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Título

O CONCEITO DO SUJEITO DA PSICANALISE E AS SUAS IMPLICAÇOES PARA O CUIDADO AO SOBREVIVENTE DE CANCER

Introdução

Apesar de todos os atuais avanços da moderna Medicina – modernos meios diagnósticos e avanços com novos tratamentos e medicamentos - o câncer continua sendo um dos maiores desafios para os sistemas de saúde. As neoplasias malignas são responsáveis por mais de um quarto de todos os óbitos. De acordo com o IARC, em 2012, ocorreram no mundo 14,1 milhões de casos incidentes de câncer, 8.2 milhões de mortes por câncer e 32,6 milhões de pessoas vivendo com a doença após 5 anos de diagnóstico.
No Brasil, o número de casos novos de câncer para o binômio 2018/2019 é de 840 mil. Esses casos ocorrerão num contexto social e institucional que, sofre com limitações de recursos humanos e orçamentários que, por vezes, inviabilizam intervenções diagnosticas e terapêuticas precoces e eficazes. No entanto, a questão do câncer enquanto uma enfermidade social complexa não se limita apenas ao seu tratamento, envolvendo todo um suporte e acompanhamento daqueles que sobrevivem à experiência oncológica.
Este grupo vem, numericamente, ao longo do tempo, se tornando cada vez mais expressivo. Projeções de 2012 estimavam 22,4 milhões de sobreviventes no mundo. Em 2024 esse número, só nos Estados Unidos, chegará a mais de 19 milhões de sobreviventes. Embora tais projeções sejam promissoras, elas implicam que mais pessoas conviverão com os efeitos crônicos e tardios do câncer e seus tratamentos.
Sobreviver a um câncer pode ser considerado como uma das experiências limítrofes pela qual uma pessoa e sua família podem passar. Para além das sequelas físicas decorrentes do tratamento que se estendem e impactam na qualidade da sobrevivência- por exemplo, esterilidade, debilidade pulmonar e cardíaca, osteoporose, problemas dentários e de crescimento e suscetibilidade para desenvolver novos tumores - a literatura tem apontado, da importância da atenção aos aspectos psicossociais e psicoemocionais relacionados não só ao diagnóstico de câncer, mas, também, à sequência de intervenções terapêuticas, à reabilitação, ao retorno ao trabalho, à paliação, ao medo da recidiva e da morte e, até mesmo, a auto aceitação de se considerar enquanto um sobrevivente.

Objetivos

A partir da experiência Grupo de Trabalho e Pesquisa Corpo e Finitude estabelecido em cooperação entre o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, os autores propõem, considerando o referencial epistemológico da psicanálise, uma aproximação, em parceria com o Núcleo de Pesquisa Qualitativa do INCA, da problemática social da sobrevivência de pacientes com câncer, destacando o caráter paradoxal das vivências dos sujeitos implicados, fornecendo, desta maneira, subsídios para a busca de uma atuação transdisciplinar e interdisciplinar em serviços de Oncologia.

Desenvolvimento

Nesse contexto, a psicanálise, ao tomar como objeto o desejo inconsciente enquanto tópos do humano, tem uma importante missão nesse contexto. Evocar, na clínica, no enlace terapêutico, através do resgate qualitativo das narrativas dos sobreviventes, as formas em que as subjetividades são colocadas em jogo, moldadas e retomadas, isoladas e compartilhadas durante a fase dos tratamentos e do pós-tratamento. Se a vida pessoal e familiar dos pacientes é afetada e instada a se reorganizar quando a doença é anunciada, a relação entre os que cuidam e os que são cuidados é sempre desafiada, não só, pelas inovações biomédicas, mas também, em termos estruturais, da necessidade de atentar à possibilidade do retorno daquele que íntimo é, ao mesmo tempo estranho- o câncer. Considerando os textos de Freud, que justificam do conceito de inconsciente e formulam o conceito de pulsão, o referencial e o método que conferem a especificidade epistêmica ao processo psicanalítico envolve: a noção de transferência no estabelecimento da experiência analítica: o dispositivo da ficção, na elaboração dos conceitos e; a ideia de Deutung enquanto explicação interpretativa. O efeito terapêutico da psicanálise nesse contexto consiste na: indicação de informações aberrantes originadas de falta de reconhecimento devido à imaturidade do aparato psíquico em desenvolvimento; liberação de acumulações energéticas que não encontraram descarga fisiológica; redução de sentimentos de onipotência narcisista. A decomposição dos componentes psíquicos é completada com uma análise dos conteúdos representacionais-afetivos. A intervenção psicanalítica será igualmente importante para enfrentar os sintomas histéricos. Estes são os elementos que podem ser abordados, a fim de evitar mais sofrimento e agravamento do quadro sintomatológico. Nisso consiste a contribuição terapêutica da psicanálise para as manifestações psicopatológicas que, frequentemente, nas fases de diagnóstico, tratamento e pós-tratamento, caminham lado a lado, com manifestação do câncer enquanto uma enfermidade biossocial complexa. Será, portanto pela escuta das narrativas, dos corpos e das subjetividades, o caminho e o resgate para, no encontro com a finitude, buscar a adaptação psicológica e a qualidade vida. Eis o desafio e a proposta ética dos profissionais envolvidos no Grupo de Pesquisa.

Considerações Finais

Esses processos no campo da atenção oncológica configuram uma importante possibilidade de conhecimento que, baseado em estratégias médicas, escuta terapêutica e expressão de uma hermenêutica crítica, constituem novas formas compreensão e relacionamento entre profissionais de saúde, sobreviventes e seus familiares.

Palavras Chave

Sobrevivência, Oncologia, Psicanálise, Sujeito, Hermenêutica.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

ANTONIO TADEU CHERIFF DOS SANTOS, Juliana de Miranda Castro-Arantes , Anna Carolina Lo Bianco