conseguir amamentar. Este pode ser um processo provocador de instabilidade emocional, pelo grau de conquista do êxito da amamentação ou pela decepção do insucesso, além de uma demanda intensa da criança que deve ser atendida exclusivamente pela mãe, na sua atividade de amamentação. Percebe-se em um redemoinho, cujo eixo de cuidados e da construção da sua maternagem, passa pela sua trajetória de amamentar e atingir plenamente o atendimento de demandas da criança, onde a amamentação assume aspecto preponderante para seu êxito como mãe.

Palavras Chave

Amamentação
Depressão pós-parto
Grounded theory

Area

Saúde da Mulher