Datos del trabajo


Título

AS VICISSITUDES DA CONDIÇAO MASCULINA NA HIPERMODERNIDADE

Introdução

O presente trabalho apresenta a pesquisa de doutorado em desenvolvimento (2015-2019) no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC MINAS (Brasil) cujo tema de investigação são as vicissitudes da condição masculina na hipermodernidade. Parte-se do questionamento de um discurso, que se pretende contemporâneo, e anuncia uma “decadência do masculino” cuja origem é a vacilação de inúmeras identificações nas quais o masculino anteriormente se estruturava, como a noção de virilidade, a sexualidade e a relação entre os sexos. Essa “crise ” dos semblantes do masculino na atualidade tem permitido a emergência de uma série de questões concernentemente à identidade, ao desejo e ao gozo masculinos no mundo contemporâneo.

Objetivos

O objetivo principal é investigar, a partir da psicanálise, as vicissitudes da condição masculina na hipermodernidade e sua relação com os paradoxos da virilidade em nossos dias, tomando os impasses da posição masculina na pornografia, nas relações virtuais e na violência como campos privilegiados de investigação. Os objetivos específicos foram assim estabelecidos: 1) descrever a noção de diferença sexual e a sexualidade masculina nos textos de Sigmund Freud e os conceitos de sexuação e a posição masculina em Jaques Lacan e comentadores; 2) circunscrever a virilidade historicamente a partir de recortes históricos paradigmáticos e suas mutações na hipermodernidade em relação às noções de "feminização do mundo" e queda do viril; 3) analisar a posição masculina e o viril na hipermodernidade em sua relação com a pornografia, a violência e à virtualidade.

Método

Dentre as várias possibilidades metodológicas elegeu-se como metodologia a pesquisa bibliográfica, aliada à análise documental,
Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.

Resultados

A fundamentação teórica parte, no primeiro capítulo, da conceituação da noção de hipermodernidade. Essa noção, tal como a definiu o filósofo francês Gilles Lipovetsky em Os tempos hipermodernos, caracteriza-se pela exacerbação do mercado, pela eficiência técnica e pelo individualismo. Jaques Alain Miller, psicanalista francês, irá tomar esse conceito no sentido de um excesso em relação às noções de medida, mas também de renovação acelerada e inovação frenética, características do discurso capitalista. No texto "O outro que não existe e seus comitês de ética" Jaques Alain Miller (MILLER, 2006) irá desenvolver as consequências desse discurso em relação ao que se pode chamar de declínio do Nome-do-Pai e seus ideais orientadores da civilização. Diferentemente dos sujeitos observados por Freud que padeciam dos efeitos de uma interdição, de um limite ao gozo, na hipermodernidade a ciência propaga a ideia de que tudo é possível e de que não é necessário se deparar com a falta. O Pai, que nas fórmulas da sexuação de Jaques Lacan, representa o "Outro Todo" declinou, revelando sua inexistência, seu semblante, sua ficção. No segundo capítulo, busca-se circunscrever nos textos freudianos a noção de diferença sexual e os principais aspectos da estruturação da sexualidade do menino. Nos textos de Jaques Lacan busca-se analisar a noção de sexuação, destacando o lado masculino da tábua da sexuação em relação à função fálica, ao gozo e o objeto causa do desejo, tal como elaborado pelo autor no seminário livro 20, Mais, Ainda (LACAN, 1985/1972-73). No terceiro capítulo, tentar se demonstrar a importância da dimensão cultural e histórica do conceito de virilidade e apontar elementos que contribuam para uma caracterização do estatuto da virilidade atual. Por fim, no quarto capítulo, interessa-nos interrogar os efeitos dos processos de “declínio do viril” e “feminização do mundo” para a condição masculina hipermoderna e suas manifestações em fenômenos como o abuso da pornografia, a violência de gênero e suas apresentações na virtualidade

Considerações Finais

Diante dessa anulação do Outro social – ou dos referenciais simbólicos que organizam as relações –, é evidente que a instalação desse mercado atual das formas de gozo e do amor não acontece sem criar fontes para a redistribuição e o surgimento de novos sintomas e novas angustias. Esta inflexão da multiplicidade das soluções amorosas, acarretam como consequência a adoção do imperativo de ter que se identificar com sua própria diferença, de tentar se virar, custe o que custar, com um significante-mestre individualizado. Se os amores nômades interrogam a pulverização dos significantes-mestres, antes disponíveis e propostos pelo campo do Outro, isto não evita o fato de que ao fazer-se mestre de seu gozo; por outro lado, o sujeito “se faz objeto” para o outro, se faz de escravo para o seu parceiro. Este “fazer-se objeto” para outro, no caso do sujeito feminino, pode assumir proporções do que nomeamos como a devastação feminina (Santiago e Santiago, 2016) . A psicanálise leva em conta as significações inconscientes da agressão e da submissão e tem por princípio aceitar a diferença sexual e escutar o feminino que existe em cada sujeito, homem ou mulher. Em relação à pornografia como sintoma da civilização, é o formato apresentado hoje pelo discurso capitalista, forcluindo o singular da fantasia de cada sujeito, para promover uma indústria que vende sexo para todos: os sujeitos não têm mais de recorrer às suas fantasias porque estas aparecem na Internet A virtualidade, as redes sociais e os aplicativos são produtos, objetos para ser consumidos, criados pelo discurso capitalista, que procuram dar uma “moldura” aos sintomas dos sujeitos, e uma continuidade no seu gozo (Ansalone, 2014) Enfrentar os paradoxos do masculino na hipermodernidade é confrontar-se com o problema de que não se capta o real apenas com os semblantes, pois, existe, nele esse gozo impossível. Lacan formula que a reticência do sujeito masculino à alteridade do feminino se explica pelo seu refúgio no âmbito do Um fálico. A epidemia do desencontro que contamina a própria existência das parcerias sexuais, na atualidade, se suporta no fator estrutural do mal-entendido dos gozos para os dois seres sexuados (Santiago, 2006).

Palavras Chave

Masculino. Sexuação. Virilidade. Hipermodernidade

Area

Saúde do Homem

Instituciones

PUC MINAS - Minas Gerais - Brasil

Autores

CARLOS EDUARDO PEREIRA, ILKA FRANCO FERRARI